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Por que as antas correm risco de extinção?

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O maior mamífero do Brasil, a anta, pode estar em risco de extinção. De acordo com dois pesquisadores que estudam o animal há 15 anos e que compilaram dados sobre ela em mais de 93 reservas na Mata Atlântica, o principal motivo é a caça e a construção de estradas. No entanto, o estudo publicado em janeiro, na revista Neotropical Biology and Conservation, mostra um lado positivo, visto que os esforços de conservação apresentaram resultados e podem ser a esperança para continuação da espécie.

A anta pode pesar até 250 quilos e ocupa áreas de Mata Atlântica no Brasil, na Argentina e no Paraguai. Os especialistas conseguiram mapear, durante os anos de estudo, 48 populações do animal distribuídas nestes três países. Entre os estados com maior número de populações remanescentes, está São Paulo e Paraná no topo da lista. Enquanto os maiores grupos são encontrados em Misiones (Argentina), no Paraná e no Rio Grande do Sul (Brasil).

De acordo com os estudiosos, o problema é que o número das antas está diminuindo devido à caça, além de os animais de diferentes populações não conseguirem se encontrar. O que impede essa reunião não é a distância, mas sim as barreiras físicas das rodovias.

“O problema central são as múltiplas ameaças que eles enfrentam ao cruzar o habitat”, afirmou , por meio de nota, Kevin Flesher, pesquisador do Centro de Estudos da Biodiversidade da Reserva Ecológica Michelin. 

Patrícia Medici, coordenadora da Lowland Tapir Conservation Initiative e segunda autora do estudo, acrescentou por meio de nota que, ao atravessar as rodovias como a BR-101, que corta boa parte do país, as antas acabam sendo atropeladas. “É uma armadilha mortal para a vida selvagem. Muitas vezes as antas morrem ao tentar atravessá-la.”

Isolamento populacional das antas

Patricia Medici

Visto que não conseguem se encontrar, esses animais não se reproduzem. Ainda de acordo com o estudo, é ilustrada a ameaça de isolamento populacional para a perpetuação da espécie. Entre as 48 populações estudadas, de 31,3% a  68,8% aparentam estar demograficamente inviáveis, isso significa que estão em risco devido ao baixo número de animais.

Enquanto isso, entre 70,8% e 93,8% eram geneticamente inviáveis devido ao baixo fluxo gênico, que simboliza o movimento de genes entre uma população e outra. Esse movimento é impedido pelas estradas e rodovias, o que dificulta o encontro entre antas de populações diferentes.

“O atropelamento é uma causa significativa de morte em seis das oito reservas em que populações de antas são atravessadas por rodovias, e a expansão da malha viária no país ameaça causar fragmentação populacional em pelo menos quatro populações”, declara Flesher.

Vale acrescentar que as antas são animais com ciclo de reprodução lento. Isso porque as gestações demoram de 13 a 14 meses, geralmente nasce apenas um filhote por vez. Outra complicação é que as gêmeas só conseguem engravidar três anos após o nascimento.

Para os dois autores do estudo, as medidas de conservação dão o único caminho para evitar a extinção da anta, além disso, o histórico destas medidas pode até gerar uma dose de otimismo.

“Apesar desses desafios contínuos para a conservação da anta, a maioria das populações parece estar estável ou aumentando e as perspectivas de conservação para a espécie são melhores do que há várias décadas, quando começaram os primeiros esforços para protegê-la”, afirma o pesquisador.

Fonte: Revista Galileu

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