Nos Estados Unidos, uma casa assombrada pode ser reconhecida legalmente

Existem dois tipos de pessoas quando se diz respeito às coisas sobrenaturais do mundo: aquela que escuta um barulho estranho e sai correndo na direção oposta, evita qualquer filme de terror ou história de fantasma, e aquela que prefere investigar uma casa assombrada, sentindo sua curiosidade despertar dentro de si.

Assim sendo, essa diferença de instintos pode ser essencial no contexto de um filme de terror, assim como no contexto de comprar uma casa. Incrivelmente, existem pessoas que são interessadas em casas assombradas na vida real. Tanto é que também há agentes imobiliários especializados em vender essas casas com presença “sobrenatural”.

No entanto, como se define se uma casa é ou não assombrada? Nos Estados Unidos, isso pode estar na escritura do imóvel. Isso porque, de acordo com os eventos que aconteceram dentro da casa, ela pode ser considerada “estigmatizada”.

Logo, mesmo que não tenha nada de errado com a estrutura do imóvel, os vendedores ou agentes imobiliários devem informar aos possíveis moradores que coisas estranhas já aconteceram na propriedade. Isso pode afastar compradores – ou interessá-los.

Por exemplo, uma mansão conhecida do estado de Nova York está à venda por 1,9 milhões de dólares, aproximadamente 7,6 milhões de reais. Por lá, ela é conhecida como a “Casa Fantasma”. A história é dos anos de 1960, quando uma moradora alegou que a casa era habitada por espíritos que lutaram na Guerra de Independência dos Estados Unidos, no final do século 18. Ela chegou a afirmar que os espíritos interagiam com sua família.

Portanto, essa história viralizou nos jornais e revistas da região. A fama foi tamanha que a Suprema Corte de Nova York declarou, em 1991, que a casa era considerada assombrada por conta do estigma criado pelos moradores anteriores. Desde então, os vendedores são obrigados a informar aos compradores sobre a má fama do imóvel.

Casa assombrada, oficialmente

Reprodução/Sonho astral

Porém, não se trata de um consenso nacional. Isso porque, no país, os estados são mais autônomos para decidir as próprias leis. Por exemplo, na Califórnia, o vendedor é obrigado a informar quaisquer mortes que aconteceram na casa nos últimos três anos. Já em Massachussets, as informações sobrenaturais sobre a casa só são dadas se o comprador perguntar.

Desse modo, vale destacar que o fato de uma casa ser ou não assombrada, ou estigmatizada, influencia não só na escolha do comprador, como no próprio preço. De acordo com uma enquete feita nos Estados Unidos, metade dos moradores não compraria uma casa se ela fosse assombrada.

A preocupação é tão notável que existe até um site que mostra se alguém morreu no terreno que você planeja comprar. Mas é necessário pagar 11 dólares pelo serviço.

Fantasmas no Brasil

No caso do Brasil, não existe uma regra clara sobre as casas assombradas. O código civil obriga que os vendedores e compradores ajam de “boa fé”. Portanto, se uma casa tiver uma má fama na região, isso pode prejudicar o uso do espaço, o que deve ser informado.

“Não existe determinação no código civil sobre quais informações devem ser prestadas ao comprador. Se eu vendesse a minha casa e omitisse que ela é ‘mal assombrada’, pode ser que o comprador tivesse alguns prejuízos com a vizinhança”, disse Uinie Caminha, professora da UFC (Universidade Federal do Ceará) e doutora em direito comercial, em entrevista à Superinteressante.

Assim sendo, Caminha explica que a fama pode, de fato, afetar no próprio uso do imóvel. “Os amigos do filho não vão querer ir brincar na casa ou os entregadores de comida não vão até lá. Nesse caso, eu não deveria ter omitido essa informação porque ela é relevante ao comprador”. Então, quando você estiver procurando uma casa, certifique-se de seu status sobrenatural e se você está disposto a morar com fantasmas, sejam reais ou imaginários.

Fonte: Superinteressante