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K-pop: entenda como funciona a indústria de ídolos da Coreia do Sul

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Muito dificilmente você encontrará uma pessoa que nunca tenha escutado K-pop. As músicas do BTS se encontram no topo das paradas nacionais e internacionais. O estouro do grupo é tão grande que eles foram indicados e se apresentaram duas vezes no Grammy.

Mas antes do BTS, outro artista de K-pop já tinha mostrado o gênero para todo o mundo. O clipe da música Gangnam Style, do cantor sul-coreano PSY, foi o vídeo mais visto no YouTube do fim de 2012 até meados de 2017. Na época da estreia, a dancinha se tornou viral em todo o planeta.

Porém, o K-pop é apenas o começo da “onda coreana”. As séries de televisão, chamadas de K-drama, o estilo musical K-hip-hop, e os filmes, como Parasita (2019), também estão conquistando o seu espaço.

Qual o segredo do sucesso?

 

Foto: Reprodução

Stacy Nam, uma americana-coreana que trabalha em Seul, com marketing internacional e relações públicas para a indústria da música, explica que seu trabalho é “ajudar os estrangeiros a se apaixonarem por artistas do K-pop e gastarem todo o seu dinheiro”.

Atualmente, os grupos com o maior destaque internacional são o BTS, da Big Hit/Hybe, e BLACKPINK, da YG. As empresas são as gravadoras dos artistas. Antes, as três principais eram a SM Entertainment, YG Entretainment e JYP Entretainment.

Por anos, essas três empresas dominaram a indústria. Porém, após o sucesso do BTS, a Big Hit conseguiu fundar a Hybe, um conglomerado de empresas, e assumir a maior porcentagem de lucro desse mercado multimilionário.

Qual o papel das empresas de K-pop?

Foto: Divulgação

De acordo com Nam, a indústria de entretenimento na Coreia do Sul é muito diferente da americana.

“Tomemos como exemplo alguém como Justin Bieber. Alguém o viu no YouTube, reconheceu seu talento e disse: ‘quero fazer dele uma estrela’. Dali, foram para o estúdio. Ele não recebeu muito treinamento antes de lançar um álbum.”

Em seguida, a especialista acrescenta que “no K-pop, se os candidatos são selecionados por uma empresa, ela cuida de tudo. Se você precisa de algum tipo de retoque, como melhorar os dentes, a pele ou até mesmo fazer uma cirurgia plástica, a empresa paga”.

As agências oferecem aulas de dança e teatro, ensinam como agir em programas de televisão e pagam cursos de idiomas. “No momento em que os integrantes das bandas, que são chamados de ídolos, estreiam diante do público, um deles saberá falar inglês, outro chinês, outro japonês.”

Em resumo, eles são treinados para fazer sucesso. “Quando eles estreiam, as empresas já investiram uma grande quantia de dinheiro para transformá-los no que são”, explica Nam.

A imagem dos artistas de K-pop

Foto: Reprodução

Para o K-pop, a imagem é tão importante quanto a música, por isso a ideia não é só um número. Se você deseja ser um ídolo, deve ter entre 15 e 20 anos de idade. Isso porque apesar de começarem jovens, o tempo de treinamento pode durar muitos e muitos anos.

Durante esse período, eles ensaiam longas horas por dia, moram em alojamentos das empresas, e são proibidos de terem namorados e namoradas. Essa regra é apenas a primeira para manter a imagem perfeita, uma vida ditada pelos fãs e vida pessoal restrita.

“Uma vez que você entra na empresa, você tem que provar seu valor e tem que vender. Se é isso que o público exige – um determinado corpo, um certo rosto – você deve fazê-lo”, explica à BBC Kim Ye-seul, um aspirante a ídolo.

Ao ser questionado sobre se tornar uma propriedade da empresa, Ye-seul responde que não entrou no mercado sem saber disso. “Poucas pessoas entram nisso sem estarem cientes das circunstâncias, então eu acho que é algo que você tem que aceitar”, afirma.

Por causa dessa submissão, diversos artistas e aspirantes a ídolos denunciam casos de agressões físicas e abusos psicológicos que sofreram por parte das empresas.

Arte ou negócio

Foto: Reprodução

No entanto, essas histórias não são suficientes para desencorajar milhares de aspirantes a artistas, nem seus pais. É o caso da família de Kim Ye-seul, que gasta até US$ 500 por mês em escolas de ídolos: instituições que preparam jovens que desejam ser selecionados pelas agências.

“A indústria de ídolos da Coreia tem 20 anos e há muitas escolas que fazem coisas semelhantes. Agora, até as universidades estão abrindo cursos que ensinam como se tornar um ídolo. A indústria continuará crescendo”, afirma Lee Sol-lim, diretor da escola frequentada por Kim Ye-seul.

Ao ser questionado sobre o K-pop ser um negócio antes de uma arte, Lee respondeu que:

“A música de K-pop aqui é dominante, e nós a levamos a sério. A música é uma indústria musical planejada. É um negócio que envolve muita produção, muitas pessoas, então o que sucede é inevitável.”

Sucesso orgânico

Foto: Jeff Kravitz/FilmMagic/dcp/Getty Images

Kyunghee Hannah Choi, servidora da Fundação Coreana para o Intercâmbio Cultural Internacional, que é financiada pelo Ministério da Cultura, Esporte e Turismo da Coreia do Sul, explica que o sucesso global do K-pop se deve à mistura da familiaridade com algo novo, e à cultura pop sul-coreana. A especialista acrescenta que a exportação tem sido orgânica, com o governo agindo apenas como um facilitador.

“Dizem que a ‘onda coreana’ é um sucesso sem design porque ninguém definiu o tipo de estratégia. O governo simplesmente tentou tornar o mercado estável, desenvolvendo políticas mais favoráveis ​​ao mercado e esse tipo de coisa.”

Fonte: BBC

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