Muitas pessoas interpretam o Apocalipse como um sinal do que vai acontecer no futuro, mas é muito mais do que isso. Os acontecimentos (ou presságios) descritos pelo apóstolo João contêm inimagináveis metáforas a respeito da condição humana. As criaturas quase mitológicas, enveredadas em ambientes caóticos, fazem alusão aos sentimentos do ser humano em relação ao desconhecido. Nenhum intérprete acadêmico do “Apocalipse” entende o livro estreitamente como um roteiro para o futuro. Não é uma mensagem profética direcionada aos cristãos sobre o fim da vida na Terra. Indo na contra mão de tudo o que nós achamos que fosse, os estudiosos entendem os escritos como a representação de tempo e de lugar. Existem coisas não contadas sobre o livro bíblico de Apocalipse que nós não tínhamos conhecimento.
“Apocalipse” é provavelmente o livro mais difícil da Bíblia para se interpretar. Quem não tem a mínima noção de simbolismo e numerologia acaba se perdendo no fio da meada. Vamos mergulhar no desconhecido? Acompanhe agora 7 coisas não contadas sobre o livro bíblico de Apocalipse.
1. O livro não era para ter sido incluído nos textos bíblicos
O cristianismo existiu por centenas de anos sem uma Bíblia oficial. Havia muitos livros sendo passados, mas ninguém havia decidido o que era considerado legítimo. Cerca de 360 anos depois da morte de Jesus, o processo de juntar o livro sagrado do cristianismo teve o seu início. Considerando o quanto o Apocalipse moldou vertentes do cristianismo, é interessante perceber que ele nem seria incluso na Bíblia.
2. Qual João escreveu o livro?
O Novo Testamento é recheado de pessoas com o nome de “João”. Há pelo menos cinco, contando com o que escreveu um dos quatro evangelhos. Descobrir que “João” escreveu Apocalipse tem sido um pouco confuso para os líderes da igreja ao longo da história. Segundo a Enciclopédia do Novo Mundo, a visão tradicional é a de que o sujeito que escreveu o “Livro de João” e o outro sujeito que escreveu o Apocalipse são a mesma pessoa.
3. O número “666” não tem relação com forças diabólicas
Um dos versículos do livro sugere: “Deixe a pessoa que tem discernimento calcular o número da besta, pois é o número de um homem. Esse número é 666”. Forte, não é? Mas, por incrível que pareça, o número nunca foi feito para ser parte de uma metáfora subjetiva sobre demônios. Na realidade, representava o ódio a uma pessoa bastante específica: o imperador Nero. O sujeito em questão reprimira “o pensar religioso” de maneira violenta. Para representá-lo indiretamente, João usou o sistema de numerologia judaica.
4. “Marca da besta”
Seguindo a mesma linha de raciocínio, a “marca da besta” não se refere à criatura propriamente dita. Apocalipse 13: 16-17 diz que a besta fez com que todos na Terra recebessem essa marca ou não pudessem comprar e vender nada. Elaine Pagels, estudiosa dos preceitos bíblicos, diz que isso poderia ter sido usado para selos imperiais romanos, moedas ou até mesmo tatuagens oficiais. Essa é geralmente uma das coisas não contadas sobre o livro bíblico de Apocalipse.
5. Existem várias teorias fracassadas que se basearam em “Apocalipse”
Como o Apocalipse é muitas vezes interpretado como a história de um futuro caótico, ele é citado como prova do fim dos tempos. O escocês John Napier, nascido em 1550, é célebre por suas contribuições à matemática e à ciência. Ele escrevera, baseando-se no livro, que o mundo terminaria em 1688 ou 1700. O pastor Johann Bengel, por sua vez, calculou que o reinado de mil anos de Cristo, profetizado em Apocalipse começaria em 1836.
De acordo com a Enciclopedia Britannica, David Koresh, do culto Ramo Davidiano, viu-se como o cordeiro mencionado em Apocalipse e estava se preparando para abrir os sete selos a fim de trazer o fim dos tempos. Atualmente, David Meade interpreta a descrição de uma mulher no Apocalipse como uma complicada combinação astronômica da constelação de Virgem, o planeta Júpiter, a Lua, o Sol e várias outras estrelas e planetas. A mescla de todos estes elementos traria o início do fim. Ele anunciou pela primeira vez que isso aconteceria em 23 de setembro de 2017, mas estava muito errado. Posteriormente, ele marcou a data real como 23 de abril de 2018 – estando errado de novo.
6. Não é o único livro de apocalipse
Quase ao mesmo tempo em que João ditava sua visão em Patmos, alguém estava escrevendo IV Ezra. Também conhecido como o Apocalipse de Esdras, a Enciclopédia Católica diz que ele foi levado a sério, como um livro sagrado, por muitos dos primeiros fundadores da igreja. Também foi levado ao pé da letra pelos cristãos em geral até a Idade Média. Cristóvão Colombo chegou a citá-lo como prova de que havia muito mais terra do que água. Embora seja o único livro oficial de apocalipse bíblico, o Apocalipse tem relação estrita com IV Ezra.
7. Quatro versões
O livro do Apocalipse tem quatro grandes significados, a depender das pessoas que o interpretam. De acordo com a Enciclopédia do Novo Mundo, os quatro cavaleiros no Apocalipse representam guerra, fome, morte e, ou Cristo ou o Anticristo, dependendo do ponto de referência. Mas, mesmo assim, o que eles significam para o mundo, depende totalmente de qual dessas quatro maneiras você lê o livro.
Preterismo: teoria que diz que João estava falando sobre eventos que já haviam acontecido, entre o ministério de João Batista e a queda de Jerusalém em 70 d.C.
Futurismo: teoria de que cada coisa vai acontecer em algum momento no futuro.
Historicismo: teoria que diz que estamos no meio dos eventos do Apocalipse. Eles teriam começado 900 anos atrás e alguns dos cavaleiros já estariam causando entre nós.
Visão espiritual do Apocalipse: nada nele é literal; é uma história simbólica que deve ser interpretada por indivíduos. Portanto, qualquer morte, fome e guerra pelas quais o mundo esteja passando não são totalmente relacionadas aos cavaleiros do apocalipse ou coisa do tipo.
Gostou das informações a respeito de coisas não contadas sobre o livro bíblico do Apocalipse? Não deixe de tecer o seu comentário. Estamos aqui para te ouvir (ou ler, no caso, a depender do ponto de referência).
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