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Pastor da Igreja Universal diz a jovem que “tem que passar chapinha” e ela o denuncia por racismo

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Uma assistente de produção de 23 anos denunciou o pastor Lázaro Augusto da Rosa, da Igreja Universal, por racismo no ambiente de trabalho. A denúncia por ato de racismo foi feita depois que Ana Clara da Mota Santos ouviu do pastor: “Ana, Ana, tem que passar chapinha”.

De acordo com a assistente de produção, a fala se deu durante a gravação de um programa em Belo Horizonte. Assim sendo, com apoio do pai e advogado, Cláudio Anderson dos Santos, ela conseguiu recuperar a gravação de áudio para comprovar a conversa.

Na última segunda-feira (16), ela levou a prova à delegacia, no mesmo dia em que sofreu a agressão verbal. A polícia investiga o caso atualmente e a Igreja Universal se pronunciou.

Ana Clara confirma que, embora a prática seja parte do cotidiano no trabalho, dessa vez a ofensa ultrapassou os limites, ocorrendo na frente dos colegas. “Ele sempre fez essas brincadeiras nos corredores, geralmente relacionadas a cabelo. Dizia sobre dread, insinuava que era cabelo de mendigo. Desta vez, quando fui fazer uma observação técnica sobre um brilho no rosto dele, ele partiu para este ataque falando sobre chapinha.”

Silenciamento

Reprodução

De acordo com ela, ao ouvir a fala, ela começou a chorar e a equipe teve que parar a gravação do programa. Depois, ela diz que foi encaminhada a uma sala, em uma espécie de reunião secreta e foi informada que deveria abafar o caso. Disseram que se ela levasse o caso à delegacia, “seria um problema grande”.

Portanto, Ana Clara conta que a vontade de fazer Justiça superou o medo e a possibilidade de perdeu seu emprego como assistente de produção. Isso porque, dessa vez, ela poderia provar, visto que “nunca somos levados a sério”, disse ela.

Além disso, a assistente ressalta que “tentaram me colocar como louca, mas a verdade é que até a equipe parou. Era racismo sim. Me levaram para a sala do diretor, que disse que iria conversar com o pastor, e que ele seria punido em uma espécie de lei interna deles, mas que ninguém saberia. Tentaram inverter como se eu fosse o problema.”

Ana Clara explica que é cristã, mas que não é adepta da Igreja Universal. Porém, ela destaca que não há distinção religiosa para ocupar uma vaga de emprego na TV deles.

“Tem muita gente profissional e boa de serviço aqui, e não importa tanto a religião, mas, infelizmente, os pastores muitas vezes têm seus excessos”, completou. Ana Clara interrompeu o curso de Cinema na PUC Minas no 7º período.

Pai e advogado

O pai de Ana, que também é advogado, irá representar a filha. Assim, Cláudio Anderson dos Santos afirmou que irá entrar com uma ação cível e trabalhista, além da criminal, que já foi iniciada com a denúncia.

“As medidas judiciais são o mínimo que podemos fazer em uma hora dessas”. O advogado destaca que a falta de denúncias contribui para a repetição das situações.

“Criamos nossos filhos para dar a eles a responsabilidade de trabalharem sua identidade, que é afro e é linda, e saber que todos somos iguais, pelas leis jurídicas e até divinas. Vamos levar para frente sim porque crime é para ser punido, e mostrar às pessoas que ninguém deve se calar com esse tipo de violência. Deixar de denunciar é aceitar o racismo estrutural como a regra.”

Ele também contou que nenhum representante da Igreja Universal o procurou. “Sou pai, cidadão e jurista. Vocês não estão cansados dessas afrontas, sempre de cima, até do governo, ou de gente importante, ou de supostos líderes, seja de quem for, com o recado de que devemos simplesmente aceitar racismo, homofobia, misoginia, xenofobia como se fossem naturais?”, desabafou.

Resposta da Igreja Universal

A Igreja Universal disse em nota que apura internamento o acontecimento e que ele “não reflete a cultura inclusiva e de total respeito a todos”. “Quem frequenta qualquer culto da Universal, em qualquer país do mundo, comprova que bispos, pastores e fiéis são de todas as origens, etnias e tons de pele, de todas as classes sociais”, diz o comunicado. O pastor não se manifestou.

Fonte: UOL

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