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Ponto Nemo: o que existe no “cemitério espacial”

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O Ponto Nemo é o local mais remoto e distante de qualquer solo firme em nosso planeta, e também o cemitério de espaçonaves, estações espaciais e de outros grandes objetos espaciais que foram desativados. A região é conhecida como “área desabitada do oceano Pacífico Sul”.

O local é conhecido por ser bastante remoto. O Ponto Nemo fica localizado a 48⁰25.6’ na latitude sul e 123⁰23.6’ na longitude oeste. Além disso, as pessoas mais próximas da região são as que estão a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), que orbita a Terra a cerca de 400 km de altitude. Do Ponto Nemo até a terra firme, no Sul da Antártica, são cerca de 2.700 km.

Como não existem ilhas próximas e poucas embarcações comerciais passam pelo local, ele é utilizado para descartar antigas naves espaciais em segurança, sem expor pessoas e construções aos perigos de possíveis quedas de detritos. Por causa disso, a Área Desabitada do Pacífico Sul se tornou um grande cemitério espacial, que ocupa 3.000 km de norte a sul e a 5.000 km de leste a oeste.

O local fica entre a zona batial e a zona abissal, a aproximadamente 4 km abaixo de onde as ondas se formam. Além disso, como a área é escura, conta com poucos peixes e é o lar de esponjas marinhas, estrelas do mar, lulas, polvos e outros animais, que vivem em meio aos detritos espaciais.

O cemitério espacial

Foto: Reprodução

Devido à ação da gravidade, deixar veículos espaciais na órbita terrestre indefinidamente é algo bem perigoso. Isso porque a massa da Terra exerce a atração gravitacional em tudo que está na órbita e pouco a pouco atrai esses objetos. Por causa disso, se não forem descartadas corretamente, naves cargueiras, satélites e até a Estação Espacial Internacional podem entrar descontroladamente na Terra.

Apesar desse processo queimar o objeto, os detritos que sobram são perigosos para os terrestres. Por esse motivo, as agências espaciais responsáveis pelas naves notificam as autoridades marítimas e de aviação no Chile e na Nova Zelândia, que compartilham a responsabilidade pelo tráfego na Área Desabitada do Pacífico Sul, informando sobre o horário e local em que os detritos vão cair.

Logo depois, começa a reentrada controlada. Os objetos entram na atmosfera em direção ao fundo do oceano. Nesse momento, as autoridades marítimas e de aviação devem avisar os comandantes de aeronaves e embarcações para evitar o local.

“Mesmo em entradas controladas, não há um ponto exato de pouso”, informou Holger Krag, diretor do Escritório de Detritos Espaciais na Agência Espacial Europeia (ESA). Krag acrescenta que, por esse motivo, grandes áreas são necessárias. “A natureza do processo de rompimento [das naves] é o motivo pelo qual precisamos de uma área bem grande, para garantir que todos os fragmentos vão cair nela, porque eles não vão cair em um só lugar.”

Entre os anos de 1971 e 2016, agências espaciais de todo o mundo desativaram cerca de 260 naves no local. No Ponto Nemo, estão submersos restos de antigas estações espaciais soviéticas, naves russas de abastecimento, naves cargueiras da Agência Espacial Europeia e outras dos Estados Unidos. Estima-se que os detritos delas estão a 1km de distância, isso porque a entrada de uma grande nave pode se estender por uma área de 1.601 km.

Impactos para a vida marinha do Ponto Nemo

Foto: Xapuri

Jonathan McDowell, astrofísico do Harvard-Smithsonian Center, informa que atualmente os veículos espaciais estão sendo conduzidos para outros locais. “Algumas das naves russas vão para o Oceano Índico, enquanto outras vão para o Atlântico Norte, como na Baía de Baffin”, destacou. 

Vale ressaltar que o atual objetivo da indústria espacial é diminuir a quantidade de detritos no espaço, para reduzir as interferências com sistemas de comunicação na Terra e os riscos nas explorações espaciais.

Isso significa que os objetos que estão no espaço terão que descer em algum momento. Por outro lado, os impactos que os objetos causam nos ecossistemas oceânicos é desconhecido. Isso porque existem poucas pesquisas que estudam os impactos do lixo espacial.

A arqueóloga espacial na Flinders University, Alice Gorman, explica que apesar de várias partes das naves espaciais queimarem enquanto voltam para a Terra, partes mais robustas, como tanques de combustível, podem ser problemáticas dependendo do composto que carregam. “Os combustíveis de algumas naves são tóxicos – a hidrazina, por exemplo. Mas os combustíveis criogênicos não são”, destacando que a hidrazina é um dos principais materiais usados atualmente.

Apesar dos impactos ambientais, não existe opção mais segura para o descarte. “Se deixarmos [objetos] em órbita sem combustível para ajudar a manter suas posições, estas naves iriam descer e não teríamos controle sobre onde elas iriam pousar.”

Para o Dr. Brad Tucker, astrônomo do Mount Stromlo Observatory, essa não é a melhor a solução. “Na verdade, não gostamos dela. É a opção menos ruim que temos”, acrescenta. Além disso, ele explica que a região é conhecida por ter praticamente um recife artificial formado por pedaços de objetos espaciais.

Já o pesquisador do Alfred Wegener Institute, Autun Purser, explica que por causa das correntes oceânicas, o local possui animais, mas não uma grande diversidade biológica. Enquanto Holger Krag, diretor do Programa de Segurança Espacial na ESA, afirma que a maioria dos objetos descartados lá não eram tóxicos.

Espaçonaves que estão no Ponto Nemo

Foto: Reprodução

O cemitério espacial do Ponto Nemo abriga mais de 140 naves cargueiras da Rússia, veículos espaciais cargueiros do Japão, veículos automatizados de transferência da Europa e estações espaciais da antiga União Soviética.

Entre as estações que estão no cemitério está a Mir, que foi lançada em 1986 pela antiga União Soviética. A estação foi desativada em 2001 e desorbitada por uma nave Progress, da Rússia. Cerca de 25 toneladas do material resistiram e afundaram no oceano. Além disso, ela entrou na atmosfera a cerca de 99 km de altitude, e começou a se desintegrar a 95 km.

Foto: CMSA

Outra estação espacial enterrada no local foi a Tiangong-1, da China. Ela fazia parte de um projeto voltado para a construção de uma estação com vários módulos. Apesar de no ano de 2012 a Tiangong-1 ter entrado em hibernação, as autoridades chinesas conseguiram mantê-la funcionando por mais um tempo. No entanto, em 2016 o país perdeu contato com a estação e como não conseguia controlar, ela retornou para Terra. Os componentes que sobreviveram à reentrada na terra mergulharam a milhares de quilômetros no Ponto Nemo.

Foto: Wikipédia

O Jules Verne, o primeiro veículo automatizado de transferência (ATV) da Agência Espacial Europeia (ESA), foi desativado em 2009 após realizar atividades no laboratório orbital, ISS. Ele se rompeu a aproximadamente 75 km acima do Cemitério Espacial, e levou 12 minutos para que os restos mergulhassem no pacífico.

Foto: Nasa/Roscosmos

Apesar da Estação Espacial Internacional (ISS) estar orbitando há 20 anos no espaço e seus componentes darem sinais de desgaste, a Nasa afirmou que pretende mantê-la ativa até 2030. Após isso, ela retornará à Terra em um mergulho no Ponto Nemo.

Fonte: CanalTech

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