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Aplicativos de encontros podem despertar o que há de pior em algumas pessoas

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Especialistas apontam que aplicativos de encontros online despertam o que há de pior em muitas pessoas. Isso porque as telas podem trazer uma enorme quantidade de armadilhas.

Na vida real, quando um estranho começar a puxar conversa com alguém em um bar, poucas pessoas responderiam de forma direta, afirmando “não, você é baixo demais para mim e acho que não gosto das suas opiniões políticas – por favor, vá embora”.

Da mesma maneira que a maioria dos homens não mostrariam a sua genitália antes de falar uma única palavra durante o encontro. Além disso, a maior parte das pessoas não deixaria alguém que se relaciona a meses falando sozinho durante um encontro.

Situações semelhantes com essas se tornaram comuns nos milhares de sites e aplicativos de encontros online. Por isso, os usuários desses sites podem enfrentar diversos riscos emocionais.

Em 2018, uma equipe de pesquisadores da Holanda e dos Estados Unidos descobriu que 42% das pessoas com perfis no aplicativo de encontros Tinder, eram casados ou possuíam um relacionamento estável, e ainda assim procuravam encontros.

Além do mau comportamento, os algoritmos desses aplicativos inspiram a dependência, com a imensa quantidade de opções, e também aumentam a coragem das pessoas. Para especialistas, os aplicativos de relacionamento parecem fornecer aos usuários não apenas uma “permissão”, mas até um incentivo para se comportarem de forma inadequada. 

Mau comportamento

Foto: Getty Images

Os aplicativos de relacionamento aumentam a chance do usuário de encontrar um parceiro romântico ou apenas casual, quanto maiores forem as suas redes. Para os especialistas, isso incentiva as pessoas a descartarem de forma cruel as possibilidades menos promissoras e trocar rapidamente de parceiros. Esse mau comportamento pode facilmente ser extrapolado para outros aspectos das nossas vidas.

Vale destacar que o “mau comportamento” em aplicativos de encontros varia muito. Ele pode ir de mensagens presunçosas, ( como “e aí, o que vamos fazer hoje à noite?”) a até abusos e ameaças declaradas.

Mas muitas dessas transgressões comuns estão acompanhadas da infidelidade. Dana Weiser, professora da Universidade de Tecnologia do Texas, nos Estados Unidos, estuda a infidelidade e informou que se interessou por estudar o fenômeno no Tinder após uma das suas assistentes ter mencionado que viu o namorado da amiga no aplicativo. O homem estava fingindo ser solteiro.

Após isso, Weiser começou a coletar dados sobre infidelidade no Tinder de 550 estudantes de graduação. Cerca de 64% dos participantes relataram ter visto alguém no aplicativo que eles sabiam que estava em um relacionamento monogâmico.

Entre os participantes da pesquisa, 17% admitiram ter enviado mensagens para alguém no Tinder quando estavam em um relacionamento. Cerca de 7% afirmaram ter tido alguma experiência sexual com alguém que conheceu no Tinder enquanto estavam comprometidos com outra pessoa.

Infidelidade nos aplicativos de encontro

Foto: Reprodução

Weiser afirma que o Tinder é um dos meios que facilitam a infidelidade, ajudando a encontrar pessoas que estão buscando romance e sexo, mas não necessariamente na mesma comunidade. 

Vale lembrar que em 2021 o Tinder lançou uma função que permite que os usuários bloqueiem os contatos de pessoas que eles não gostariam de encontrar no aplicativo. Isso torna o Tinder uma ferramenta ainda mais segura para traições.

Ghosting

Foto: Reprodução

Outro problema é o ghosting. Esse comportamento vai desde terminar um relacionamento abruptamente, deixando de responder mensagens, até reduzir lentamente as comunicações, segundo Leah LeFebvre, professora de estudos da comunicação da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos.

Em uma pesquisa feita em 2016 pelo serviço de encontros “Plenty of Fish”, 80% dos participantes, com 18 a 33 anos de idade, informaram ter passado por pelo menos um término por ghosting.

De acordo com LeFebvre, esse desaparecimento das redes sociais pode deixar impactos na vida da outra pessoa, fazendo com ela se questione o que fez de errado.

As mulheres nos aplicativos de encontro

Foto: Reprodução

Geralmente, as mulheres são desproporcionalmente afetadas pelo mau comportamento nos encontros online. De acordo com LeFebvre, as mulheres são o principal alvo das “mensagens de texto de sexo explícito indesejadas”.

Em um estudo realizado em 2020 pelo centro de pesquisas norte-americano Pew Research Center, 57% das mulheres com entre 18 a 34 anos de idade relataram que alguém enviou para elas uma “imagem ou mensagem explícita indesejada”.

Nesse grupo, 44% informaram que foram chamadas por nomes ofensivos em sites ou aplicativos de encontro, em comparação com 28% da população geral de usuários. Além disso, 19% das mulheres afirmaram que foram ameaçadas com violência física nos aplicativos, contra 9% das pessoas em geral.

Em uma pesquisa realizada por Cynthia Brown, pesquisadora da Universidade de Melbourne, na Austrália, as mulheres vítimas desse mau comportamento em encontros digitais afirmaram sentir muita tensão e medo. Já os homens jovens “preocupavam-se muito mais com suas reputações”.

Brown sugere que isso está ligado ao sentimento de alguns homens serem rejeitados nos aplicativos de encontros e acabarem por questionar sua masculinidade. Isso pode alimentar seus comportamentos abusivos.

Padrões

Foto: Reprodução

LeFebvre explica que o mau comportamento torna-se cada vez mais normal nos aplicativos de encontro. Essa aceitação faz com que essas transgressões online também se infiltrassem na vida das pessoas fora das telas.

Isso também pode fazer com que as pessoas fiquem mais indiferentes sobre a humanidade dos demais, o que pode levá-las a agir de forma mais cruel. Além disso, podem aceitar com mais naturalidade comportamentos insensíveis dos demais.

Mas os encontros online também têm um lado positivo. De acordo com LeFebvre, uma pequena categoria de pessoas que sofreram ghosting e sentiram o comportamento como algo muito prejudicial decidiram nunca magoar ninguém daquela forma.

Segundo LeFebvre, a maioria das pessoas concluiu que apenas conhecer pessoas é simplesmente um processo desagradável.

Joanne Orlando, pesquisadora sobre bem-estar digital, sugere que o trabalho de precisar e selecionar tantas pessoas em aplicativos de encontros, sem saber quem enviará fotos de nudez indesejada e quem será respeitoso, pode fazer com que os usuários aceitem comportamentos negativos.

“Ficamos acostumados com esse tipo de comunicação e ele se torna parte do relacionamento, provavelmente do seguinte e do outro depois desse”, afirma. 

A pesquisadora explica que a longo prazo, isso afeta o que as pessoas consideram aceitável nos relacionamentos. “Gradualmente, nós baixamos os nossos padrões.”

Fonte: G1

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