Urano e Netuno não têm a mesma cor, como mostra um novo estudo

Nosso sistema solar é formado pelo sol e mais 1.700 corpos celestes menores, entre cometas, asteroides e os planetas com seus satélites. Dentre os planetas, Urano e Netuno são os considerados gêmeos. Isso porque eles têm quase mesmo tamanho e massa, além de terem composições e estruturas parecidas, até mesmo as taxas de rotação.

Contudo, o que difere esses planetas é que Netuno é de um tom atraente de azul, com tempestades visíveis. Enquanto Urano é mais pálido, delicado e inexpressivo. Mas se Urano e Netuno são tão parecidos, de onde vem essa diferença de tons de azul?

Um novo estudo afirmou ter encontrado a resposta para essa pergunta. De acordo com a equipe liderada pelo físico planetário Patrick Irwin, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, uma camada extensa de neblina diluiu a atmosfera de Urano. Como resultado, ele tem uma coloração mais pálida quando comparada à de seu gêmeo Netuno.

Urano e Netuno

“Urano e Netuno, de acordo com nossas medições dos dois planetas, são estruturados de forma muito semelhante. Um pequeno núcleo rochoso é cercado por um manto de gelo de água, amônia e metano. Em seguida, uma atmosfera gasosa consistindo principalmente de hidrogênio, hélio e metano. E, finalmente, a atmosfera superior, incluindo topos de nuvens. Mas essa atmosfera não é homogênea. Em vez disso, acredita-se que seja em camadas, como todas as outras atmosferas do sistema solar”, explicou Irwin.

Ademais, para conseguir fazer novos modelos das camadas atmosféricas, Irwin e sua equipe analisaram observações visíveis e no infravermelho próximo dos dois planetas. Com isso, eles conseguiram encontrar modelos que replicam muito bem suas observações, inclusive as tempestades em Netuno e a sombra mais pálida de Urano.

Nos modelos, Urano e Netuno têm uma camada de névoa fotoquímica. Essa camada acontece quando a radiação ultravioleta do sol quebra as partículas de aerossol na atmosfera, o que produz partículas de neblina. Esse é um processo comum e visto em outros planetas, como, Vênus, Terra, Saturno, Júpiter, no planeta anão Plutão e nas luas Titã e Tritão.

Diferenças

Essa camada é chamada pelos pesquisadores de camada de Aerossol-2. Tanto em Urano como em Netuno essa camada parece ser uma das fontes das pulverização de nuvens que se condensam em gelo de metano no limite inferior e neva mais profundamente na atmosfera. Entretanto, em Urano essa camada parece ser duas vezes mais opaca. Por conta disso que os planetas parecem diferentes.

“Uma vez que essas partículas absorvem UV, isso explica a menor refletividade UV observada de Urano e também explica porque Urano parece ter uma cor azul mais pálida para o olho humano do que Netuno, uma vez que essas partículas têm uma refletividade visível aproximadamente branca no espectro. A menor opacidade da camada de Aerossol-2 de Netuno também explica porque as manchas escuras são mais fáceis de observar na atmosfera de Netuno do que na de Urano”, explicaram os pesquisadores.

Nesse sentido, embaixo da camada de Aerossol-2 existe uma camada de neblina mais profunda chamada Aerossol-1. Nessa, o metano reevapora e redeposita as partículas de neblina. Por sua vez, elas se condensam em cristais submicrométricos de sulfeto de hidrogênio.

Os pesquisadores acreditam que foi nessa região da camada Aerossol-1 onde surgiram as características escuras de Netuno, como por exemplo, as manchas e bandas observadas no planeta. Ademais, caso a camada Aerossol-2 de Netuno seja mais fina e transparente, isso faz com que os recursos fiquem mais visíveis.

Cor

Desse modo, ainda não é tão claro o porquê de a camada de Aerossol-2 de Netuno não ser tão densa quanto a de Urano. Contudo, os pesquisadores acreditam que a atmosfera de Netuno consegue limpar melhor a neblina quando neva metano no planeta.

“Observações futuras de Urano e Netuno podem ajudar a resolver a questão de saber se manchas e regiões escuras são causadas por um escurecimento ou clareamento da camada de Aerossol-1. Este será, esperamos, o foco do trabalho futuro”, concluíram os pesquisadores.

Fonte: Science Alert

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