André Luiz, o espírito por trás das cartas psicografadas de Chico Xavier

Em 1943, Chico Xavier vivia na sua cidade natal, Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, quando um espírito o contatou e a entidade imaterial e consciente de si, como todo espírito deve ser segundo as leis do espiritismo, disse a ele que ditaria alguns livros. O médium então perguntou quem ele era. O espírito respondeu com a pergunta “como é o nome do rapazinho que dorme aí no quarto ao lado?”, fazendo referência ao quarto do sobrinho de Chico, que se chamava André Luiz. Então, o espírito disse que esse era seu nome.

Desde esse dia, começou uma parceria entre Chico Xavier e André Luiz. Entre 1944 e 1968, o médium mineiro psicografou 16 livros. O conteúdo dessas obras foi revelado pelo espírito. O primeiro foi “Nosso Lar”, que atualmente é um clássico. Ele acabou se tornando fonte de inspiração para novelas.

O enredo da obra é um romance autobiográfico em que André Luiz narra seus primeiros anos de vida após a morte. A história se passa em uma espécie de colônia espiritual, ou seja, em um lugar onde os espíritos se reúnem para aprender e trabalhar entre uma encarnação e outra.

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O livro é importante justamente por discutir questões cruciais para a doutrina espírita, como por exemplo, o sentido dignificante do trabalho e a Lei de Causa e Efeito que, de acordo com o espiritismo, todas as pessoas estão submetidas a ela.

Na obra, André Luiz conta como é a experiência de se perceber fora do corpo, de se sentir preso ao umbral e entende, de forma lenta e progressiva, que a alma desencarnada tem funções importantes a cumprir.

Por conta de tudo isso, “Nosso lar”, para os espíritas, é uma revelação. Ele é uma das mensagens de consolação prometidas por Jesus à humanidade. “Essas mensagens divinas, que de tempos em tempos descem do céu para a Terra, modificando amplamente o cenário social e moral do mundo, são verdades aguardadas ansiosamente pelo coração humano”, disse Lori Marli
dos Santos, então coordenadora do Instituto de Divulgação Espírita André Luiz, em Curitiba.

Depois de passar oito anos no umbral, uma ecorregião de dor e escuridão, que André Luiz encontrou a comunidade descrita no livro. Nela, ele descobriu que sua mãe e uma das suas irmãs estavam em um plano mais elevado, mas seus pais e outras duas irmãs estavam em ciclos inferiores. Ali, ele também soube que sua esposa tinha se casado de novo com um homem que estava adoecido.

Quem foi André Luiz?

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Claro que é possível ver a importância de André Luiz. Mas quem teria sido ele em vidas passadas? Ele não dá muitas informações a respeito de encarnações anteriores, exceto a última.

A respeito dessa, ele revela somente alguns detalhes em “Nosso lar”. Todo esse mistério teria dois motivos para justificar. O primeiro seria poupar os seus herdeiros da exposição, e o segundo evitar que a discussão sobrepujasse a mensagem espiritual que ele tinha para passar.

Não levando em conta as especulações sem nenhum tipo de fundamento, admite-se que André Luiz tenha sido um médico sanitarista, que viveu no Rio de Janeiro entre o final do século XIX e o começo do século XX. Ele teria morrido jovem, provavelmente nas décadas de 1920 ou 1930, na faixa dos 40 anos.

“Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranquilidade ecorregião nômica do meu grupo familiar. Mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção do tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência”, descreveu o espírito na obra psicografada por Chico Xavier.

Hipóteses

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Tendo como base essas informações, três hipóteses são cogitadas. A primeira delas é que André Luiz teria sido, em sua última encarnação, o médico sanitarista Carlos Chagas, que ficou famoso por ter descoberto o protozoário Trypanosoma cruzi, o agente causador da doença de Chagas. Mas os especialistas no assunto dizem que a personalidade de um não combina com a do outro.

A segunda hipótese pode ser um outro sanitarista histórico, Osvaldo Cruz. Ele foi pioneiro no estudo de doenças tropicais. Contudo, novamente os estudiosos mostram diferenças na personalidade de Osvaldo com a de André Luiz.

Por conta disso, muitos espíritas levam a terceira hipótese como sendo a mais plausível. André Luiz teria sido o neurologista Faustino Esposel. Esse carioca veio de uma família tradicional. Além disso, ele deu aulas de neurologia e psiquiatria na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e presidiu o Clube de Regatas do Flamengo três vezes. Além do que, a sua personalidade, de acordo com os defensores, coincidia com o espírito do médico parceiro de Chico Xavier por 24 anos.

Fonte: Aventuras na história

Imagens:  Aventuras na história, Lê aqui