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Jovem foi em seis médicos até descobrir câncer aos 25 anos

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Ninguém gosta de ficar doente ou se sentir mal. Agora imagine não descobrir o motivo do seu desconforto por um tempo e quando finalmente consegue, um diagnóstico é informado de que está com câncer. Esse foi o caso da jovem Fernanda Pereira que recebeu o diagnóstico de linfoma de hodgkin, um tipo de câncer no sistema linfático que é mais comum em pessoas entre 20 e 30 anos.

A jovem estudante de farmácia percebeu, em junho do ano passado, um caroço pequeno no seu pescoço. Na época, ela tinha 25 anos e achou que aquilo poderia ser um músculo tensionado. Por isso, ela foi fazer uma massagem relaxante.

Nessa mesma época, ela estava fazendo vários exames de rotina, mas nenhum deles mostrou nenhuma alteração em sua saúde. Quando Fernanda estava na ginecologista, ela reclamou do seu caroço no pescoço. Então ela foi encaminhada para um clínico geral. Com isso, ela percebeu que mais gânglios começaram a aparecer no mesmo lugar. “Parecia uma bola de golfe na lateral do pescoço”, lembrou.

Jovem

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Foi a partir desse momento que a jovem começou sua saga por médicos até que finalmente conseguiu o diagnóstico e descobriu o que de fato ela tinha. E durante esse tempo, alguns dos sintomas só pioravam.

Depois de vários meses de análises e consultas, Fernanda finalmente descobriu que ela tinha um câncer no sistema linfático. No entanto, para que a jovem chegasse a esse diagnóstico ela passou por seis especialistas. De acordo com ela, sofreu muito com as negligências dos médicos.

Por conta de esse tipo de câncer evoluir rapidamente, Fernanda disse que sentiu medo de morrer. “Peguei o resultado do exame e abri no metrô e bateu aquele ‘e agora?’. Chorei muito e fiquei fazendo hora ali até me acalmar e ir para o trabalho. Desde o início da doença, eu vesti um personagem e não queria passar fraqueza para as pessoas”, disse ela.

Desde que recebeu seu diagnóstico, a jovem teve que lidar com ele sozinha por um pouco mais de um ano. Isso porque ela não tem contato com seus pais e apenas alguns dos seus amigos a ajudaram nesse período.

Caroço

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O tipo de câncer que a jovem possui tem como um dos seus principais sintomas os gânglios ou linfonodos em alguns lugares do corpo. Geralmente, os linfonodos aparecem no pescoço e acabam passando desapercebidos por serem confundidos com inflamação de garganta ou até mesmo amigdalite. No entanto, eles também podem aparecer na região inguinal, na virilha e debaixo do braço.

Por isso que quando um caroço surge e aumenta fora do comum é preciso ficar de olho em quantos dias ele permanece ou se está aumentando de tamanho. “Linfonodos que crescem e não voltam ao tamanho normal merecem atenção. Se eles permanecerem por mais de 30 ou 40 dias, o ideal é procurar um hematologista ou médico de cabeça e pescoço”, explicou Guilherme Perini, hematologista do hospital Albert Einstein.

Fernanda conta que mesmo ela tendo um caroço perceptível em seu pescoço, quando ela foi até o hematologista o médico nem apalpou a região e pediu exames que ela já tinha feito.

“Eu tentava explicar o que estava acontecendo e ele me cortava toda hora. Eu mostrei os remédios que estava tomando, meu cabelo já estava caindo muito e seguia fraca. Ele disse que se eu não melhorasse com aquele novo medicamento, era para eu voltar daqui um mês”, lembrou.

Depois desse médico, a jovem foi em outro hematologista para ter outra opinião e tentar descobrir o que estava acontecendo. Nele, conforme lembra a jovem, o médico realmente olhou seus exames e tocou em seus caroços. Então ele pediu um ultrassom e um raio X do abdômen e do tórax. “Ele falou que eu tinha que ser forte pois poderia ser um linfoma”, disse ela.

