Ciência e Tecnologia

Como geleiras artificiais estão salvando o ponto mais alto do planeta?

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No geral, as questões envolvendo as mudanças climáticas, que vêm ocorrendo no planeta, tendem a se concentrar nas regiões baixas, como as cidades costeiras. Porém, o efeito negativo dessas mudanças também chega até as altitudes mais elevadas, e isso inclui a falta de água doce. Para ajudar as pessoas que vivem nos pontos mais altos do planeta, Sonam Wangchuk, um inventor de Ladakhi, desenvolveu uma tecnologia inovadora de geleiras artificias. As chamadas “stupas de gelo” armazenam água congelada, para que possa ser usada para hidratar as lavouras, na época mais seca do ano.

A água derretida glacial é uma das principais necessidades para a maioria das aldeias de Ladakh. A região fica no norte da Índia, no planalto tibetano, mais precisamente entre as montanhas de Karakoram e Himalaia. Essa área elevada é conhecida pelo seu suprimento de gelo. E de fato, o planalto tibetano tem mais gelo do que qualquer outra área não polar da Terra. Porém, devido as mudanças climáticas, essas geleiras estão recuando. Entre 2003 e 2014, essa região perdeu cerca de 28,9 bilhões de quilômetros cúbicos de gelo.

O derretimento sazonal já é esperado, porém, normalmente a neve do inverno permite que as geleiras substituam o gelo derretido, que é perdido durante a primavera. Só que, agora, as geleiras não estão mais recebendo neve suficiente, para compensar a perda de água. Por isso, muitos delas estão diminuindo consideravelmente de tamanho. Sendo assim, as geleiras artificiais estão literalmente salvando a população que vive nessas áreas.

Geleiras artificiais

Em uma tentativa de resolver esse problema da escassez de água, o engenheiro, Chewang Norphel, criou um sistema de reservatório inovador na década de 1980. Utilizando represas e canais, o engenheiro desviou grandes quantidades de água glacial, para lagos artificiais, nos lados mais afastados das montanhas, onde toda a quantidade se congelou em blocos. Durante a primavera, o gelo derretia e era enviado ladeira abaixo para as fazendas e vilarejos, através de um canal. No entanto, esse gelo derretia muito rapidamente, ou seja, a água escorria por completo, antes das chuvas de verão chegarem.

Mais recentemente, em 2013, Sonam Wangchuk percebeu que o gelo nas barragens de Norphel derretia muito rápido devido à exposição direta à luz solar. Então, se ele pudesse de alguma forma congelar o gelo em uma torre cônica, ele conseguiria conservar o gelo por mais tempo. Já que bem menos da superfície seria exposta.

A partir dessa ideia, Wangchuk desenvolveu um sistema de irrigação, que fascina pela sua simplicidade. O principal componente é um longo pipeline. A maior parte fica enterrada no subsolo. E uma das outras extremidades fica apontada para um riacho glacial ou um reservatório natural no alto das montanhas. Por meio de um tubo, a água corre na direção das regiões povoadas, em altitudes mais baixas.

O processo

Não há necessidade de nenhuma peça móvel ou aparelho elétrico, para manter a água fluindo. Tudo acontece naturalmente graças à gravidade. Ela empurra a água para o estágio final de sua jornada. Em declive, o oleoduto se conecta em um ângulo agudo, aos demais tubos estreitos que se elevam ao solo. Assim, permanecem verticalmente como um poste de telefone.

A gravidade impulsiona o líquido para cima, até sair de um aspersos na ponta mais alta do tubo. No ar, o spray se depara com temperaturas atmosféricas de -20° Celsius, ou menos. Antes de chegar ao ponto final, a água congela, formando um grande cone de gelo ao redor do tubo vertical.

A forma do cone se parece muito a uma stupa, monumento tradicional budista, que enfeita Ladakh há milhares de anos. Por isso, as geleiras artificiais receberam o nome de “stupas de gelo”.

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