A aquamação é um processo relativamente novo, que surge como uma forma mais ecológica à cremação já conhecida. Trata-se de uma combinação de fluxo de água suave, temperatura e alcalinidade usados para acelerar a degradação de materiais orgânicos, segundo a Bio-Response Solutions, empresa norte-americana especializada na atividade.
Ainda de acordo com a empresa, o processo “usa 90% menos energia do que a cremação e não emite gases de efeito estufa”. De forma simples, a aquamação é uma “cremação sem chamas”. O procedimento também é chamado de biocremação e reduz o corpo a cinzas assim como a cremação comum, mas sem a necessidade de combustão.
No procedimento, o corpo é colocado em uma máquina de hidrólise alcalina, composta por uma câmara hermética preenchida com uma solução à base de água e produtos químicos alcalinos. Depois, a câmara é aquecida a cerca de 150 ºC por aproximadamente 90 minutos. A técnica dissolve o tecido corporal (gordura, sangue, músculos e pele) de modo que, ao final do processo, restam apenas os ossos.
Assim que os ossos estiverem secos, eles podem ser pulverizados em uma máquina chamada cremulador, depois são reduzidos a cinzas, colocados em uma urna e, por fim, entregues aos familiares. A técnica imita o processo natural de decomposição de um corpo ao longo dos anos, porém de forma bem mais rápida.
“O processo resulta em aproximadamente 32% mais de restos mortais cremados do que a cremação à base de chama”, afirmaram representantes da Cremation Association of North America (CANA), que é uma organização internacional sem fins lucrativos. Além disso, a aquamação requer muito menos energia e não emite nenhum gás poluente. O líquido deixado para trás é orgânico e pode ser usado como fertilizante.
O método de aquamação ainda é permitido em poucos países. Na África do Sul não há legislação vigente sobre a prática e, dessa forma, a biocremação pode ser realizada. Nos Estados Unidos, a técnica ganha destaque na cremação de animais utilizados em experimentos de laboratório. Embora o método seja eficaz também para animais, a aquamação dos que são utilizados em testes coloca em cheque discussões anteriores, como a ética das condutas dos experimentos com esses bichos.
Desmond Tutu
A aquamação adquiriu destaque após a morte de Desmond Tutu, premiado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid. Além disso, Tutu, nascido em 1931, era um defensor das causas ambientais. O arcebispo sul-africano faleceu no dia 26 de dezembro de 2021 e, antes de sua morte, pediu para que não fosse cremado da forma normal, mas sim submetido à aquamação.
O pedido de Tutu foi realizado diante da vontade que ele tinha de que seu corpo descansasse após um processo menos nocivo ao meio ambiente. Além de solicitar a alternativa ecológica à cremação tradicional, Tutu também pediu para que seu corpo fosse velado em um caixão simples e barato.
Segundo a Desmond Tutu Health Foundation, administrada por ele e seus familiares, o corpo foi velado no caixão “mais barato disponível “, assim como era de seu desejo. Não obstante, o arcebispo também pediu para que um buquê de cravos da família fossem as únicas flores na Catedral Anglicana, local em que ele serviu por 35 anos.
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