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O que é dismorfia corporal?

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A dismorfia corporal é um transtorno psicológico que afeta cerca de 2% da população. Assim, muitas pessoas nem sabem que têm essa condição incluída entre os transtornos obsessivo-compulsivos nas classificações médicas.

Carlos, um paciente que sofre de transtorno dismórfico corporal, mas que só descobriu anos depois, compartilhou seu relato em reportagem da BBC. “Comecei a preocupar-me muito com meu aspecto físico. Primeiro, com o peso. Com 16 anos de idade, eu estava meio gordinho, de forma que entrei em uma academia e comecei a cuidar muito da alimentação.”

“Não cheguei a sofrer anorexia – porque, na verdade, eu comia – mas fazia tantos exercícios que cheguei a perder 10 kg em duas semanas. ‘É o bastante, você já emagreceu muito’, as pessoas me diziam. Mas eu não via isso. Eu tinha a falsa ideia de que permanecer magro era tudo o que importava.”

“E havia mais: eu achava que as pessoas mais magras e com saúde têm melhores oportunidades na vida. Sei que não é assim, mas era isso que eu pensava.”

Naquela época, minha relação com a família começou a piorar. Eles viam que eu estava mal e tentaram me avisar de muitas formas, até que um dia me disseram que eu precisava de ajuda profissional. Eu continuava não admitindo, mas naquela época já não conseguia ir a festas, aniversários… porque me sentia mal. ”

A atenção de Carlos se voltou para outras partes de si, agora vistas como “defeitos”. “Fiquei obcecado pelo meu nariz. Eu o achava grande, largo e feio. Eu me olhava no espelho e tirava fotos de todos os ângulos possíveis para comprovar como eu me via. E poderia passar muito tempo olhando aquelas imagens.”

“Eu me analisava detalhadamente, me dissecava”

Reprodução/Instituto Lapidare

“Depois, minha atenção se voltou para a assimetria, tanto do rosto quanto do corpo. Eu me analisava detalhadamente, me dissecava. Eu me concentrava em cada parte do corpo e não percebia o nível de perfeccionismo e obsessão pelas minhas observações”, conta.

Dessa forma, o problema se tornou tão grave que Carlos passava horas trancado no banheiro se arrumando e, em seguida, gravando imagens para saber como os outros o enxergam. Então, se ele não estava satisfeito com sua conclusão, sua autoestima praticamente desaparecia.

Além disso, o mesmo acontecia quando alguém postava uma foto sua no Facebook ou Instagram. Logo, Carlos evitava ver as fotos para não enfrentar a insatisfação. Ele já sabia que iria encontrar inúmeros defeitos e não conseguiria aguentar. Essa situação gerou tanta ansiedade que o paciente se isolou.

“Até que, em um momento, eu disse a mim mesmo que não aguentava mais. Eu era apenas um adolescente e tinha passado a vida me condicionando, de forma que decidi recorrer a um profissional. Fui a um médico que me encaminhou a outro, que me deu medicação: antiobsessivos e antidepressivos. ”

Dismorfia Corporal

O transtorno dismórfico corporal foi descrito pela primeira vez em 1891, pelo médico italiano Enrico Morselli. Assim, apesar de afetar se 1,7 a 2,9% da população, tanto homens quanto mulheres, a maior parte das pessoas não percebem que sofrem com dismorfia corporal.

Normalmente, os pacientes são diagnosticados com esquizofrenia ou algum transtorno alimentar, segundo Tania Borda, psicóloga argentina especializada nesse tipo de transtorno de saúde mental, autora do livro Trastorno Dismórfico Corporal: un desorden complejo, que se traduz para Transtorno dismórfico corporal: um distúrbio complexo.

Dessa forma, não se sabe exatamente a causa da dismorfia corporal, podendo ser resultado de uma combinação de elementos, como por exemplo, antecedentes familiares, anomalias do cérebro e avaliações ou experiências negativas sobre o corpo ou a imagem que se tem de si próprio, de acordo com a organização norte-americana Clínica Mayo.

Contudo, especialistas concordam que a condição começa a se manifestar ainda na adolescência. Além disso, o transtorno, sem tratamento, pode causar depressão grave e até pensamentos suicidas, já que não melhora sozinho.

“É um dos transtornos com maior índice de tentativas de suicídio da psicopatologia”, afirma Tania Borda, que também é diretora clínica do BioBehavioral Institute de Buenos Aires, na Argentina.

De acordo com o paciente Carlos, a terapia e acompanhamento com psiquiatra fez com que melhorasse bastante, apesar de algumas recaídas. “Quando comecei a me sair bem em todos os aspectos, fui trabalhar. Isso foi um gatilho porque é muito social: as reuniões são muito frequentes e você acaba se abrindo com as pessoas.”

“Agora, eu me sinto bem. Eu sempre tenho alguma preocupação relativa ao meu aspecto físico, mas já não é como antes. Aquilo não me deixava viver.”

Fonte: BBC

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