Brasil tem mais influenciadores do que engenheiros civis e dentistas

Com a internet, vimos o crescimento da cultura do influenciador digital. Antes, procuramos nossas comunidades para saber onde comer, qual médico ir e qual bairro era bom morar. Agora, o comum é procurar seu influenciador preferido, que posta suas opiniões e estilo de vida nas redes sociais para seus seguidores. Sendo assim, no Brasil, está cada vez mais comum encontrar um influenciador do que um dentista ou engenheiro civil.

No entanto, esses influenciadores não são apenas aqueles com milhões de seguidores e carreiras internacionais, como é o caso de pessoas como Kylie Jenner. A verdade é que a maioria dos influenciadores é composta por pessoas comuns que usam redes sociais para expressar ideais e também vender produtos para seus milhares e às vezes milhões de seguidores.

Sendo assim, o usuário que tem pelo menos 10 mil seguidores e faz algum tipo de publicidade já se enquadra no espectro de influenciadores, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo. Nos dias atuais, o mercado de influência digital conta com mais de 500 mil pessoas, isso apenas no Brasil. A informação é da empresa de dados e mediação germânico-americana Nielsen Media Research.

Existem mais influenciadores digitais no Brasil que engenheiros civis

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Embora não seja uma profissão regulamentada, o número de influenciadores digitais já ultrapassa o número de dentistas formados no país, que é de 374 mil, segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO).

Além disso, a quantidade é maior que a de arquitetos, com um total de 212 mil profissionais. Também é maior que a de engenheiros civis, que chega a 455 mil, e praticamente empata com o número de médicos formados, em 502 mil.

Já o valor das campanhas publicitárias no setor digital varia entre R$ 1 mil e R$ 600 mil, conforme agência e profissionais informaram ao jornal Folha de S. Paulo. No ano de 2021, as redes sociais receberam R$ 1,43 bilhão de investimento publicitário, de acordo com uma pesquisa do Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP).

Esse valor supera o investimento em rádio, jornal, revista e cinema somados no ano passado. Dessa forma, estão inclusos postagem de diversas empresas em redes sociais e contratação de influenciadores através de agências de propagandas.

A média por campanha de um influencer reconhecido é de R$ 18 mil, sendo que a agência que gerencia a marca da pessoa fica com cerca de 20%.

Profissão influencer

Assim, o sucesso dessas pessoas geralmente não é conquistado por conta da fama de terem participado de novelas ou realities. Ele é conquistado ao mostrar o cotidiano, personalidade e pensamentos, ganhando atenção do público.

As pessoas realmente acreditam que fazem parte da vida do influenciador, como se fossem amigos que estão por dentro das decisões e dos acontecimentos. Logo, se torna fácil associar sua imagem a um certo produto que faz parte do universo daquele influenciador.

“O público quer ver pessoas reais nas redes sociais, que enfrentam problemas, dilemas, perrengues, assim como cada um de nós”, diz Ana Beatriz Milet. Ana é gerente de marketing de influência na Méliuz, fintech especializada em cupons de desconto e cashbacks.

A Méliuz já criou um setor dentro do departamento de marketing apenas para cuidar das relações com influencers. “Já fizemos campanha para a Méliuz usando 80 influenciadores de uma só vez, no mesmo dia, no mesmo horário, para mexer com o algoritmo do Instagram”, diz Mariana Hargreaves, principal executiva de marketing da M4S (Media For Stars), agência de marketing de influência.

Números X influência

Porém, não basta ter um alto número de seguidores. Ana Paula Passarelli, fundadora de uma agência de marketing de influência, a Brunch, que atende influenciadores que buscam profissionalização e patrocínio, se diz contra a seleção por números.

“Existem as fazendas de cliques, que podem inflar este número”, diz ela, referindo-se à prática de contratar pessoas para seguir influenciadores. “O que vale é a autenticidade da mensagem do influenciador e o nível de engajamento que ele conquista, que vão além dos likes e incluem comentários e compartilhamentos. O influenciador não se sustenta se não tiver conteúdo relevante”.

Considerando isso, é comum valorizar todo tipo de influencer. “É comum que em uma campanha a gente mescle influenciadores com alcances diferentes, desde o ‘hero’, que tem mais de 2 milhões de seguidores, até o microinfluencer, que soma até 100 mil seguidores”, diz Luiz Jerônimo Stamboni, sócio da BR Media. Em alguns casos, anunciantes trabalham com nanoinfluencers, com ao menos 10 mil seguidores.

Fonte: Yahoo