Curiosidades

Psicopata mirim: crianças perversas

0

Dizem que não há maldade em crianças, mas será que isso está correto? Quem já viu bullying nas escolas e a forma como algumas crianças tratam seres mais vulneráveis como animais geralmente discordam. Afinal, um psicopata nasce assim?

“Para mim, isso era coisa de filme”, disse Jussara em entrevista à Superinteressante por telefone, demonstrando sua voz embargada. Ela contou como percebeu comportamentos estranhos no seu filho quando ele tinha apenas 6 anos de idade. Por mais que o diagnóstico clínico de psicopatia só possa ser feito a partir dos 18 anos, especialistas afirmam que é possível captar sinais ainda durante a infância.

Alguns sinais em crianças psicopatas é que elas mentem muito, manipulam, são impulsivas e egocêntricas ao extremo. Além disso, são cruéis. Ao redor do mundo, existem relatos terríveis de crianças que queimam cachorros, estripam gatos ou pior, podem sufocar um irmão sem sentir culpa nem remorso. Tentam queimar a casa e pensam constantemente em destruir tudo.

Assim, na adolescência, é comum que pratiquem diversos tipos de crimes, de simples roubos a atos de violência sexual e homicídios macabros. Tudo isso sem um motivo a não ser o puro instinto e vontade.

Infelizmente, os pais geralmente não podem impedir que sua criança seja psicopata, visto que estudos sugerem que a psicopatia pode ser causada por problemas estruturais no cérebro. Com isso, ela não pode ser anulada por uma boa educação e uma família amorosa. Basicamente, é como se os psicopatas já nascessem maus e suas famílias são sentenciadas a viver com isso.

Existem diferentes formas de a psicopatia se manifestar em uma criança. Confira alguns relatos.

Reprodução

Medo em casa

Desde pequeno, Gustavo já batia nos pais e em outras crianças. Aos 13 anos, ele foi internado num hospital psiquiátrico por sua agressividade e impulsividade. No entanto, nada mudou e a mãe levou a culpa por não saber educar o filho.

“Minimizavam a situação, falavam que Gustavo tinha apenas uma adolescência conflituosa.” O garoto ainda roubou dinheiro da família, destruiu a casa 3 vezes, cortou a orelha do pai e golpeou as costelas da mãe, o que rendeu uma internação no hospital. “Às vezes, eu acordava no meio da noite e ele estava nos observando dormir. Percebi que nos mataria a qualquer momento”, conta a mãe. “Enfrentei todas essas situações, esperei o que estipula a lei (protegê-lo até os 21 anos) e dei por terminado esse calvário”.

Em 1992, a mãe tomou a decisão de expulsar o filho de casa após fazer terapia e perceber que não havia solução. “Muitas mães continuam carregando essa situação nos ombros. Outras morrem nas mãos de seus filhos”, afirma.

Hoje, aos 40 anos, Gustavo ainda tenta contato com seus pais, mas não é para recuperar sua família, e sim para prejudicá-la. Na única vez que os pais o deixaram entrar na casa, ele roubou objetos.

“Continuo em terapia porque a dor de perdê-lo foi dilacerante. Senti culpa e saudade, mas sei que para ele eu não valho nada”, diz a mãe.

Criança abusadora

A mãe do garoto já percebeu que havia algo de errado em seu filho desde a amamentação. “Desde que ele mamava no peito, eu percebi que não estabelecia um vínculo afetivo. Mas ele era agradável com as outras pessoas, tão charmoso e atraente, não me preocupei muito”.

“Aos 7 anos, vi que algo realmente estava mal: eu tinha de mantê-lo longe dos dois irmãos mais novos para evitar que os agredisse. E o peguei abusando sexualmente da gata do vizinho”, diz ela.

Então, aos 12 anos, o garoto foi acusado de abuso sexual contra uma mulher e passou alguns anos detidos por essa e mais 7 ações do tipo. Contudo, ele sempre negou a culpa.

“Nós demos educação, carinho, viagens, imóveis – e ele arruinou tudo”, conta a mãe. “Ele tinha sempre um motivo para pedir dinheiro emprestado, que nunca devolvia. Nos extorquiu US$ 200 mil”, afirma ela.

Hoje em dia, o garoto é pai de uma criança de 4 anos. “Meu maior temor é que ele faça mal a meu neto, que vive com a mãe a 3.200 km da cidade onde eu e meu filho vivemos”.

“Predadores são predadores, mesmo que sejam nossos filhos. Não importa o que você fizer, eles vão sempre desrespeitar, ameaçar, desprezar e odiar você. Negar esse fato só causa mais dor”, diz a mulher.

Assassino

Aos nove anos, um garoto paulista enforcou a empregada de sua casa usando a gravata do seu pai. “O menino apresentava um distúrbio de comportamento violentíssimo. Esfregava fezes na parede ou as atirava nas pessoas. Também tinha perversões sexuais com crianças do mesmo sexo”, revela, sob anonimato, o médico que o atendeu. “O garoto não era vítima de pedófilos maiores de idade. Ele é que tomava a iniciativa das ações sexuais. Pegava pedaços de madeira para empalar outras crianças, por exemplo.” O caso da empregada foi abafado pela família, e não houve punição para o garoto.

Assim como ele, os psicopatas não possuem uma gama extensa de sentimentos. Eles não sentem amor, ternura, empatia e nem tristeza. “Vivem num pêndulo entre duas emoções básicas: o entusiasmo (para buscar os objetivos) e a ira (quando se frustram por não realizá-los)”, diz o psiquiatra Hugo Marietan. “Mas estudam os sentimentos das outras pessoas com o objetivo de manipulá-las”.

Mesmo que haja choro, trata-se de um teatro para conseguir algo e, como resultado, tragédias como as relatadas podem acontecer.

Fonte: Superinteressante

Não é só você que está com problemas no WhatsApp Web

Artigo anterior

Fernanda Souza e a importância de não rotular a sexualidade alheia

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido