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Conheça a fazenda de leões na África do Sul

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Em Lichtenburg, na África do Sul, 34 leões foram amontoados em um espaço que cabe apenas três animais. Ao redor do espaço minúsculo da fazenda, é possível encontrar pedaços de boi e carcaças de frango já em estado de decomposição.

A sarna estava afetando 27 dos leões de tal forma que perderam quase toda a pelagem por conta da infecção dolorosa causada por ácaros parasitas. Três filhotes se contorciam no chão enquanto choramingavam tentando se arrastar para frente. Já um quarto filhote só observava, incapaz de se mover.

A indústria da caça enlatada é a responsável por essa cena horrível e ela vem prosperando há décadas na África do Sul.

Caça enlatada

A chamada caça enlatada é quando cria-se animais em cativeiro, financiado por quantias consideráveis de caçadores ricos. Então, os animais são colocados em espaços que podem ser facilmente mortos pelos caçadores, em sua maioria turistas estrangeiros.

Na África do Sul, a fazenda de leões Pienika, na província Noroeste, chocou pessoas ao redor do mundo. “É de cortar o coração”. Essas foram as palavras de Douglas Wolhuter, inspetor sênior do Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais (NSPCA, na sigla em inglês) da África do Sul, ao descrever a cena vista no local.

Assim sendo, a NSPCA é a responsável por aplicar a Lei de Proteção aos Animais na África do Sul. Douglas Wolhuter estava visitando a fazenda de leões Pienika em uma inspeção. Ela é apenas uma de mais de 250 fazendas de leões de propriedade privada no país africano.

Desde que eu era criança, o leão é conhecido como o rei da selva”, afirma Wolhuter. “E então você o vê basicamente sujeitado à exploração intensiva – desprovido de toda a sua realeza e nobreza.”

Fazenda de leões

Pienika entregou apenas dois dos quatro filhotes. Assim, um terceiro foi sacrificado e um quarto permaneceu na fazenda com os demais leões adultos contaminados pela sarna.

Então, a NSPCA prestou queixa contra o proprietário da fazenda, Jan Steinman, e sua equipe, por violar a lei 71 de Proteção aos Animais de 1962.

A lei proíbe a manutenção de animais em “condições sujas ou parasitárias”, possibilitando que “se infestem por parasitas externos” e se abstendo de “procurar tratamento veterinário ou outro tratamento médico”.

O número de leões em cativeiro na África do Sul é registrada como entre 6 mil e 8 mil, mas estima-se que existem até 10 mil, de acordo com Ian Michler, conservacionista principal do documentário Blood Lions, de 2015.

Assim, no documentário, acompanhamos os bastidores da indústria da caça enlatada. Nessas instalações, como a fazenda de leões de Pienika, os turistas pagam para acariciar os animais, alimentá-los, tirar selfies e até caminhar ao lado dos leões adultos.

Sua selfie pode custar a vida do leão

Berend Plasil/Drew Abrahamson

Especialistas defendem que a indústria de interação com filhotes acarreta em abuso, assim como leva à reprodução comercial e ao descarte de animais exóticos, visto que são criados apenas para o prazer dos turistas.

Então, à medida que os leões envelhecem, o retorno financeiro fica comprometido. Isso porque eles se tornam perigosos demais para participar das interações com visitantes. Por isso, os organizadores os enviam a centros de criação e caça, como Pienika.

“É uma indústria macabra e pavorosa, muito, muito lucrativa e com diversas pequenas fontes de receita”, afirma Michler.

Os leões de Ingogo Safaris, na África do Sul, também sofrem esse destino. A fazenda é de Walter Slippers e, em 2016, fotos dos 250 leões magros surgiram on-line.

“Algumas imagens surgiram cerca de dois anos atrás, quando ele costumava ter voluntários em sua propriedade”, disse Drew Abrahamson, CEO da Fundação Captured in Africa.

“Havia dois leões nas imagens bebendo água; eles também estavam incrivelmente abaixo do peso, então acho que é um caso de negligência como um todo. Você não espera que os leões cativos sejam tão magros que seus ossos do quadril se projetem“, contou.

Fonte: National Geographic

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