De acordo com pesquisas históricas, o antisemitismo de Adolf Hitler e o nacionalismo não foram diretamente estimulados na Primeira Guerra Mundial. Na época, o ditador era apenas um soldado. Recém descobertos documentos apontam dados até então desconhecidos. Cartas não publicadas e um diário escrito por veteranos que conviveram Hitler, por exemplo, mostram que o ditador sofria bullying.
Em suma, os documentos quebram toda a imagem que Hitler construiu durante a Segunda Guerra Mundial. Na Primeira Guerra Mundial, Hitler, além de ter sido soldado, exercia também o de mensageiro. Além disso, o ditador era ridicularizado pelos outros veteranos. De acordo com os documentos encontrados, os soldados que lutaram ao lado de Hitler na guerra o ridicularizavam por qualquer coisa. Segundo os registros, até por não conseguir abrir uma lata de comida com sua baioneta.
Ainda nesse ínterim, os soldados referiam-se ao ditador como “o artista” ou “o pintor”. No registros, os veteranos afirmam que Hitler era um soldado extremamente submisso aos seus superiores. Os documentos também deixam claro que o ditador não gostava de escrever cartas e/ou beber cerveja.
As cartas e o diário também colocam em dúvida a participação da Hitler na Primeira Guerra Mundial. Além disso, as cartas confrontam a história de que Hitler teria sido um herói de guerra. No mesmo contexto, os documentos acabam desmistificando a suposta camaradagem com os demais soldados nas trincheiras.
De acordo com o historiador Thomas Weber, doutor em História Europeia e professor da Universidade de Aberdeen, na Escócia, “o mito de Hitler como um corajoso soldado e a camaradagem das trincheiras na 1ª Guerra foi usado pelo partido nazista para aumentar seu apelo popular”. O professor afirma, no entanto, que Hitler atuou longe dos campos de batalha e era visto por seus pares como “um ser solitário”.
Essas cartas permaneciam ignoradas até então porque estavam arquivadas sob um regimento diferente dos demais arquivos da guerra.
De acordo com o historiador, Adolf Hitler tentou ingressar em outro partido político de extrema-direita antes de se filiar ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. O partido era conhecido como Partido Nazista. Em 1919, o ditador havia sido rejeitado pelo recém-formado Partido Socialista Alemão, decisão que acabou sendo determinante para sua ascensão política.
Ainda segundo o historiador, o Partido Socialista, também de extrema-direita, era muito maior que o Partido Nazista. Acredita-se que o Partido Socialista possuía mais lideranças consolidadas. Como explica Weber, se Hitler tivesse sido aceito, provavelmente seria colocado numa função menor e, dessa forma “seria improvável que conseguisse assumir o poder”.
Após ser rejeitado pelo Partido Socialista, Hitler se filiou ao Partido Nazista. No partido, tornou-se líder em 1921. Como consequência de sua vitória, a Partido Socialista foi dissolvido no ano seguinte e muitos de seus membros, incluindo o líder antissemita Julius Streicher, se uniram sob o comando de Hitler.
Fundado em 1920 como resposta da extrema-direita alemã à Revolução Alemã, de caráter comunista, o Partido Socialista, na época, era mais influente que o Partido Nazista. No início daquele ano, as lideranças nazistas chegaram a cogitar uma fusão com os socialistas. No entanto, a ideia não foi aceita por Hitler.