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Os 96 sacos de cocô deixados na Lua

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Você já parou para pensar em como eram descartados os excrementos humanos, como fezes e xixi, dos astronautas que foram à Lua? Considerando que as viagens espaciais tinham um longo período de duração, seria difícil manter esses resíduos dentro das naves por muito tempo. Mas o que acontecia então? Os dejetos eram descartados no espaço? Embora não pareça certo, foi mais ou menos o que aconteceu.

As seis missões tripuladas até a Lua foram realizadas pela NASA entre 1969 e 1972. Doze astronautas pisaram em seis diferentes regiões da Lua. Ao todo, nessas viagens foram deixados 96 sacos de dejetos humanos, incluindo fezes, urina e vômito na superfície lunar. Isso ocorreu porque as naves utilizadas nas missões não tinham banheiro.

Os astronautas das missões Apollo tinham de defecar em sacos e urinar em coletores. Para os momentos em que estavam fora da nave, a NASA desenvolveu uma “vestimenta de máxima absorção” para “contenção fecal”. Ou seja, os astronautas usavam uma espécie de fralda espacial. 

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CNET

O astronauta Charlie Duke, da Apollo 16, chegou a confirmar o lixo abandonado durante uma entrevista à Vox. “Deixamos a urina que foi coletada em um tanque. E eu acredito que tivemos alguns movimentos intestinais — mas não tenho certeza. E isso estava em alguns sacos de lixo. Nós pegamos alguns sacos de lixo e abandonamos na superfície lunar”, afirmou o astronauta.

A orientação para o retorno à Terra é que não fosse colocado nenhum peso adicional na nave. E o lixo produzido durante os dias da viagem de fato representava um peso extra. Além disso, caso fossem retirados da aeronave os sacos de resíduo, os astronautas poderiam trazer o máximo possível de amostras de rochas lunares e do solo. Por esses motivos e para que não houvesse sobrepeso por conta da segurança dos tripulantes, os excrementos foram deixados para trás. 

Projeto de recolher as fezes deixadas na Lua

Atualmente, os cientistas da NASA estudam a possibilidade de recolher esse lixo na próxima missão lunar, que está prevista para ocorrer em 2024 no âmbito do Projeto Artemis. O objetivo da recolha dos dejetos é observar se os fungos e bactérias presentes no vômito, fezes ou urina sobreviveram em território lunar.

Com o material em mãos, é possível analisar se a vida bacteriana foi capaz de sobreviver em condições extremas, já que a Lua não tem atmosfera como a Terra, então os sacos que por lá ficaram estão sob forte radiação solar e enfrentam ainda temperaturas extremas, entre -170°C e 100°C. 

As chances de encontrar vida dentro dos sacos de dejeto são baixas mas, segundo o astrobiólogo Andrew Schuerger, da Universidade da Flórida, esses sacos espaciais garantem alguma proteção ao material biológico. Por isso, Schuerger acredita que é dentro deles onde “há a maior probabilidade [de vida] dentro de tudo que ficou sobre a Lua”. Uma possibilidade extremamente pequena é a de que as bactérias tenham passado por um processo de seleção natural e evoluído para sobreviver mesmo nas condições lunares.

Mesmo que os micróbios estejam mortos, os cientistas ainda podem investigar quanto tempo eles sobreviveram ou se eles se adaptaram, considerando que já estão na Lua há quase 50 anos. Analisar os resíduos também pode corroborar nos estudos sobre a possibilidade de trazer a vida a um astro “morto”, sem registros de vida, como acontece com a Lua.

Lixo humano fora da Terra

Engana-se quem pensa que os sacos de fezes e urina foram as únicas coisas descartadas pelo ser humano na Lua. Ao longo das viagens espaciais até o astro, foram deixados no local mais de 70 naves (incluindo rovers, módulos de pouso e orbitadores acidentados), 5 bandeiras dos Estados Unidos, 2 bolas de golfe, 12 pares de botas, câmeras de TV, revistas de cinema, martelos, mochilas e mantas isolantes.

Mas não para por aí. Também foram abandonados em solo lunar toalhas, lenços umedecidos, kits de higiene pessoal, embalagens vazias de alimentos, uma fotografia da família do astronauta Charles Duke, uma pequena escultura de alumínio, um patch da missão Apollo 1 (que não chegou a ser lançada por ter se queimado durante um treinamento, matando os três astronautas da missão), um disco de silício, um pino de prata do astronauta Alan Bean, uma medalha homenageando os cosmonautas Vladimir Komarov e Yuri Gagarin e um ramo de oliveira dourado. 

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