Curiosidades

A história complicada do calendário ocidental moderno

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Nós vivemos a nossa vida baseada em um calendário. Contudo, muita gente não sabe que o calendário ocidental moderno tem uma história complicada. Em parte ela acontece por conta da dificuldade de coordenar as órbitas dos corpos celestes com os ciclos do dia e da noite e também com as passagens das estações.

Isso acontece porque o ano terrestre, que é quando a Terra completa sua órbita em volta do sol, é de cerca de 365,2422 dias. Ademais, a lua também parece não ser fã de números inteiros. Tanto que, em um ano, existem aproximadamente 12.3683 meses lunares. Com isso, as sociedades tentam fazer com que as estações do ano coincidam com os mesmos meses.

Os calendários antigos da mesopotâmia, por exemplo, coordenavam os meses e as estações colocando meses extras às vezes. Isso se chamava intercalação. Contudo, em alguns sistemas lunares os meses podem variar de acordo com as estações. Esse, por exemplo, é o caso do calendário islâmico.

Calendário

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O que deu origem ao nosso calendário ocidental moderno foi o calendário solar da Roma antiga. O calendário Juliano, batizado depois da reformas feitas por Júlio César, foi o que aproximou o ano solar de 365,25 dias e colocou um dia a mais a cada quatro anos.

Além disso, esse calendário também deixou outro legado quando colocou os meses em uma posição estranha. Por exemplo, novembro, que é o décimo primeiro mês, deriva do latim para o número nove. Essa confusão aconteceu depois da mudança do começo do ano de março para janeiro.

Ao final, novos meses e nomes foram pensados e reorganizados para que combinassem com os mecanismos de poder. Agosto, por exemplo, tem seu nome por conta do imperador Augusto.

Conforme o Império Romano foi se transformando no que se chama de Idade Média, o poder que cresceu mais ainda foi o da igreja. Já naquela época, a igreja era uma multiplicidade de poderes que se cruzavam com diferenças locais e regionais, além de ter uma grande variedade de lutas e identidades internas. Isso pode ser visto no começo do ano, que pode variar muito entre as sociedades medievais.

Tempo

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O começo de ano, durante essa época, às vezes era no dia 25 de março, dia que se comemorava a aparição do anjo Gabriel. Já outras vezes era no dia 25 de dezembro, quando se comemora o aniversário de Jesus. Em outras vezes, era a data mutável da Páscoa, o que fazia com que a duração do ano variasse.

Então, nesse período as estações começaram a mudar de pouco em pouco. Como resultado, isso teve implicações importantes no cronograma cristão. Por exemplo, o domingo de Páscoa foi programado para seguir o equinócio da Primavera do Norte, um símbolo natural da luz conquistando as trevas.

No entanto, conforme esse equinócio começou a voltar no tempo, uma diferença começou a surgir entre a páscoa dita no calendário e o equinócio natural. À medida que essa diferença de tempo aumentava, os cientistas e teólogos queriam reformar o calendário.

Nesse tempo surgiram perguntas como: deveria ser omitido um número de dias do ano, apenas uma vez, para realinhar o tempo legal e observável? Se sim, quantos? E quem deve ser o responsável pela mudança?

Essas questões ficaram mais intensas no século XV com várias propostas de reformas no calendário. Uma delas, inclusive, foi descoberta recentemente escondida dentro de um livro impresso na Biblioteca da Universidade de Cambridge.

Mudanças

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O livro foi escrito em 1488 por um teólogo da Universidade de Louvain, chamado Peter de Rivo. Ele sugeriu que se retirasse 10 dias do calendário. Para Pedro, no jubileu, para onde multidões de peregrinos viajavam de toda a Europa para Roma, seria o momento perfeito para divulgar essa nova mudança no calendário para o mundo.

Claro que essa não foi a primeira e nem a última proposta a afundar. No entanto, eventualmente, os 10 dias acabaram realmente sendo tirados. Isso aconteceu em 1582, quando o Papa Gregório reformou o calendário. Além dessa remoção de 10 dias, ele também fez uma aproximação melhor da duração natural do ano manipulando anos bissextos ao longo de um ciclo de 400 anos.

Reforma

Conhecimento científico

Essa reforma de 1582 teve como resultado uma briga por conta de divisões religiosas, algumas antigas, outras novas. A Inglaterra protestante não adotou as mudanças até o século XVIII, além de várias comunidades cristãs ortodoxas continuarem seguindo o calendário juliano.

Em 1793, o governo revolucionário regularizou o mês para um padrão de 30 dias. O começo do ano foi deslocado para o equinócio de outono por conta de uma igualdade de luz e escuridão. Isso seria um símbolo dos ideais da nova república.

Ainda assim, uma parte do problema com a reforma do calendário é que ele tem a ver com as experiências vividas de tempo, nossos hábitos, nossos ritmos, nossas memórias. Portanto, fazer mudanças radicais precisam ter um fervor particular.

Fonte: Science Alert

Imagens: The Conversation, Conhecimento científico

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