Saúde

Paciente recebe implante cerebral para tratamento de TOC no Brasil

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Pela primeira vez no Brasil, um paciente passou, com sucesso, por um implante para TOC. Trata-se de uma cirurgia cerebral para tratar o Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

O procedimento inovador ocorreu no final do ano passado no Hospital SOS CARDIO, localizado em Florianópolis (SC). Contudo, detalhes do caso só saíram recentemente, após garantir que o paciente estava bem.

O que é TOC?

Via Freepik

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo, ou TOC, é caracterizado por pensamentos e medos irracionais que desencadeiam obsessões e comportamentos compulsivos.

Geralmente, se associam a rotinas no dia a dia, que interferem nas habilidades sociais e funcionais do paciente. Por exemplo, algumas dessas manifestações incluem um temor excessivo de germes ou uma compulsão por organizar objetos de maneira específica.

No entanto, não se restringe a desconfortos ou preferências, mas sim uma necessidade patológica que impede o portador do TOC de seguir sua rotina sem atender à obsessão.

Como consequência, pode levar a um afastamento social devido à ansiedade extrema que causa.

Os sintomas tendem a se desenvolver gradualmente e sua intensidade pode variar ao longo dos anos, podendo se manifestar na infância e piorar na vida adulta. Diversos casos apresentam transtornos quase incuráveis na terceira idade, prejudicando a qualidade de vida do paciente.

O tratamento, conforme explicado pelo psicólogo Luís Fernando Zambom, mestre em psicologia clínica pela PUCRS e professor da Famaqui (Faculdade Mário Quintana), pode envolver tanto psicoterapia quanto medicamentos, com o objetivo de encorajar os pacientes a enfrentarem seus medos e reduzirem seus rituais compulsivos.

Contudo, outras alternativas estão em estudo, como o implante para TOC, onde o dispositivo é inserido diretamente no cérebro.

Como funciona o tratamento com implante para TOC

Essa nova alternativa para o tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, conhecida como Estimulação Profunda do Cérebro (ou DBS, do inglês Deep Brain Stimulation), tornou-se destaque.

Em suma, esse procedimento implica a inserção de um dispositivo através de uma pequena abertura no crânio, com a promessa de melhorar os sintomas de origem neurológica por meio da eletroestimulação.

Finos eletrodos emitem pulsos elétricos controlados em áreas específicas do cérebro, visando equilibrar a atividade neural e proporcionar alívio ao paciente. Os médicos relatam que a cirurgia tem uma duração média de 4 horas.

Dado que não há uma cura definitiva para o TOC, o tratamento é contínuo ao longo da vida do paciente. Portanto, este permanece sob a supervisão de médicos, que podem monitorar o implante remotamente através de Bluetooth.

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De acordo com Wuilker Knoner Campos, neurocirurgião, a equipe realiza uma programação no computador e envia para o aparelho do paciente.

Os eletrodos inseridos no cérebro se conectam por meio de cabos a uma bateria, chamada gerador, que é implantada abaixo da pele no tórax, em um procedimento semelhante ao de um marca-passo cardíaco.

O especialista menciona que o gerador implantado no tórax tem uma vida útil de até dez anos, requerendo substituição ao longo do tempo. Entretanto, o processo de substituição é significativamente menos invasivo.

Quanto aos candidatos para receber o implante para TOC, trata-se de uma opção destinada a casos crônicos ou mais graves, nos quais o tratamento com medicamentos e terapia não proporciona melhora satisfatória.

Quanto custa?

Conforme levantamento, o custo médio total do procedimento gira em torno de R$ 100 mil. O Sistema Único de Saúde (SUS) já realiza um processo semelhante, mas para tratar outras condições médicas, como epilepsia e Parkinson, por exemplo.

O uso dessa técnica para o tratamento de doenças psiquiátricas ainda está pendente de avaliação por parte da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e das seguradoras de saúde, conforme destacado pelo neurocirurgião.

Contudo, se receber aprovação, pode ser revolucionário para os pacientes que sofrem desse transtorno em diferentes níveis.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Freepik, Freepik

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