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Tribunal alemão decide que ter baixa estatura não é doença

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A diversidade no mundo é bem grande, e um dos pontos que podemos vê-la é na diferença de estatura das pessoas. O curioso é que algumas pessoas tentam usar seu tamanho para conseguir coisas, como o caso dessa mulher na cidade de Bremen, no noroeste da Alemanha.

A mulher acionou seu plano de saúde para ter o direito a uma cirurgia de alongamento de membros. Mas depois de analisar o processo feito por ela, o tribunal da cidade alemã decidiu, na última segunda-feira, que ter baixa estatura não é uma doença.

A autora do processo insistia que seu tratamento deveria ser pago pelo seu plano de saúde, mas a seguradora argumentou que ter uma estatura abaixo do normal não deveria ser uma coisa coberta pelo plano. Até porque, ela não representava uma deformação em termos legais.

“O alongamento da perna por si só não era suficiente para justificar esta cirurgia invasiva”, disse a seguradora em um comunicado.

Baixa estatura

Na ponta do pé

De acordo com as alegações da mulher, ela tinha síndrome de Noonan. Essa é uma condição genética que impede o desenvolvimento de partes do corpo. Ela ainda ressaltou que sua altura de 1,5 metros a colocava entre os 3% de mulheres mais baixas e essa estatura colocava vários desafios em sua vida cotidiana.

Além disso, a mulher também disse que não era vista como uma pessoa em sua plenitude. E esse motivo justificaria a necessidade de uma operação de correção de altura.

“A reclamante teve fases depressivas recorrentes. Ela enfrenta deficiências na vida cotidiana, na forma de um ambiente que é muito alto”, disseram seus advogados.

Ainda segundo alegações da mulher, ela foi rejeitada em uma escola para formação de pilotos por conta da sua baixa estatura, o que mostra que suas escolhas de trabalho também eram restritas por conta disso.

Tribunal

Superinteressante

No caso, o tribunal de Bremen entendeu os argumentos da seguradora e decidiu que a empresa não tinha que cobrir a cirurgia de alongamento de pernas de seus clientes. Além disso, ele também decidiu que a estatura da mulher não constituía uma condição física irregular.

Outro ponto registrado pelo tribunal foi o de que a mulher não pediu um tratamento para sua síndrome de Noonan, mas sim, um pedido para ganhar mais altura.

Segundo o tribunal, as dificuldades enfrentadas pela mulher em sua vida cotidiana poderiam ser remediadas com um serviço de assistência, e suas questões psicológicas poderiam ser tratadas com terapia.

O tribunal também observou que ser excluída de determinadas profissões por conta da estatura “não tem impacto sobre a questão” de se o plano deve ou não pagar pela cirurgia.

O objetivo da mulher era fazer um procedimento invasivo que a ajudaria chegar em sua altura desejada de 1,60 a 1,65 metros. Nessa cirurgia, os ossos da parte superior e inferior das pernas são cortados para implantar um sistema de extensão que estica o osso e o tecido mole.

Justamente por ser uma cirurgia muito invasiva, a gama de complicações que podem surgir com essa modificação é grande, como por exemplo, má-regeneração e membros desalinhados. Além do que, existem poucos artigos publicados por cirurgiões que fazem essas operações. Isso faz com que seja ainda mais difícil estimar os efeitos na saúde do paciente a longo prazo.

Mais bravos?

USP

A sociedade tem alguns estereótipos, como o de que idosos são sábios ou de que pessoas baixas são bravas. Se você tem estatura menor, com certeza, já deve ter ouvido ao menos uma centena de vezes alguma piadinha relacionada a isso. E é claro que os especialistas do comportamento não deixariam essa informação passar. Afinal, de onde saiu esse achismo?

Provavelmente, para que surgisse essa crença, houve também alguma regularidade de comportamento entre as pessoas envolvidas. Então, seria preciso checar essa informação. Para tentar resolver isso, várias pesquisas já foram realizadas, mas ao contrário do que muitos imaginam, elas não são focadas no sexo feminino. Todas as pesquisas estão relacionadas aos homens e ao complexo de Napoleão.

No caso de Napoleão, homem que dá nome a essa condição, por ter uma baixa estatura ele recompensava a falta de tamanho travando guerras e buscando poder. O homem era conhecido por seu temperamento agressivo. Como o comportamento se apresentava com outros homens, também de estatura baixa, os cientistas decidiram analisar a fundo se havia uma justificativa para tal coincidência.

Os pesquisadores do Center for Disease Control observaram mais de 600 homens, com idades entre 18 e 50 anos. O resultado do estudo foi que os homens se sentiam menos masculinos por conta da baixa estatura. Dentro desse grupo dos que se sentiam menos másculos, a probabilidade de que eles já tivessem sido violentos ou agressivos era três vezes maior do que nos demais casos. é como se eles tentassem recompensar os centímetros a menos com seu comportamento ríspido ou rude.

Observações

O norte

Em 2018, um outro estudo realizado pela Vrije Universiteit Amsterdam confirmou a mesma informação, e divulgou uma outra pesquisa. Dessa vez, o resultado do estudo foi que os homens mais baixos reagem agressivamente em interações com homens mais altos. De acordo com o estudo, os homens se sentiam mais vulneráveis e também apresentavam níveis mais altos de paranoias.

No entanto, essas não são as únicas pesquisas a respeito, há outras que colocam essa afirmação em cheque. Por exemplo, em 2007, uma pesquisa realizada pela Universidade de Lancashire Central concluiu que o complexo de Napoleão provavelmente era um mito criado e falsamente difundido. Na verdade, o resultado foi totalmente contraditório diante das pesquisas já citadas. Uma das pesquisas inclusive concluiu que homens mais baixos são mais pacientes do que os demais.

Já um outro estudo, realizado pela Wessex Growth Study, monitorou as crianças que ingressavam na escola até a vida adulta. Nesse estudo, não foi comprovada nenhuma grande diferença quanto à personalidade e a altura do indivíduo, o que também descredibiliza toda a ideia do complexo de Napoleão e mostra que não passa de uma crença irreal.

Fonte: G1, Meio Norte

Imagens: Na ponta do pé, Superinteressante, USP, O norte 

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