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Isso foi o que aconteceu com a mulher que quebrou a tradição e se recusou a casar com seu estuprador

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Não é novidade para ninguém dizer que o estupro é um tipo de violência sexual realizado sem o consentimento da vítima. Caracteriza-se como agressão e não é pra menos. Infelizmente, ainda presenciamos muitos casos do tipo em noticiários, que acontecem no Brasil e pelo mundo. A mulher sempre é a maior vítima e por incrível que pareça, na Itália havia um código que poderia livrar o estuprador e consequentemente, destruir a vida da vítima.

Franca Viola é uma mulher de família com origens agrícolas. Cresceu em Alcamo, na região italiana da Sicília. Em sua juventude, namorou com um rapaz chamado Filippo Melodia, que por sinal, era envolvido com a máfia italiana mesmo possuindo apenas 20 anos de idade. No ano seguinte ele precisou viajar até a Alemanha, onde ficou durante um tempo. Assim que retornou, as coisas começaram a tomar novos rumos.

O estupro

Quando se encontrou novamente com Viola, acabou sendo rejeitado. A mulher já não queria mais nenhum tipo de envolvimento com ele. No entanto, ao invés de apenas aceitar, ele passou a tomar medidas agressivas, alegando que a lei o apoiaria. Ceto dia, Melodia ficou na espreita, esperando que o pai da moça saísse de casa. Quando percebeu que ela estava sozinha, invadiu a casa com 15 amigos e a sequestrou. Durante aproximadamente uma semana, a mulher foi mantida em cativeiro, tempo em que foi violentada diversas vezes.

Por mais absurdo e terrível que seja, houve o tempo em que crimes como este eram perdoados na Itália. Tudo que o agressor precisava fazer era se casar com a vítima. Desta forma, ele teria o perdão concedido e a mulher, supostamente, teria sua “integridade devolvida”. Você pensa que era apenas parte de alguma tradição perturbadora? Não… Era algo bem claro no código penal italiano. No entanto, Viola resolveu que não aceitaria isso de forma tão fácil e tomaria uma atitude. A mulher não poderia ser humilhada de tal forma.

A reação

Muitas mulheres passavam pela mesma situação que ela, no entanto, ninguém havia criado coragem suficiente para dizer basta. No ano de 1966, ela se tornou a primeira mulher italiana a ir contra essa lei e tradição que a obrigava a se casar com o homem que havia lhe estuprado. Viola levou o homem ao tribunal, o acusando de “violência doméstica e intimidação”. O julgamento acabou se tornando de conhecimento popular, o que deixou toda a região em completo alvoroço. Todos debatiam sobre o tema e a coragem da mulher de se levantar contra uma lei tão absurda.

Embora a repercussão pareça ser algo bom, não foi exatamente assim. O objetivo de Viola em levantar a bandeira contra essa tradição passou a ser ofuscado. Os jornais publicavam notícias em que davam mais importância à aparência da moça do que ao acontecimento em si. A descreviam como “gentil, magra e bonita”.

O desfecho

Após tanta luta e dias de sofrimento, finalmente Melodia foi condenado. Recebeu uma pena de 11 anos de prisão, no entanto recorreu na justiça para que fosse diminuída para 10 anos. E ele não foi o único a ser condenado, levando consigo 7 de seus cúmplices, que acabaram recebendo 4 anos de prisão.

Em uma sociedade tradicionalista como aquela, o caso ainda trouxe certa fama negativa para a mulher. Os homens concordavam que ela havia sido extremamente corajosa ao levar seu estuprador para a justiça, no entanto, todos alegavam que não tinham coragem de chegar perto dela, muito menos de se casar. Em maio de 1967, uma reportagem dizia que a triunfante pioneira legal parecia “destinada a viver como uma solteira“. Infelizmente, uma visão pretensiosa acerca de uma conquista feminina.

Viola acabou provando que todos estavam errados. Em dezembro do ano de 1968, em uma reunião bastante reservada, a mulher que na época tinha 20 anos, se casou com um amigo de infância, Giuseppe Ruisi, que tinha 25 anos. Recebeu presentes de casamento do presidente da Itália e até mesmo do ministro de transportes, que lhes concedeu passeios gratuitos  pelas ferrovias.

E quanto a Melodia? O que aconteceu? Bom, o homem teve o fim a que estava destinado. No ano de 1976 teve sua liberdade, mas acabou sendo expulso da Sicília pela máfia a  quem era envolvido. Apenas 2 anos mais tarde acabou sendo morto a tiros em Módena, uma província italiana.

Curta-metragem conta a história da mulher

Viola ganhou reconhecimento também através dos olhos e câmeras da cineasta italiana Marta Savina. O filme, intitulado de “Viola, Franca”, que será lançado nesse mesmo ano (2017), foi uma maneira encontrada pela diretora de valorizar o esforço e coragem que a mulher teve na época. “Estamos acostumados a pensar em líderes e pessoas que mudaram a história como se fossem pessoas abertas“, disse Savina. Tudo que ela queria era retratar como alguém que vivia fora dos holofotes, ainda hoje é sinal de representatividade na luta pelo empoderamento feminino.

O curta ainda possui como objetivo alertar sobre a importância de se ter aliados masculinos, que também lutem contra outros homens que praticam os mais variados tipos de assédio. A cineasta menciona que Viola sempre teve apoio do pai e da família. A mulher ainda vive em Alcamo com a família e verá o curta pela primeira vez em dezembro, que será seu mês de lançamento.

E então pessoal, o que acharam? Verdadeiro exemplo, não é mesmo? Compartilhem suas ideias com a gente aí pelos comentários!

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