Curiosidades

A relação do olfato com as emoções humanas

olfato
0

O cientista Harold McGee, que estuda o impacto do olfato na vida humana, começou a trabalhar, em 2007, na forma como um sentido é capaz de nos “transportar” para memórias e sensações. Após três anos do início da pesquisa, ele começou a escrever o livro “Nose Dive – A Field Guide to the World’s Smells” (ainda sem edição em português), que só veio a ser publicado uma década depois.

“Há poucas referências bibliográficas sobre o tema. Para ir mais profundamente, precisei pesquisar muito”, explicou o cientista à BBC. Para McGee, é surpreendente que nossa sociedade moderna tenha negligenciado tanto a importância do olfato.

“Quando respiramos – algo que temos que fazer muitas vezes por minuto – estamos absorvendo as moléculas do mundo ao nosso redor. Poucos sentidos são mais íntimos que esse”, afirma.

Memórias emocionais através dos cheiros

Um estudo da Universidade de Utrecht, na Holanda, concluiu que o olfato também é o sentido que desperta mais memórias emocionais. Segundo os especialistas, a proximidade entre o centro de processamento de cheiros e regiões que controlam emoções e memórias no cérebro seria a principal razão para essa relação.

“Não à toa, durante a nossa infância, quando experimentamos, por exemplo, o cheiro de comida sendo preparada pela nossa mãe, que é uma pessoa determinante para nossa existência, nosso cérebro registra este momento e esse cheiro vai estar sempre associado com conforto e cuidado, com amor e segurança”, explica McGee.

Bem Paraná

De forma inversa, segundo ele, se temos experiências assustadoras ou em que estamos momentaneamente em perigo e há um cheiro predominante no ambiente, esse aroma vai ser um gatilho negativo e senti-lo vai nos causar sempre grande desconforto. “Para mim, que moro na Califórnia, o cheiro de madeira queimando sempre foi muito reconfortante, pois me remetia ao calor da lareira nos dias mais frios”, conta.

Mas desde que os incêndios passaram a tomar o estado nos últimos anos, esse cheiro ganhou um significado totalmente diferente para o cientista. “Mal posso senti-lo, fico paralisado”, desabafa.

“Nosso cérebro está constantemente percebendo o que se passa no mundo ao nosso redor, interpretando e fazendo associações com base nas experiências que acumulamos. O olfato é um importante aliado para nossa mente organizá-las”, detalha.

Instagram

O que são os cheiros?

Para McGee, os cheiros são compostos voláteis que se desprendem das coisas e entram no nosso corpo, acessando nosso cérebro. Quando folheamos um livro, por exemplo, uma variedade de polpa de madeira e fibras de papel se desprendem das páginas para entrar pelas nossas narinas.

Como respirar é um ato fisiológico e, portanto, obrigatório, não podemos evitar sentir o cheiro das coisas. Mas como também é um ato automático, nem sempre prestamos tanta atenção a esses odores. “Nos atraímos por perfumes e fragrâncias apenas, quando o cheiro, na verdade, é uma chave para entendermos o que está à nossa volta, das relações afetivas aos prazeres da mesa”, explica.

A relação entre olfato e paladar

“O número de sensações possíveis [entre paladar e olfato] é tremendo. São dezenas de milhares de combinações que o cheiro agrega ao gosto, porque ele representa muito mais possibilidades”, ele explica. O café, por exemplo, pode ter 800 moléculas voláteis de aromas diferentes depois de torrado.

“A razão pela qual o cheiro é tão poderoso é que ele é a nossa ponte entre o que está acontecendo em nossas línguas enquanto comemos e o que está no mundo. Nosso cérebro está constantemente comparando o que temos na boca com o que ele sabe sobre o que está lá fora, criando um riquíssimo banco de dados”, detalha.

Fonte: G1

Brasileiro utiliza inteligência artificial para recriar rostos de figuras históricas que já morreram

Artigo anterior

Demolidor e outras séries da Nerflix vão para o Disney+

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido