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Água potável: a dessalinização do mar pode ajudar?

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A falta de água potável já é um sério problema em diversas regiões do mundo. O futuro da humanidade é colocado em risco com a diminuição das chuvas devido ao aquecimento global. Da mesma forma, a poluição intensa de rios e, consequentemente, de lençóis freáticos, ameaça as reservas de água potável ainda existentes.

Dessa maneira, surgem questionamentos a respeito da água do mar, uma vez que 97% da água do planeta está concentrada nos oceanos. Se tratando de água salgada, o líquido extraído do mar não é viável para o consumo humano. Além disso, não se trata de uma reserva potável.

Não obstante, a água salgada também não pode ser usada em indústrias e na agricultura porque destruiria as máquinas usadas e mataria as plantações. Dessa forma, a maior dúvida é: seria possível retirar o sal da água do mar e deixá-la potável? De fato, existe um processo que retira o sal da água, a dessalinização. Mas, esse processo seria possível em larga escala?

Dessalinização da água do mar

A dessalinização ocorre de forma natural durante o ciclo da água. Isso ocorre com a evaporação da água do mar, que deixa para trás o sal para formar nuvens que geram a chuva. Aristóteles observou que a água do mar evaporada e condensada era doce e Da Vinci compreendeu que poderiam obtê-la usando um alambique.

Durante os séculos posteriores, a dessalinização da água do mar foi utilizada, sobretudo, em embarcações e submarinos para fornecer água doce à tripulação durante longas travessias. No entanto, esse processo não esteve disponível em larga escala até a revolução industrial e, especialmente, até o desenvolvimento das plantas de dessalinização.

No ano de 2019, existiam no mundo aproximadamente 16 mil plantas de dessalinização em operação, distribuídas em 177 países. Em conjunto, todas as plantas geram aproximadamente 95 milhões de metros cúbicos por dia de água doce.

A Arábia Saudita é o primeiro país em dessalinização por volume, seguido dos Emirados Árabes Unidos. Ambos os países são desérticos e muito dependentes desse processo. Outros países do Oriente Médio, como Kuwait e Catar, também apostaram nessa técnica.

Nos Estados Unidos, terceiro nesse particular ranking, há microplantas de dessalinização perto de quase todas as instalações de gás natural, a fim de aproveitar o calor residual. A Espanha está em quarto, graças ao impulso das Ilhas Canárias e da costa de Alicante e Múrcia, onde as antigas usinas térmicas estão sendo substituídas por plantas de dessalinização.

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Existem processos específicos de dessalinização. Trata-se da osmose reversa, destilação solar, eletrodiálise, nanofiltração e formação de hidratos gasosos. Cada um deles é aplicado de acordo com o resultado desejado, com a localização, com a forma de energia disponível na região, com a frequência do uso da instalação, com o capital disponível, entre outros fatores.

A osmose reversa utiliza membranas semipermeáveis de poliamida ultrafina que deixam a água passar, mas não o sal. Já a destilação solar consiste em evaporar água do mar em grandes instalações cobertas, onde se condensa e coleta a água em sua forma doce.

A eletrodiálise, por sua vez, move a água salgada através de membranas carregadas eletricamente que retêm os íons de sal dissolvidos, permitindo extrair a água doce. Já a nanofiltração é um processo que utiliza membranas de nanotubos com maior permeabilidade do que a osmose reversa, o que permite processar mais água em menos espaço usando menos energia.

Por fim, a formação de hidratos gasosos é possível com a combinação de água com um gás, como o propano, em condições de alta pressão e baixa temperatura. Durante o processo, desaparecem todos os sais e impurezas e, ao elevar a temperatura, é possível recuperar o gás, permanecendo a água doce.

O processo é viável para resolver o problema na Terra?

A dessalinização da água já acontece há tempos e é viável para permitir que o líquido se torne potável. No entanto, o processo não está isento de impacto. O resíduo resultante do processo é a salmoura, ou seja, um líquido residual com uma elevada concentração de sal e poluentes, que em muitos casos é despejada no mar, afetando os ecossistemas.

Dessa forma, o problema da falta de água potável seria parcialmente resolvido, já que um outro poderia surgir. Caso a salmoura não seja utilizada para outro fim e tenha como destino direto o despejo no mar, uma nova onda de poluição pode surgir.

Sendo assim, o processo deve ser realizado de forma consciente. A Terra carece de cuidado urgente para que o futuro das próximas gerações esteja garantido. Danos irreversíveis estão sendo gerados com os elevados níveis de poluição e, caso medidas não sejam tomadas, a realidade pode se tornar ainda mais trágica.

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