Integrantes da Marinha dos Estados Unidos estavam utilizando secretamente o serviço de internet via satélite da Starlink. A informação saiu no jornal especializado em assuntos navais, o “Navy Times”.
Segundo a reportagem, a tripulação do navio USS Manchester acessava a rede para acompanhar placares de competições esportivas, consumir conteúdos de entretenimento e se comunicar com familiares.
A rede Wi-Fi clandestina, apelidada de “STINKY” (que significa “fedorento” em inglês), era de conhecimento de pelo menos 15 oficiais de alta patente. Como resultado, militares de patentes inferiores não tinham permissão para usar a conexão da Starlink.
A comandante Grisel Marrero foi apontada como a responsável pelo esquema. Quando a situação veio à tona, ela defendeu a alegação de que o terminal oferecia acesso à internet apenas quando o navio estava atracado.
Apesar de parecer inofensivo que militares, isolados durante missões, utilizem internet para manter contato com suas famílias, o uso de redes externas é proibido por questões de segurança.
Inquérito vai apurar
O uso de redes terceirizadas pode comprometer sistemas críticos e informações confidenciais, além de expor as forças armadas a ciberataques. Por esse motivo, a Marinha dos EUA abriu um inquérito para investigar a versão apresentada por Marrero e avaliar a extensão dos possíveis danos causados pelo esquema secreto de uso da internet via satélite da Starlink.
“Os riscos que esses sistemas representam para a tripulação, o navio e a Marinha são graves”, afirma um dos trechos do relatório da investigação.
O caso teve uma repercussão extremamente negativa dentro da instituição, principalmente devido aos sérios riscos de segurança que essa prática, aparentemente inofensiva, trouxe para as Forças Armadas. A investigação classificou o esquema envolvendo o terminal secreto da Starlink como uma “conspiração criminosa.”
Marrero, apontada como a líder do esquema, recebeu uma condenação no ano passado após mentir para seu superior. Após o julgamento, a ex-comandante foi rebaixada a uma patente inferior.
Por que não pode usar internet via satélite no navio?
O uso de internet via satélite em navios militares é restrito em toda a Marinha.
Isso porque se conectar a redes externas pode abrir uma porta para hackers ou cibercriminosos. Eles podem acessar sistemas críticos ou obter informações confidenciais sobre operações militares e estratégias.
Além disso, fica mais fácil saber qual a localização da antena, e, com isso, prejudicar elementos como discrição e até mesmo furtividade nas missões.
Enquanto isso, redes não autorizadas podem interferir em sistemas de comunicação e navegação do navio, que são essenciais para a missão e segurança da embarcação. Mesmo parecendo inofensivo, como a internet via satélite da Starlink, qualquer conexão não-aprovada coloca a tropa em risco.
A troca de mensagens ou dados por meio de redes externas pode resultar em vazamento de informações classificadas. Isso comprometeria a segurança das operações e até de outros membros da tripulação.
Além disso, o uso de redes externas pode facilitar o rastreamento do navio por inimigos ou adversários, mesmo em movimento, expondo a embarcação e sua tripulação a riscos de ataque em situações menos pacíficas.
O controle sobre comunicações é uma prioridade para evitar distrações e garantir que o foco esteja nas operações e missões. Por isso, a utilização de redes externas não autorizadas recebe um tratamento com muita seriedade.
A descoberta dessa antena clandestina recebeu máxima atenção, para evitar que outras tropas sigam o exemplo. Ainda, com o rebaixamento da ex-comandante, foi possível mostrar como a Marinha dos Estados Unidos levou a sério a situação, evitando que se repita.
Não houve comentários posteriores sobre o julgamento ou o levantamento de outros casos parecidos.
Fonte: UOL