Paciente recebe implante cerebral para tratamento de TOC no Brasil

Avatar for Mayara MarquesMayara MarquesSaúdefevereiro 14, 2024

Pela primeira vez no Brasil, um paciente passou, com sucesso, por um implante para TOC. Trata-se de uma cirurgia cerebral para tratar o Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

O procedimento inovador ocorreu no final do ano passado no Hospital SOS CARDIO, localizado em Florianópolis (SC). Contudo, detalhes do caso só saíram recentemente, após garantir que o paciente estava bem.

O que é TOC?

Via Freepik

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo, ou TOC, é caracterizado por pensamentos e medos irracionais que desencadeiam obsessões e comportamentos compulsivos.

Geralmente, se associam a rotinas no dia a dia, que interferem nas habilidades sociais e funcionais do paciente. Por exemplo, algumas dessas manifestações incluem um temor excessivo de germes ou uma compulsão por organizar objetos de maneira específica.

No entanto, não se restringe a desconfortos ou preferências, mas sim uma necessidade patológica que impede o portador do TOC de seguir sua rotina sem atender à obsessão.

Como consequência, pode levar a um afastamento social devido à ansiedade extrema que causa.

Os sintomas tendem a se desenvolver gradualmente e sua intensidade pode variar ao longo dos anos, podendo se manifestar na infância e piorar na vida adulta. Diversos casos apresentam transtornos quase incuráveis na terceira idade, prejudicando a qualidade de vida do paciente.

O tratamento, conforme explicado pelo psicólogo Luís Fernando Zambom, mestre em psicologia clínica pela PUCRS e professor da Famaqui (Faculdade Mário Quintana), pode envolver tanto psicoterapia quanto medicamentos, com o objetivo de encorajar os pacientes a enfrentarem seus medos e reduzirem seus rituais compulsivos.

Contudo, outras alternativas estão em estudo, como o implante para TOC, onde o dispositivo é inserido diretamente no cérebro.

Como funciona o tratamento com implante para TOC

Essa nova alternativa para o tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, conhecida como Estimulação Profunda do Cérebro (ou DBS, do inglês Deep Brain Stimulation), tornou-se destaque.

Em suma, esse procedimento implica a inserção de um dispositivo através de uma pequena abertura no crânio, com a promessa de melhorar os sintomas de origem neurológica por meio da eletroestimulação.

Finos eletrodos emitem pulsos elétricos controlados em áreas específicas do cérebro, visando equilibrar a atividade neural e proporcionar alívio ao paciente. Os médicos relatam que a cirurgia tem uma duração média de 4 horas.

Dado que não há uma cura definitiva para o TOC, o tratamento é contínuo ao longo da vida do paciente. Portanto, este permanece sob a supervisão de médicos, que podem monitorar o implante remotamente através de Bluetooth.

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De acordo com Wuilker Knoner Campos, neurocirurgião, a equipe realiza uma programação no computador e envia para o aparelho do paciente.

Os eletrodos inseridos no cérebro se conectam por meio de cabos a uma bateria, chamada gerador, que é implantada abaixo da pele no tórax, em um procedimento semelhante ao de um marca-passo cardíaco.

O especialista menciona que o gerador implantado no tórax tem uma vida útil de até dez anos, requerendo substituição ao longo do tempo. Entretanto, o processo de substituição é significativamente menos invasivo.

Quanto aos candidatos para receber o implante para TOC, trata-se de uma opção destinada a casos crônicos ou mais graves, nos quais o tratamento com medicamentos e terapia não proporciona melhora satisfatória.

Quanto custa?

Conforme levantamento, o custo médio total do procedimento gira em torno de R$ 100 mil. O Sistema Único de Saúde (SUS) já realiza um processo semelhante, mas para tratar outras condições médicas, como epilepsia e Parkinson, por exemplo.

O uso dessa técnica para o tratamento de doenças psiquiátricas ainda está pendente de avaliação por parte da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e das seguradoras de saúde, conforme destacado pelo neurocirurgião.

Contudo, se receber aprovação, pode ser revolucionário para os pacientes que sofrem desse transtorno em diferentes níveis.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Freepik, Freepik

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