‘Finalmente poderemos descobrir se estamos sós no universo’, diz o astrofísico Joseph Silk

Avatar for Bruno DiasBruno DiasCuriosidadesdezembro 19, 2024

A existência de vida fora da Terra é um tema que gera muitas discussões. Alienígenas com características como pele verde e cabeças grandes são uma imagem popular, mas, além disso, há aqueles que acreditam que não estamos sozinhos no espaço e outros que consideram a vida extraterrestre impossível. Essa questão ainda é um tema muito controverso. No entanto, conforme Joseph Silk, astrofísico de 81 anos, poderemos saber se estamos sós no universo.

Ao longo da sua carreira, ele fez descobertas notáveis a respeito das origens do universo, a maneira como as galáxias se formam, o nascimento das estrelas e a natureza da matéria escura. Hoje em dia, ele leciona  física e astronomia na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, e é membro da Academia Nacional de Ciências do país.

Silk também é um autor celebrado, e no seu último livro “Back to the Moon: The Next Giant Leap for Humankind”, “De volta à Lua: o próximo salto gigante para a humanidade”, traduzido, ele explicou os motivos pelos quais é essencial que o homem volte a explorar a lua.

Na visão de Silk, o ponto de interesse nessa exploração é a possibilidade de serem montados telescópios na lua para conseguir ver os planetas orbitando estrelas nas galáxias distantes. “Dessa maneira, vamos finalmente poder responder uma das maiores questões da ciência: estamos sozinhos no universo?”, pontuou.

Recentemente, Silk deu uma entrevista para a Época Negócios, veja aqui a transcrição de algumas partes dela.

Estamos sós no universo?

Tecmunndo

Em seu livro mais recente, você fala sobre a importância de o homem voltar à Lua. Por que isso é tão importante?

Antes de mais nada, é emocionante, porque já faz 50 anos que os astronautas pisaram na Lua. Os Estados Unidos foram lá, colocaram sua bandeira e depois os esforços se voltaram para outros projetos, como explorar o sistema solar com sondas. Somente nos últimos anos, com a competição internacional, especialmente da China, ficou claro que temos que voltar à Lua para que os EUA restabeleçam sua presença por lá. Esse é um dos objetivos da missão Artemis. Mas se você me perguntar a principal razão para irmos, eu diria, em poucas palavras, que a Lua é a nova fronteira no universo.

De que maneira?
Acredito que será uma base para explorar o sistema solar mais a fundo, porque sua baixa gravidade significa que podemos lançar naves espaciais mais facilmente de lá do que da Terra. Há outras questões, claro, pelo aspecto comercial. Espera-se que seja um lugar ideal para minerar elementos raros, como o európio, essencial para semicondutores: as reservas na Terra estão acabando. A Lua é uma área totalmente nova para explorar, com dezenas ou centenas de vezes mais reservas do que a Terra, porque tem sido bombardeada por meteoros por bilhões de anos. Também será possível usar os recursos de água e gelo de suas crateras para extrair oxigênio e hidrogênio, que depois podem ser transformados em combustível para foguetes. Isso nos ajudará a explorar o sistema solar. E há ainda, claro, o turismo, que deve começar como uma atividade para os super ricos, mas, em duas ou três décadas, deve se transformar em turismo de massa.
Você acredita que existe vida lá fora?
Não tenho ideia de quais são as chances de que isso seja verdade, mas me parece estranho que nós na Terra sejamos o único exemplo. Acho que é provável que existam outros seres vivos no universo. Mas veja, nós simplesmente desconhecemos como a vida se originou. A maioria dos cientistas acredita que foi um processo bem aleatório, algo que pode ser muito raro no universo. Pode ser que você tenha que olhar muito, muito longe para encontrar algo. Caso contrário, as chances de encontrar vida no espaço ficam bem menores. E é por isso que, para ter certeza, vamos precisar de telescópios muito grandes, com alguns quilômetros de diâmetro, talvez até preenchendo uma cratera inteira. A Lua é um ótimo lugar para isso, porque lá você tem uma superfície muito estável, baixa gravidade, sem atmosfera, então tudo colabora. E eu acho que esse é o futuro. É assim que vamos eventualmente ver vestígios de vida no universo e descobrir se realmente estamos sozinhos ou não. No entanto, vai ser um caminho muito longo, e pode levar meio século até chegarmos lá. Mas não importa. Para mim, esse é o maior objetivo que se pode imaginar.
Você gostaria de viajar para a Lua?
Bem, você sabe, isso é para os mais jovens. Mas já que está perguntando, sim, eu adoraria ir, mas não acredito que minha ida à Lua seja uma prioridade. E também não posso pagar por um lugar numa nave espacial…
Imagens: Tecmundo
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