Quando se fala em extinção em massa, logo nos vem à cabeça uma situação caótica e apocalíptica. Contudo, ela pode acontecer de maneira gradual e quase imperceptível. É justamente isso que a atividade humana está fazendo e já fez com várias espécies de plantas e animais. Como, por exemplo, os humanos foram responsáveis pela extinção da megafauna, que são os mamíferos gigantes.
Isso foi concluído pelos cientistas da Universidade de Aarhus que revisaram e compilaram artigos a respeito desse tema e publicaram o que descobriram na revista científica Cambridge Prisms: Extinction.
Para se ter uma noção, nos últimos 50 mil anos várias espécies de mamíferos, répteis e aves desapareceram da Terra, principalmente os grandes. O que é considerado como “grande” são os animais com 45 quilos até os herbívoros de uma tonelada ou mais. E esses animais foram os mais afetados pela extinção.
Nesse período, pelo menos, 161 espécies de mamíferos da megafauna foram extintos, sendo 46 delas megaherbívoros. E das 57 espécies que eram vivas em todo esse tempo, somente 11 ainda continuam vivas, mas com risco de extinção.
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O estudo envolveu vários campos da ciência, tendo foco nos estudos diretos a respeito da extinção dos animais grandes. Para isso, os pesquisadores incluíram análises a respeito da época da extinção, preferências alimentares, requisitos de clima e habitat, estimativas genéticas do tamanho das populações e evidências de caça por humanos.
Além disso, para que eles soubessem o que levar em consideração e o que descartar, estudos dos campos mais diversos foram extremamente importantes. Com isso, eles descartaram o protagonismo das mudanças climáticas, até mesmo os efeitos provocados pelo resfriamento extremo dos períodos glacial e interglacial. Isso porque, por mais que os animais e plantas tenham sido afetados no mundo todo, só foram identificadas extinção dos animais grandes, especialmente o maior deles. E períodos interglaciais e eras do gelo anteriores não tiveram esse efeito.
Outro ponto foi que aconteceram extinções da megafauna recentes tanto em lugares com clima estável como nos de clima instável. O que mostrou que a mudança de temperatura não é o fator principal.
Já com relação às evidências arqueológicas, os pesquisadores encontraram evidências de armadilhas feitas por humanos para conseguirem capturar os animais grandes. Além de terem feito análises de isótopos que mostraram restos de proteína nas pontas de lança vindas dos grandes mamíferos, mostrando que os humanos tiveram sim relação com a extinção da megafauna.
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No caso dos humanos primitivos, eles eram caçadores bem habilidosos e por isso conseguiam diminuir a população dos animais. E como os maiores eram mais vulneráveis, e tinham um período de gestação maior, com poucos filhotes, a caça em excesso deles era uma coisa fácil para os ancestrais.
Essa extinção da megafauna aconteceu em tempos diferentes, tendo acontecido de forma rápida em determinados lugares e demorando até 10 mil anos para acontecer em outros. Contudo, em todos os lugares a extinção aconteceu depois que os humanos chegaram. Já na África, isso aconteceu depois dos avanços culturais e tecnológicos da nossa espécie. E a extinção da megafauna pode ser vista com espécies sumindo em todos os continentes da Terra, menos na Antártida.
Dentre os animais que faziam parte da megafauna estavam mamutes, mastodontes e preguiças-gigantes, e a perda deles gerou consequências ecológicas bastante significativas, como pontuam os pesquisadores. Até porque essas espécies influenciavam na estrutura da vegetação e balanceavam os locais de floresta densa e descampados, dispersavam sementes e ciclavam nutrientes.
Depois que esses grandes mamíferos foram extintos aconteceram mudanças na estrutura dos ecossistemas e de suas funções. O que mostra como é importante conservar e restaurar os ambientes e, se for possível, fazer a reintrodução da megafauna neles.
Fonte: Canaltech
Imagens: Canaltech