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Como o xamanismo se mantém vivo na Coreia do Norte?

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O xamanismo existe em ambas Coreias há mais de 40 mil anos antes de Cristo. Acredita-se que a religião seja fruto de uma influencia direta dos siberianos. Aqui, as definições em torna da prática colocam os regentes da prática como curandeiros, videntes ou místicos.

Como toda religião, o xamanismo também é marcado por cerimônias. Conforme expõe uma reportagem publicada pelo portal de notícias NPR, em seu ponto mais íntimo, o objetivo das cerimônias que envolve a pratica religiosa em questão é abrir as portas do mundo espiritual para que os deuses do sol, da lua e das montanhas e os espíritos dos ancestrais do homem possam adentrar em seu corpo.

De acordo com Kim Dong-kyu, pesquisador na Universidade Sogang, estima-se que 50.000 cerimônias xamânicas como a descrita acima são realizadas anualmente na grande Seul. Atualmente, alguns sul-coreanos veem o xamanismo – que antecede o budismo e o cristianismo – como um singelo tesouro cultural, mas muitos consideram a prática como primitiva. Mesmo divergindo opiniões, o xamanismo, que tem como objetivo trazer sorte, prosperidade e ajudar os espíritos daqueles que deixaram a Terra, segue resistindo, até mesmo na Coréia do Norte, onde é considerado ilegal.

Rituais

De acordo com as informações que foram disponibilizadas na reportagem publicada pelo portal de notícias NPR, partes do ritual, conhecidas em coreano como naerim-gut, são acompanhadas por canto ou sons emitidos por tambores, gongos e instrumentos de sopro – às vezes rápido e estridente, outras vezes lento e hipnótico.

Em suma, o som invade as cerimônias para que um espírito ocupe o corpo do xamã. Quando esse apoderamento acontece, o ritual atinge o seu ápice. O processo, em si, não tarda, mas as durações dos rituais variam, e por conta de inúmeros fatores. As cerimônias de iniciação, por exemplo, costumam durar o dia todo. É bastante comum também alguns templos terem várias cerimônias ocorrendo ao mesmo tempo.

Segundo Dong-kyu, esses rituais, ao combinar elementos de animismo e vangloriar a adoração aos ancestrais, ajudam as pessoas a buscar explicações sobre as influências naturais e sobrenaturais que norteiam a vida. “No xamanismo, quando alguém sofre, por exemplo, é porque os ancestrais ou espíritos infligem a dor ou é o destino da pessoa sofrer”, explica Dong-kyu.

Na Coreia do Norte

“Na Coreia do Sul, os rituais xamanísticos são visualmente chamativos e envolvem muito som, ao passo que no Norte, pelo que ouvi, as cerimônias são pequenas e silenciosas”, revela Dong-kyu em entrevista ao portal NPR.

O xamanismo na Coreia do Norte é realizado de forma singela por ser completamente proibido – e, por isso, ocorre sem uma organização formal. “Os praticantes podem ser presos, podem ser enviados a campos de reeducação, realizarem trabalhos forçados ou serem executados”.

Uma pesquisa sobre a perseguição religiosa na Coreia do Norte divulgada em outubro do ano passado pela Iniciativa do Futuro da Coreia, sediada no Reino Unido, descobriu que 56 das 273 vítimas documentadas de perseguição acreditavam no xamanismo.

Não obstante, o Departamento de Estado do Reino Unido relatou “um aparente aumento contínuo nas práticas xamanísticas, inclusive em Pyongyang” em seu relatório de 2018 sobre a liberdade religiosa na Coreia do Norte, mesmo observando que “as autoridades continuaram incitando medidas contra a prática do xamanismo”.

Mas como é possível uma prática religiosa ser considerada ilegal na Coreia da Norte e seguir conquistando adeptos? “Como os xamãs norte-coreanos que realizam rituais correm o risco de serem descobertos e presos, alguns aderiram à prática da adivinhação”, diz Dong-kyu.

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