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Por que descobrir ”nada” é tão importante na ciência?

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A ciência é um ramo do conhecimento que está em constante mudança e aprimoramento. Assim como na vida, nela, comemora-se as grandes novidades. Ademais, esse ramo do conhecimento está sempre confirmando conceitos e ideias. Como exemplo disso, a existência de buracos negros através das ondulações que eles criam no espaço-tempo.

Entretanto, o que geralmente não se ouve falar são os anos de trabalho árduo e exaustivo que apresentam resultados inconclusivos, o que parece não oferecer evidências para as perguntas dos cientistas.

Contudo, sem essas não-detecções, o que se chama de resultado nulo, o progresso da ciência seria retardado e até mesmo bloqueado. Tudo isso porque esses resultados nulos levam os cientistas para frente. São eles que impedem que os cientistas repitam os mesmos erros. Além disso, eles também moldam a direção em que os estudos futuros devem ir.

Ciência

Popular mechanics

Como resultado, se vê que se aprende muito na ciência com o nada. O ponto é que esses resultados nulos não chegam até as publicações científicas. Assim, isso não apenas pode gerar ineficiências significativas como a ciência é feita, como também pode ser um indicador de problemas que podem ser potencialmente maiores nos processos de publicação científica.

“Sabemos que existe esse efeito de distorção poderoso de não publicar resultados nulos. Resolver o problema não é simples, porque é muito fácil gerar um resultado nulo executando um experimento ruim. Se inundássemos a literatura com ainda mais resultados nulos, gerando estudos de baixa qualidade, isso não ajudaria necessariamente o problema fundamental, que é, em última análise, obter as respostas certas para questões importantes”, disse o psicólogo Marcus Munafò, da Universidade de Bristol.

Essa hipótese nula define os parâmetros nos quais os resultados de um estudo seriam indistinguíveis dos ruídos de fundo. Um exemplo disso é a interferometria de onda gravitacional. Isso porque, os sinais que são produzidos pelas ondas gravitacionais são bem fracos. Além disso, existem várias fontes de ruídos que podem afetar os sensores.

Então, uma detecção confirmada só poderia ser feita depois que se descartasse essas fontes de maneira conclusiva. Se essas fontes não podem ser descartadas, isso é o que se chama de resultado nulo. O que não quer dizer que as ondas gravitacionais não foram detectadas, mas sim que não se pode determinar se a detecção foi feita com certeza.

Experimento

Science Alert

Desse modo, quando usado de forma correta, um resultado nulo na ciência pode produzir algumas descobertas extraordinárias. Um dos exemplos mais famosos é o experimento de Michelson-Morley, feito pelos físicos Albert A. Michelson e Edward W. Morley, em 1887.

No experimento, os físicos queriam detectar a velocidade da Terra com relação ao éter luminífero, o meio através do qual a luz foi pensada para viajar. Conforme nosso planeta se movia no espaço, os físicos levantaram uma hipótese. Tratava-se da ideia de que as ondas de luz que se aproximam ondulando, através de um oceano de éter perfeitamente imóvel, em todo o Universo, deveriam se mover a uma velocidade ligeiramente diferente daquela que ondula em ângulos retos com ele.

Por mais que os experimentos feitos por eles tenham sido bem meticulosos, eles não detectaram nada. Portanto, o resultado nulo mostrou que a velocidade da luz era constante em todos os referenciais. Ponto que Einstein iria explicar com sua teoria da relatividade espacial.

“Experimentos nulos são apenas uma parte de toda a gama de observações. Às vezes você vê algo novo e incrível e às vezes você vê que não”, disse o astrofísico George Smoot III, da UC Berkeley.

Importância do nada

Forbes

Por conta disso que, para a ciência, não publicar esses resultado nulos pode levar à ineficiência. O que pode ser ainda pior é que pode até desencorajar jovens cientistas a seguirem suas carreiras.

Portanto, encorajar os cientistas a exporem resultados negativos pode, às vezes, ter um lado bastante positivo.

“Obter a resposta certa para as questões certas é importante. E às vezes isso significará resultados nulos. Mas acho que devemos ter cuidado para não tornar a publicação de um resultado nulo um fim em si mesmo. É um meio para um fim, que nos ajuda a chegar à resposta certa, mas precisa de mais do que apenas a publicação de resultados nulos para chegar lá”, concluiu Munafò.

Fonte: Science Alert

Imagens: Science Alert, Popular mechanics, Forbes

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