Ciência e Tecnologia

Cientistas criam em laboratório embriões mistos

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A ciência surpreende novamente. E, desta vez, com algo totalmente irreverente. Pode-se dizer que único também. Pela primeira vez, um grupo de cientistas conseguiram criar embriões mistos.

Os embriões, criados em laboratório, são formados por células humanas e de primatas. O feito foi divulgado na revista Cell, bem como em diversos outros meios de comunicação. De acordo com o portal de notícias NPR, um dos veículos de comunicação que realizou uma cobertura do ocorrido, os embriões foram criados para alimentar um projeto que visa encontrar novas formas de produzir órgãos para pessoas que precisam de transplantes.

Embora a nova pesquisa seja inovadora, o estudo levanta uma variedade de preocupações. “Minha primeira pergunta é: por quê?” disse Kirstin Matthews, pesquisador de ciência e tecnologia do Instituto Baker, da Rice University. “Acho que o público pode ficar um pouco preocupado, assim como eu, afinal, isso mostra que a ciência está avançando sem promover uma conversa adequada sobre o que devemos ou não devemos fazer”.

Em defesa dos embriões

Mesmo que a pesquisa tenha levantado certos questionamentos, os cientistas que conduziram o estudo e outros especialistas que atuam no setor defendem o experimento. “Este é um dos maiores problemas da medicina – transplante de órgãos”, disse Juan Carlos Izpisua Belmonte, professor do Laboratório de Expressão Gênica do Instituto Salk de Ciências Biológicas, em La Jolla, Califórnia. “A demanda por um órgão, hoje, é muito maior do que a oferta”.

“Não vejo esse tipo de pesquisa como um problema”, disse Insoo Hyun, bioeticista da Case Western Reserve University e da Harvard University. “O estudo é voltado para objetivos humanitários elevados”.

“Milhares de pessoas morrem todos os anos nos Estados Unidos à espera de um transplante de órgão”, observou Hyun. “Por isso, nos últimos anos, alguns pesquisadores nos Estados Unidos têm injetado células-tronco humanas em embriões de ovelhas e porcos para ver se são capazes de desenvolver órgãos humanos em tais animais para, assim, poder realizar um transplante”.

Experimentos

Os últimos experimentos voltados para a produção de órgãos que foram realizados pela ciência se mostram promissores apenas no papel. De acordo com o portal de notícias NPR, as inúmeras abordagens já feitas não funcionaram. Partindo de tal realidade, Belmonte decidiu se unir a cientistas chineses e de outras partes do mundo para tentar algo diferente.

Nesse ínterim, Belmonte, juntamente com os outros pesquisadores, injetaram 25 células-tronco pluripotentes de humanos – comumente chamadas de células iPS – em embriões de macacos, que são muito os parentes mais próximos dos seres humanos – em comparação a ovelhas e porcos.

Após injetarem as células em questão, os pesquisadores notaram células humanas crescendo em 132 dos embriões. Os embriões que se mostraram promissores foram analisados por 19 dias. O período, à primeira vista, curto, foi o suficiente para os cientistas aprenderem mais sobre como as células animais e humanas podem interagir entre si. “Foi um passo significativo e que pode ajudar os pesquisadores a encontrar novas maneiras de cultivar órgãos para transplante em outros animais”, disse Belmonte.

“Este conhecimento nos permitirá, agora, e tentar buscar vias que podem ser mais bem-sucedidas e que, consequentemente, permitirão o desenvolvimento adequado de células humanas em embriões de outros animais”, pontuou Belmonte em entrevista a NPR. “Estamos muito, muito entusiasmados.”

Mesma opinião

Esses embriões de espécies mistas passaram a ser chamados de Quimeras, uma homenagem a uma das criaturas da mitologia grega. “Nosso objetivo não é gerar nenhum organismo novo. Não queremos criar nenhum monstro”, disse Belmonte. “Estamos apenas tentando entender como as células de diferentes organismos podem se comunicar entre si”.

Além de tentarem descobrir novas vias de produção de órgãos humanos, Belmonte os pesquisadores esperam que as próximas pesquisas possam oferecer novos insights sobre o desenvolvimento do corpo humano, o envelhecimento e as causas subjacentes do câncer e outras doenças.

“Este trabalho é um avanço importante para a ciência, pois fornece evidências muito convincentes de que algum dia poderemos desenvolver um coração, um rim ou um pulmão”, disse Jeffrey Platt, professor de microbiologia e imunologia da a Universidade de Michigan.

Preocupações

Para diversos pesquisadores, essa espécie de trabalho científico coloca em pauta diversas outras possibilidades, as quais, muitas, alimentam uma certa preocupação. A maior delas é que alguém possa tentar utilizar o estudo para promover a produção de bebês. Outra preocupação envolve a possibilidade de novas espécies realmente serem criadas e que as mesmas sejam capazes de produzir espermatozóides ou óvulos humanos.

“Ninguém quer macacos que sejam capazes de produzir óvulos humanos e espermatozóides humanos andando por aí”, disse Hank Greely, bioeticista da Universidade de Stanford.

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