Uma das poucas certezas que temos é de que todos os humanos irão morrer um dia. Mesmo que ainda não seja confirmado o que acontece com a nossa consciência depois desse momento, a ciência já sabe o que ocorre com os nossos corpos.
Após o corpo humano perder as suas funções vitais, ele começa a se desintegrar em matéria orgânica mais simples por meio de processos químicos e biológicos. A duração deles pode levar semanas ou anos, dependendo de fatores específicos.
Um exemplo é que reações químicas envolvidas no apodrecimento aceleram em temperaturas mais altas, enquanto climas mais frios preservam o cadáver por mais tempo. O enterro no solo ou em um caixão também pode alterar essas condições.
De acordo com cientistas australianos, em pesquisa publicada no ano de 2020, o corpo pode se mover enquanto se decompõe – e não são pequenos espasmos, mas sim movimentos em todos os membros. Os pesquisadores apontam que isso ocorre enquanto o corpo se “mumifica” e os ligamentos secam.
Atualmente, clínicas funerárias preparam os corpos para o enterro a ser realizado pelos entes queridos, desacelerando alguns processos para que a aparência se mantenha durante o velório. Mas o que aconteceria se o corpo fosse deixado ao ar livre?
Estágios da decomposição do corpo
Conforme o corpo vai se decompondo, diversos processos ocorrem com o cadáver. Caso ele esteja ao ar livre, sem ter sido enterrado e estando descoberto, é possível dividir o que ocorre com o corpo humano nas seguintes categorias:
- Rigor mortis;
- Inchaço;
- Deslizamento da pele;
- Marmoreio;
- Expulsão de órgãos liquefeitos;
- Multiplicação de insetos;
- Surgimento de carniceiros;
- Esqueletização.
Rigor mortis
Essa fase ocorre quando o corpo ainda está “fresco” e pode durar de alguns dias a uma semana. No início, o que se instala é o Pallor mortis, quando o cadáver fica pálido por causa da falta de circulação e consequente ausência de sangue nos capilares.
Isso acontece aproximadamente 15 minutos depois da morte e duas a seis horas depois é que a Rigor mortis surge. Nesse momento, as células morrem ao sentir falta do oxigênio e dos nutrientes para se manter, e o corpo fica rígido.
Em seguida, vem a chamada proteólise, a quebra das proteínas, que desfaz a rigidez e deixa o corpo mole novamente. O Rigor mortis acaba cerca de 36 horas após a morte. Além disso, ao ar livre, o corpo irá atrair insetos rapidamente, geralmente 10 minutos depois da morte.
Inchaço e deslizamento da pele
Após a morte, as bactérias que vivem nas vísceras fogem do controle e começam a se reproduzir e consumir o corpo. De acordo com um estudo publicado em 2014, essas bactérias precisam de apenas 58 horas para se espalharem pelo corpo, indo até o fígado, baço, coração e cérebro. Por isso surgem os gases, que provocam o inchaço no abdômen. Em climas mais temperados, isso ocorre no período de dois a três dias.
Esse aumento de gás dentro do corpo também provoca o aumento da pressão, que começa a empurrar fluidos entre as camadas da pele, causando o desprendimento das camadas mais superficiais. Com isso, a pele começa a deslizar à medida que a epiderme se separa da derme, e pode ser retirada do corpo com facilidade.
Marmoreio e expulsão de órgãos liquefeitos
Quando não há mais oxigênio no qual antes se ligavam, as hemoglobinas do sangue começam a se ligar ao enxofre. Com isso, preenchem as artérias e veias com uma substância roxo-esverdeada. Essa ligação é a responsável pela aparência de mármore a certas partes do corpo, como o tronco e os membros.
Já o aumento da pressão interna faz com que os fluidos corporais e órgãos já liquefeitos comecem a escapar por todos os orifícios possíveis. Os globos oculares podem ser deslocados e alguns corpos explodem dependendo de como a pressão é feita.
Além disso, os tecidos ficam moles e as unhas começam a cair. Essa ação pode ocorrer até três semanas depois da morte.
Multiplicação de insetos e surgimento de carniceiros
Os elementos químicos que são liberados pelo corpo atraem moscas que colocam ovos dentro e ao redor dos orifícios do cadáver. As larvas que nascem desses ovos se alimentam da carne e dos órgãos, em um ciclo.
Além disso, outros insetos, como os besouros, começam a ser atraídos para o corpo, assim como os pássaros, todos vindo se alimentar dos restos humanos. Animais carniceiros, como urubus, também costumam aparecer.
Esqueletização do corpo
No último estágio, já não existe mais tecido mole no corpo, restando apenas ossos e cartilagens duras. A esfoliação e branqueamento dos ossos é iniciada cerca de nove meses depois da exposição ao ar livre.
Depois disso, fenômenos como chuva, vento, erosão e abrasão começam a afetar o cadáver. Ao longos dos anos, os ossos podem acabar sendo desarticulados.
Fonte: Canaltech
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