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Mulher da fotografia ‘garota napalm’ encerra tratamento de queimaduras 50 anos após ataque

Kim Phuc - garota napalm
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Uma das fotografias mais famosas do mundo é uma que capturou o momento mais doloroso da vida de Kim Phuc. Isso porque ela é a mundialmente conhecida ‘garota napalm’, fotografada correndo durante o ataque ao Vietnã. Agora, 50 anos após a fotografia, ela finalizou seu tratamento para cuidar das queimaduras causadas no incidente.

A fotografia de Nick Ut, que registrou o momento em que Kim corria nua em chamas pelas ruas, mostrou o ataque com napalm promovido pelos Estados Unidos. Assim, Phuc, agora com 59 anos, teve 65% do corpo afetado pelo fogo, que causou enormes cicatrizes. Portanto, a vietnamita passou cinco décadas tentando se livrar das marcas que lembram sua dor.

“Eu ouvi o barulho e de repente tinha fogo para todos os lados ao meu redor, e então vi fogo por todo meu braço”, conta Phuc, segundo a NBC Miami. O responsável pela fotografia correu para salvar a menina após o registro. Então, o fotógrafo levou Phuc para um hospital próximo, que recusou tratar a jovem.

Sugeriram que ela fosse encaminhada para uma unidade a duas horas de distância. No entanto, o repórter se recusou a aceitar a indicação do hospital e usou suas credenciais de imprensa para ameaçar os funcionários do local. Como resultado, eles se sentiram obrigados a cuidarem de Phuc.

“Fiquei irritado, peguei meu passe de imprensa, e disse: ‘Sou da mídia. Se ela morrer, minha foto vai para a página da frente de jornais de todo mundo amanhã’. Eles se preocuparam com o que eu disse e levaram ela imediatamente para dentro”, diz Ut.

Depois, a fotografia ganhou o Prêmio Pulitzer por mostrar os horrores que a guerra causou na população civil do Vietnã. De acordo com Jill Waibel, médico que tratou algumas das cicatrizes de Phuc, grande parte das pessoas que tiveram lesões graves como as delas não costumam sobreviver. Inclusive, as marcas daquele dia horrível ainda causam dor à vietnamita.

Por meio de tratamentos feitos com laser, Phuc, que mora em Toronto, no Canadá, pode apagar as cicatrizes físicas de um dos momentos mais emblemáticos da guerra do Vietnã.

Kim Phuc - garota napalm

Nick Ut

A menina e o abutre

A menina e o abutre

Kevin Carter

Outra fotografia mundialmente conhecida é a que mostra uma criança faminta, quase morrendo, sendo vigiada por um abutre que espera sua refeição. Ela foi capturada em 1993 e hoje é uma das mais conhecidas de todos os tempos. Mas, a história por trás faz parte do legado dessa imagem e muitas pessoas a conhecem.

O Sudão do Sul estava vivendo uma guerra civil há décadas e o país estava dividido. Havia os cristãos do sul, que viviam sob a bandeira do grupo rebelde Sudanese People’s Liberation Army (SPLA). Também havia o governo Cartum, comandado por islâmicos do norte desde a independência do país, em 1956.

Porém, na década de 80, o conflito se intensificou, principalmente depois que o governo adotou as leis rígidas da Sharia. Dessa forma, a lei islâmica determinava a proibição de bebidas alcóolicas, punições por enforcamento ou mutilação e outras medidas violentas. Nesse período, estima-se que o governo foi responsável por tirar milhões de vidas, e, além disso, provocou uma fome assustadora.

Como resposta, a ONU interviu com ajuda humanitária no início dos anos 80. Então, ela lançou diversas campanhas para sensibilizar o mundo sobre os horrores que estava acontecendo no Sudão do Sul. Em uma campanha, tinham o objetivo de arrecadar 190 milhões de dólares, mas não chegaram a nem um quarto do valor.

Assim, foi nesse momento que decidiram adotar uma estratégia mais agressiva, expondo a realidade nua e crua ao mundo. Para isso, convidaram dois fotojornalistas para registrar a entrega da comida no dia 11 de março de 1993. Eram eles Kevin Carter e João Silva.

Fotografia premiada

Como era extremamente difícil entrar no país, os noticiários estavam sem fotografias do conflito. Na época, o New York Times estava com uma matéria sobre a região, mas não tinha fotografias para ilustrar. Então, quando descobriram que Kevin Carter havia feito uma fotografia impressionante, Nancy Buirski, da editora internacional, entrou em contato para que a foto fosse publicada no jornal.

Claramente, a imagem incendiou os veículos de imprensa imediatamente. Assim, Carter foi publicado não só em todos os grandes veículos impressos como teve seu trabalho estampado nas televisões também. Além disso, a ONU conseguiu a atenção que queria, o que resultou no aumento das doações. Em 1994, Kevin Carter levou o prêmio Pulitzer de fotografia para casa.

Consequências

Apesar do sucesso, a fotografia da menina e o abutre causou várias discussões. Logo depois que ela foi publicada, as pessoas ligaram para o New York Times para saber o que tinha acontecido com a garota da foto afinal. Principalmente, queriam saber se o fotógrafo a ajudou.

Essas indagações afetaram o fotojornalista, que contou que espantou o animal para longe e em seguida chorou embaixo de uma árvore. Mas, as pessoas não ficaram contentes, com isso, ele recebeu muitos julgamentos. Então, ele completou a história dizendo que a criança se levantou e foi até a clínica médica. Ainda assim, o público não ficou satisfeito. Queriam saber por que o fotógrafo não fez mais pela menina.

Já batalhando contra a depressão, a questão turbulenta aprofundou a angústia de Carter. Antes mesmo de viajar para o Sudão do Sul, ele já lidava com problemas pessoais, instabilidade familiar e financeira e vícios. Eventualmente, lidar com aquelas cenas de zonas de conflito, seus próprios problemas e a pressão do público o consumiu e, aos 33 anos, ele cometeu suicídio.

Em sua carta de despedida, relatou que estava deprimido, sem dinheiro para pagar as contas e sem dinheiro para ajudar as crianças. Seu suicídio balançou toda a comunidade jornalística e serve de prova de como trabalhar com conflitos pode afetar um profissional.

Fonte: R7

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