No passado, saúde mental era um tabu e quase ninguém falava a respeito. Felizmente, essa realidade mudou e hoje em dia as pessoas estão se sentindo mais confortáveis em debater sobre o assunto e procurar ajuda. Até mesmo porque, hoje, as pessoas estão vendo como é importante ter e manter um equilíbrio emocional.
A saúde mental está diretamente ligada à maneira como você se sente e sua capacidade de lidar com os altos e baixos da vida. Estar em sintonia com você mesmo proporciona que você encontre o equilíbrio e desfrute de uma sensação de bem-estar, em que você se sente capaz e confiante para enfrentar os seus desafios.
Por ela ser tão importante, saber o que pode causar problemas relacionados a ela também é uma questão. Por isso, pesquisadores da University of Newscastle, na Austrália, encontraram marcadores biológicos em exames de sangue que os relacionam com problemas de saúde mental.
Estudo
Esses dados vieram de estudos genéticos, bioquímicos e psiquiátricos de mais de um milhão de pessoas. Segundo os pesquisadores, isso irá ajudar o entendimento a respeito das causas das doenças mentais, além de também ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos.
O estudo reitera o fato de que a saúde mental está ligada com a saúde do resto do corpo. Isso pode ser visto nas substâncias bioquímicas em doenças como o diabetes e condições autoimunes que têm um impacto no funcionamento do cérebro.
Por conta disso, os estudos querem entender essa relação e focam nos biomarcadores. Eles são elementos no corpo que dão sinais biológicos de que alguma coisa no corpo está acontecendo, seja doença ou alguma coisa saudável.
Esses biomarcadores podem ser vistos nos exames de sangue na forma de índices de colesterol, enzimas do fígado e vitaminas. Eles podem ser alterados por coisas como, por exemplo, dietas, estilo de vida ou tratamentos medicamentosos.
Saúde mental
Contudo, relacioná-los com saúde mental ainda é difícil porque não existem muitos estudos nessa área. Portanto, para seu estudo, os pesquisadores australianos examinaram as influências genéticas mensuráveis no sangue dos voluntários. Mesmo assim, o problema é que tanto as doenças mentais quanto os biomarcadores sanguíneos são características complexas, ou características quantitativas, que envolvem muitos genes e fatores ambientais.
Como os pesquisadores conseguiram muitos dados com milhões de pessoas no estudo, eles usaram esse grande volume de informações para analisar pequenas mudanças na sequência de DNA, chamadas variantes, dos voluntários e qual era a relação delas com os problemas de saúde mental.
Feito isso, eles compararam essas variantes com níveis de biomarcadores sanguíneos específicos. Como resultado, eles viram que uma variante em um gene pode aumentar o risco de uma pessoa desenvolver esquizofrenia. Ao mesmo tempo, ela também pode estar relacionada com a diminuição dos níveis de uma vitamina em particular no sangue.
Correlação
Mais especificamente, os pesquisadores analisaram nove problemas de saúde mental e 50 fatores detectáveis em exames de sangue. Com isso, eles encontraram uma correlação genética entre eles de maneira mais generalizada do que se pensava.
Em outras palavras, as mudanças no risco de desenvolver doenças do tipo e níveis de um biomarcador eram parecidas entre si o suficiente para não ser produto do acaso. Dentre elas, uma correlação vista foi entre o nível de glóbulos brancos e depressão.
Entretanto, não é porque existem menos glóbulos brancos no sangue que a pessoa poderá desenvolver depressão, já que um fator externo pode afetar esses dois indicadores. Por conta disso que para conseguir diferenciar esse tipo de relação é preciso testes clínicos randomizados, nos quais pacientes recebem tratamento ou placebo de forma aleatória.
Mas como os pesquisadores não tinham financiamento para um teste tão grande assim, eles usaram os dados de variantes de DNA ligados aos biomarcadores para fazer um “teste clínico natural”. Nisso, eles encontraram evidências de correlações, como por exemplo, proteínas do sistema imune ligadas à depressão, esquizofrenia e anorexia.
Mesmo assim, William Reay, autor principal da pesquisa, disse que mais estudos são necessários para entender melhor o que realmente liga os problemas de saúde mental com os exames de sangue, além de o ponto principal ser descobrir se isso pode ser usado como um fator de tratamento.
Fonte: Canaltech
Imagens: Laboratório Unidos, CCR, Paula Tostes