Sintomas da jovem

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Os caroços não eram os únicos sintomas que a jovem tinha. Ela também sofria com cansaço fora do normal. Segundo Fernanda, era difícil até para ela tomar banho. Tanto é que ela tinha que sentar no vaso por uns momentos e depois voltar para o chuveiro. Nesse ponto, quase seis meses tinham passado desde que os sintomas começaram a aparecer.

“Eu estava exausta e cansava ao tomar banho. Eu levantava, lavava o cabelo e no meio do banho, sentava de volta. Meu cabelo caía muito também”, contou.

Além disso, ela também tinha problemas para dormir e deixava a cama encharcada. “Parecia que alguém tinha jogado um balde de água em mim”, lembrou.

De acordo com Jayr Schmidt Filho, líder do Centro de Referência de Neoplasias Hematológicas do A. C. Camargo Cancer Center, essa sudorese sentida pela jovem é classificada como sintoma B e vem junto com os outros sintomas.

“A pessoa também pode apresentar febre e um emagrecimento de 10% do peso atual”, pontuou ele.

Diagnóstico e tratamento

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A jovem recebeu seu diagnóstico no fim de novembro. E através de um exame de imagem chamado Pet-Scan, ela conseguiu saber a gravidade da condição. “Eu fiz exames de imagem e o câncer já estava pelo meu corpo todo. Meu baço estava cada vez mais inchado de tanto linfonodo. Descobriram que já estava no estágio 4 e tinha infiltração na bacia, no baço e na minha pélvis”, disse ela.

A jovem fez seu tratamento pelo SUS mesmo tendo plano de saúde. “Conversei com os médicos e senti uma confiança no especialista do sistema público que não tinha sentido no do plano. Me encaminharam para o hospital e iniciei o tratamento”, contou.

O tratamento começou com quimioterapia, e ela tinha que ficar no hospital entre quatro a cinco horas. Ela fez dois ciclos completos. No entanto, quando fez um exame de imagem os médicos não ficaram satisfeitos com o resultado.

“Eles disseram que iriam fazer uma quimioterapia mais pesada com quatro infusões seguidas. Fui quarta, quinta e sexta e no fim de semana descansei. Na quimioterapia mais forte, nenhum pelo ficou, nem na perna, axila, absolutamente nada. Tudo começa a cair”, lembrou.

De acordo com ela, na segunda etapa do tratamento, ela ficou quase 12 horas tomando remédio na veia sem poder receber visita de ninguém. No dia seguinte, Fernanda acordou com bastante dor na gengiva que só aumentava. “Quando foi meia noite era uma dor alucinante e quando fui olhar no espelho estava cheio de pontinhos roxos na minha gengiva”, disse.

A jovem lembrou que depois de umas horas o seu quadro piorou e ela teve um quadro de necropenia. “Eu estava com muita dor e a minha vontade era bater a cabeça na parede. Me deram remédios, uns ‘primos’ da morfina e até o médico se assustou. Ele disse que eu estava tendo uma necrose na gengiva e que nunca tinha visto isso, mas foi um efeito da quimioterapia”, contou.

No final de dezembro, os médicos falaram que a jovem não estava respondendo bem àquele tratamento e era melhor mudar para a imunoterapia, que é ativar o sistema imunológico do paciente. O problema é que cada dose custa aproximadamente 40 mil reais e não é disponibilizada pelo SUS de forma fácil.

Então ela teve que dar entrada no seu plano de saúde e começar o novo tratamento. Já na segunda dose a jovem não sentia nenhum caroço no pescoço e foi evoluindo aos poucos.

Agora, depois de quase um ano e meio, a jovem disse que fez um novo exame e a doença praticamente sumiu. Mesmo assim ela continua seu tratamento que serão 24 doses. Ela ainda está na décima.

“Me sinto bem melhor. Hoje eu malho, consigo levantar 70 quilos e antes não conseguia nem lavar o cabelo. A imunoterapia é incrível”, disse.

Fonte: UOL

Imagens: BBC

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