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Relatório surpreendente descobre que 110 mil pessoas foram contaminadas por testes nucleares franceses

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Se você fosse testar e eficácia e o alcance de uma bomba nuclear, aonde você faria esse teste? Por razões óbvias, o local seria um lugar bem distante da civilização. Então, normalmente, a grande maioria dos locais usados para testes nucleares em vários países, são lugares remotos e pouco conhecidos, localizados muito longe do acesso do público e também de possíveis espiões de outros países.

No entanto, a França fez, durante décadas, polêmicos testes nucleares nas ilhas da Polinésia Francesa. Agora, foi revelado em um novo relatório a verdadeira escala de um desastre absoluto que, de acordo com os pesquisadores, foi escondido e ignorado por décadas.

A França começou em segredo, em 1966, uma nova rodada de testes nucleares nos atóis polinésios de Moruroa e Fangataufa. Esse programa militar confidencial continuou por 30 anos até terminar em meio a protestos em massa em 1996. Mas até lá, 200 explosões nucleares já tinham sido disparadas.

Testes nucleares

Uma nova investigação de dois anos foi feita por um grupo de pesquisadores de segurança internacional, cientistas de dados e jornalistas investigativos. Essa equipe reuniu e analisou um arquivo de cerca de duas mil páginas de documentos militares e do governo francês que, agora, já não são mais confidenciais.

Além dessa análise, a equipe entrevistou dezenas de pessoas, incluindo habitantes polinésios, ex-militares e cientistas. Tudo isso para conseguir uma visão mais clara dos 193 testes nucleares que foram disparados nos locais de Moruroa e Fangataufa.

As conclusões que o relatório mostrou, baseadas em uma nova modelagem 3D baseada nos dados para extrapolar a extensão das regiões povoadas inundadas com precipitação radioativa na esteira das explosões, são bastante chocantes.

“Segundo nossos cálculos, com base em uma reavaliação científica das doses recebidas, cerca de 110 mil pessoas foram infectadas, quase toda a população polinésia na época”, explicaram os pesquisadores.

Evidências

As evidências encontradas nos documentos sugerem que a contaminação de partículas radioativas em regiões povoadas foi base para um grupo de casos de câncer que afetou os habitantes locais.

Por mais que vários testes inseguros tenham sido feitos nos primeiros anos do programa, as armas mais poderosas disparadas na década de 1970 tinham mais riscos para os civis da Polinésia Francesa. Os testes feitos entre 1971 e 1974 liberaram grandes quantidades de nuvens de partículas radioativas que foram transportadas pelo vento sobre os habitantes da região.

O pior de tudo é que os cientistas militares da época sabiam que a contaminação do solo, ar e água potável era um perigo muito grande, principalmente para as crianças vulneráveis. E várias delas acabaram desenvolvendo câncer nos anos seguintes a esses testes.

E mesmo que no momento dos testes as previsões do tempo mostrassem que o vento carregaria as nuvens tóxicas para as ilhas povoadas, as autoridades não atrasaram os testes.

Alto número de afetados

Especificamente em 1974, a explosão de um dispositivo chamado Centaure expôs 110 mil polinésios a quantidades significativas de radiação. Para se ter uma noção, na época, a população total da Polinésia Francesa era pouco mais de 125 mil.

Ao longo das décadas, as avaliações militares de risco de exposição tem constantemente subestimado e negado a extensão dos perigos. E até o momento, somente 454 pessoas receberam compensação do governo francês por conta dos impactos na saúde provocados pelos testes nucleares. Mais de 80% dos pedidos foram rejeitados pelas autoridades sem nenhuma explicação.

Agora, com base nessas novas descobertas, dezenas de milhares de pessoas podem reivindicar, de forma legitima, uma compensação por esses erros do passado. Já que agora eles tem novos dados apoiando seu caso e uma enorme quantidade de evidências disponíveis publicamente.

“Existem cerca de 110.000 pessoas, e não 10.000, como as autoridades de saúde locais suspeitam, que poderiam potencialmente exigir uma compensação do estado francês, caso desenvolvessem um dos cânceres reconhecidos. No entanto, até agora, o número de polinésios da população civil, isto é aqueles que não estavam no exército nem entre aqueles especificamente contratados como prestadores de serviços, que receberam indenizações totalizou apenas 63. Isso é um verdadeiro fiasco”, concluíram os pesquisadores.

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