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Pesquisadores encontram artefatos da Primeira Guerra Mundial nos Alpes italianos

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Por quase 100 anos, parte de uma montanha que integra os Alpes italianos manteve vestígios da Primeira Guerra Mundial sob suas espessas camadas de gelo. Os vestígios em questão estão no local desde que os soldados austríacos abandonaram a região – especificamente uma caverna, no Monte Scorluzzo -, no dia 3 de novembro de 1918. A presença dos objetos se revelou somente agora, com o derretimento do gelo que assola em determinada limitação dos Alpes italianos.

Vestígios da Primeira Guerra Mundial

Com parte do gelo se exaurindo dos Alpes italianos, uma equipe de pesquisadores teve a oportunidade de ficar frente a frente com uma série de artefatos emocionantes da Primeira Guerra Mundial em uma das cavernas que integra a área. De acordo com uma reportagem publicada pelo portal de notícias All That is Interesting, a caverna já era conhecida por historiadores e arqueólogos, mas por conta da forte presença de gelo no local, nenhum profissional teve a possibilidade de vistoriar seu interior.

As varreduras e as pesquisas na região começaram em 2017, época em que os Alpes italianos começaram a perder quantidade suficiente de gelo para permitir a entrada dos profissionais. Neste ano, com a conclusão do trabalho de campo, os pesquisadores encontraram alimentos, pratos, jaquetas feitas de peles de animais, colchões de palha e até mesmo jornais e cartões postais.

Os itens são, sem sombra de dúvida, extremamente importantes não só para os fãs da Primeira Guerra Mundial, mas também para toda a classe científica. Os vestígios ajudarão os especialistas a entenderem melhor as experiências e o modo de vida dos soldados que durante a guerra lutaram nas gélidas montanhas. “Os artefatos são uma representação, e funcionam como uma máquina do tempo. É por meio deles que descobriremos, por exemplo, as condições extremas que a Primeira Guerra Mundial impôs”, disse o historiador Stefano Morosini à CNN.

Soldados

Os pesquisadores acreditam que cerca de 20 soldados austríacos habitaram a caverna em que os objetos foram encontrados. A caverna, conforme revelou a reportagem publicada pelo portal All That is Interesting, fica a uma altitude de 30 metros. Por conta da localização, os especialistas desejam, agora, descobrir como os soldados conseguiram enfrentar as adversas situações da guerra onde as temperaturas podem cair para -40 graus Fahrenheit.

Para preencher tal lacuna e entender melhor o cenário, novos estudos devem ser realizados. Não obstante, os pesquisadores apostam que a grande maioria dos soldados morreram por conta de avalanches ou da hipotermia do que em combate. “Os soldados, provavelmente, tiveram que lutar não só com o inimigo, mas também contra um ambiente de características extremas”, explicou Morosini.

Os soldados que vivenciaram tal experiência participaram de um período da Primeira Guerra Mundial que poucas pessoas viveram – a Guerra Branca. Essa frente foi travada entre as forças da Itália e do Império Austro-Húngaro em trechos desolados dos Alpes italianos.

Esse movimento em questão só cessou depois de três anos e meio, momento em que os soldados austríacos que viviam na caverna do Monte Scorluzzo recuaram. À data da evacuação, a Primeira Guerra Mundial estava dando seus últimos sinais de vida. Os italianos saíram vitoriosos.

“As descobertas na caverna do Monte Scorluzzo nos dão, depois de mais de cem anos, uma fatia da vida que existiu a mais de 3.000 metros acima do nível do mar, que se exauriu em 3 de novembro de 1918, quando o último soldado austríaco deixou o local”, afirmou o Museu da Guerra Branca, em Adamello, por meio de um comunicado emitido à imprensa.

Pontos

O gelo que domina os Alpes italianos não só conservou os vestígios que citamos acima como também preservou inúmeros cadáveres de soldados que morreram no conflito. “Um cadáver é encontrado a cada dois ou três anos, geralmente em locais onde houveram combates”, disse Ghizzoni.

Segundo consta na reportagem publicada pelo portal de notícias All That is Interesting, em 2020, desbravadores que passeavam pela área encontraram o cadáver congelado de um soldado da Primeira Guerra Mundial envolto em uma bandeira italiana. Alguns anos antes, os corpos de dois soldados que também atuaram durante a Primeira Guerra Mundial foram encontrados por turistas.

“O conhecimento que podemos reunir hoje sobre as relíquias é uma consequência positiva da triste mudança climática”, pontuou o profissional.

As consequências que a mudança climática acarreta nos Alpes italianos são marcantes. Uma das maiores geleiras da Itália, chamada Forni, perdeu mais de três quilômetros de gelo no último século e quase 800 metros apenas nos últimos 30 anos. A perda de gelo tem ocasionado diversos deslizamentos de terra, o que prejudica a vida selvagem e dos residentes locais – em 1987, por exemplo, um deslizamento matou 43 pessoas.

Os artefatos coletados serão preservados em um novo museu dedicado à Primeira Guerra Mundial na cidade italiana de Bormio, com inauguração prevista para 2022.

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