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A história da mulher que conseguiu dar a volta por cima e realizar um sonho

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Certa vez a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, disse: “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”. E foi confiando nisso que Adriana Queiroz, de 38 anos, conseguiu realizar um sonho que, para muitos, seria impossível: se tornar juíza de Direito. A jovem, que sempre teve uma vida simples e humilde, chegou a trabalhar de faxineira em um hospital e contou com a ajuda de muitas pessoas para conseguir dar a volta por cima.

Natural da Bahia, os pais da atual magistrada, um dia decidiram se mudar para o município de Tupã, no interior de São Paulo, em busca de uma vida melhor. Segundo ela, mesmo com a renda da família um pouco maior, o pai, motorista de ônibus, e a mãe, vendedora ambulante, não conseguiam manter uma faculdade, que, até então, era um sonho da classe média. “A vida deles sempre foi muita dura. Meus pais sofreram muito, eles queriam me dar o que eles não alcançaram, mas não tinham condições. Ninguém na minha família tinha condições de me ajudar”, lembra.

Mas a vida de Adriana, que sempre estudou em escola pública, parecia mudar quando ela conseguiu alcançar a terceira colocação no vestibular para o curso de Direito, o sonho ainda parecia incansável, pois a única faculdade de sua cidade era privada, e ela não tinha condições financeiras de pagar o curso, muito menos cogitar uma universidade pública em outra cidade. “Eu soube do resultado da prova numa sexta e na segunda já tinha que fazer a matrícula ou perdia a vaga. Tive três dias para decidir o que fazer, ver se teria que abandonar”, conta.

Foi ai que ela decidiu pedir ajuda a um professor que trabalhava em um hospital da cidade e conseguiu um emprego no local como faxineira, mas o salário mínimo que recebia não era suficiente para pagar a mensalidade da universidade e, de acordo com ela, ouvia chacota dos colegas. “Esse episódio é muito marcante para mim, justamente por esse preconceito de que alguém que exerce um cargo como eu exercia não possa sonhar alto”, relata.

Faltando poucas horas para o prazo final de se matricular, Adriana conseguiu falar com o diretor da instituição e compartilhou com ele seu sonho de estudar. Sensibilizado com a causa, ele decidiu dar uma bolsa de estudos para ela com desconto de 50%. “Ele se sensibilizou e me concedeu uma bolsa de 50% e diluiu o valor da matrícula nas mensalidades. Assim, durante o dia trabalhava na limpeza e à noite ia estudar”.

Mas os sonhos de Adriana não pararam por aí. Ela conta ainda que foi durante a faculdade que decidiu ser juíza, e isso provocou espanto em seus amigos e familiares. “Quando anunciei isso as pessoas ficaram espantadas. Não era comum no meu contexto almejar um cargo tão alto. É como se fosse algo inacreditável, faziam questão de frisar que eu era pobre e negra, como se não tivesse nenhuma chance”, lembra.

Mas Adriana não desistiu, e em 2002, quando terminou os estudos, pediu demissão do hospital onde trabalhava e já tinha sido promovida ao corpo administrativo, guardou suas coisas em duas sacolas plásticas e partiu rumo a capital para se preparar. “Eu não tinha nem mala”, comenta.

Caçula de seis irmãos, a única deles que tem ensino superior, ela lembra que alugou um quarto no bairro da Liberdade, em São Paulo, e se matriculou em um curso preparatório para o concurso da magistratura. Segundo Adriana, o dinheiro que tinha levado só dava para dois meses. “Foi um momento muito crítico, o dinheiro estava acabando e eu não tinha conseguido trabalho. Eu me vi de novo nesse dilema de ter ou não que abandonar”, conta. Mas não foi preciso, pois novamente a história dela sensibilizou outra pessoa. Dessa vez foi o diretor do curso, o procurador Damásio de Jesus, que viu nela uma “pessoa incomum”.

“Logo à primeira vista, olhando nos olhos daquela jovem advogada de 24 anos, tive certeza de que estava diante uma lutadora, uma pessoa incomum, de alguém que, sem dúvida, estava fadada a um grande futuro”, comentou o jurista. Ele ofereceu uma bolsa de 100% do curso durante dois anos e a empregou na biblioteca da instituição.

“Fiquei sete anos estudando, sábados, domingos e feriados. Quando as pessoas iam viajar, eu ficava na biblioteca. Depois de inúmeras reprovações, eu consegui. Em janeiro de 2011 passei o concurso e me tornei juíza em Goiânia”, lembra.

Atualmente, Adriana é titular da 1ª Vara Cível e da Vara de Infância e da Juventude de Quirinópolis, em Goiás. Ela tem cinco pós-graduações e estuda Letras nas horas vagas. Além disso, hoje a magistrada conta suas conquistas em um livro que acabou de lançar: Dez passos para alcançar seus sonhos – A história real da ex-faxineira que se tornou juíza de Direito.

Segundo a juíza de Direito, seu objetivo é motivar todas as pessoas que, assim como ela, “sonham, mas estão desacreditadas”. “É possível romper os paradigmas sociais. Eu, particularmente, não sofro racismo hoje. Mas sim vivencio a grande surpresa das pessoas quando me veem. Porque quando o advogado vai procurar o juiz, ele não espera encontrar alguém como eu. Eu não me importo. Eu fico feliz de ter quebrado esse paradigma”, conta.

Que história incrível. Você tem algum sonho que para muitos é impossível? Relate a sua experiência nos comentários. Não esqueça também de compartilhar com seus amigos.

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