História

O médico que cuidou de 6 mil vítimas da bomba de Hiroshima

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A primeira bomba atômica da história causou um estrago imenso na cidade de Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. Cerca de 80 mil pessoas foram mortas instantaneamente após o ataque aéreo. Mas, mesmo em meio a tanta devastação, um nome que se destacou e é homenageado até os dias atuais. Shuntaro Hida, médico do exército japonês, cuidou de mais de 6 mil vítimas da bomba.

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Na época, com apenas 28 anos, Shuntaro Hida foi chamado na noite do dia anterior para atender a uma emergência médica em uma vila a poucos quilômetros de Hiroshima. O médico foi acordado por um fazendeiro que buscava ajuda para a sua neta, que tinha uma doença na válvula cardíaca e tinha convulsões com frequência.

Era costume que Hira fosse à vila para ver como a menina estava. Naquela noite, em específico, ela havia sofrido outra crise convulsiva, o que fez com que a presença do médico fosse solicitada. Dessa forma, Hida se dirigiu para a casa do homem.

Apesar de ter sido chamado para socorrer a neta do fazendeiro, o médico jamais imaginava que, na verdade, era o fazendeiro quem estava salvando sua vida. Isso porque, se não tivesse saído da cidade, Hida poderia ter morrido junto com os seus colegas de profissão na manhã do dia 6, quando a bomba caiu em Hiroshima.

Hida presenciou o desastre

À distância, Hida testemunhou o exato momento em que a bomba atingiu Hiroshima. Da janela da casa do fazendeiro, a cerca de 7 quilômetros da cidade atingida, o médico viu um clarão tão forte que o deixou tonto.

A primeira reação do médico foi se deitar no chão da casa do fazendeiro. Porém, quando percebeu que estava tudo em completo silêncio, Hira se atreveu a olhar novamente pela janela. Foi quando a bomba explodiu e um estrondo foi ouvido.

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Getty Images

A bomba liberou uma onda de calor de 4 mil graus no momento em que tocou o chão e, devido à alta temperatura, Hira pôde sentir o calor intenso mesmo não estando tão perto do epicentro. Imediatamente, ele retornou à cidade. Pelo caminho, viu dezenas de pessoas feridas e mortas, muitas se arrastando em busca de ajuda.

Os sobreviventes da bomba atômica

Ao retornar, Hida e os médicos que sobreviveram passaram os dois dias seguintes separando os corpos mortos das pessoas que estavam vivas e que precisavam de ajuda. Foi só na terceira manhã após a explosão que a devida atenção pôde ser dada aos sobreviventes, já que havia corpos espalhados por todo lado e os locais que podiam abrigar os enfermos precisavam ser limpos (ou seja, os corpos deveriam ser retirados desses locais), como no caso das escolas.

EFE/Peace Memorial Museum

Os sobreviventes atingidos pela radiação apresentavam uma febre alta de mais de 40 graus. Além disso, a parte interna da boca de boa parte dos pacientes estava completamente preta, já que ela estava apodrecendo. É isso mesmo: a boca dos sobreviventes estava apodrecendo com eles vivos. Por esse motivo, eles possuíam um mau hálito muito forte, semelhante ao cheiro apresentado por corpos que estão em decomposição.

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National Geographic

Muitos daqueles que sobreviveram à bomba vieram a falecer pouco tempo depois. Os efeitos de tamanha exposição à radiação são devastadores e, os que os suportaram por mais tempo, podem ter desenvolvido tumores severos. Essa realidade faz com que, mesmo nos dias atuais, a explosão seja impossível de ser esquecida.

A vida de Hira após a explosão

No hospital em que trabalhava, Hida cuidou de mais de 6 mil pacientes. Os danos na cidade e na população por conta da bomba atômica foram tão severos que o médico pensou em largar a medicina após o episódio, mas continuou cuidando dos pacientes e se especializou no tratamento das vítimas da bomba atômica.

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Por esse motivo, diversas pessoas com doenças causadas por radiação procuraram por sua ajuda. Hoje, aos 98 anos, Hira ainda dá entrevistas sobre sua experiência como testemunha das consequências causadas pela bomba atômica.

Vale lembrar que o médico também foi exposto à radiação e, por isso, foi submetido a muitas cirurgias. Hira apresentou um envelhecimento acelerado dos ossos e enfrentou sérios problemas lombares. Ao longo da vida, ele chegou a se arrastar no chão por conta da dor, que era muito forte.

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