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Conheça o solo de bateria que foi copiado em mais de 1.500 músicas

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Nas últimas três décadas centenas de artistas usaram o solo de bateria da música Amen, Brother como fonte de inspiração. “Amen break” é um solo de bateria apresentado em 1969 por Gregory C. Coleman, na canção “Amen, Brother”, da banda de funk e soul The Winstons. Ganhou atenção a partir da década de 1980 quando seus 5,2 segundos foram amplamente reutilizados na criação desamples de hip hop, jungle, breakcore e drum and bass,1 tornando-se a base precursora de diversos estilos musicais posteriores.

A canção completa é uma variação de um hino gospel em andamento acelerado, e foi lançada no lado B do compacto “Color Him Father” em 1969. Assim como em diversos outros casos de samples, o baterista Coleman e o detentor do direito autoral Richard L. Spencer nunca receberam qualquer royalty pelo reuso.

A canção completa ganhou fama na cultura hip hop e em subsequentes comunidades de música eletrônica quando um antigo funcionário da Downstairs Records conhecido como Breakbeat Lenny a compilou em seu bootleg Ultimate Breaks and Beats, de 1986. Lenny contratou Louis Flores para editar os compassos do trecho de bateria numa velocidade muito mais lenta que o restante da canção.

Apesar de resultar numa diferença notável de andamento no meio da canção, permitiu que os DJ de hip hop pudessem estender a batida ao alternar duas cópias da gravação em diferentes equipamentos, ignorando o resto. Tal técnica havia sido criada por Kool Herc em 1974, e se tornou tendência a partir de 1977 através de Grandmaster Flash.

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A maioria dos produtores musicais da época começaram a pesquisar por samples inicialmente da série Ultimate Breaks and Beats, projetando o Amen break à fama no fim da década de 1980 na comunidade hip hop. Em 1990, com a vinda da cultura rave no Reino Unido, o solo passou a aparecer em diferentes produções de breakbeat hardcore, adicionando a influência hip hop no breakbeat e aumentando o andamento.

O solo também foi usado por artistas como DJ Axera e Gomanda em diversas faixas. O primeiro produtor a remodelar o som da bateria num novo padrão foi Mr. Mixx do 2 Live Crew, na canção “Feel Alright Y’all” de 1987, seguido de Mantronix com “King of the Beats” no ano seguinte. O som acabou sendo usado também por artistas de rock como Oasis (“D’You Know What I Mean”), Perry Farrell, Nine Inch Nails e The Mad Capsule Markets, além de comerciais.

“Me pareceu que aquilo foi um plágio, me senti roubado e estuprado”, disse Richard L Spencer, principal vocalista da banda americana The Winstons, que gravou a faixa para a  BBC. A música Color Him Father, no lado A do disco, se tornou um dos 10 maiores sucessos do R&B nos Estados Unidos em 1969. Ela até ganhou um prêmio Grammy no ano seguinte, enquanto Amen, Brother seguiu desconhecida na época.

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Nenhum dos integrantes dos Winstons recebeu dinheiro por direitos autorais. Nos anos de 1980, o uso de amostas de canções era um assunto confuso na área jurídica. Hoje os músicos têm que pedir permissão para o artista original ou o detentor dos direitos autorais.

Coleman desenvolveu um vício em drogas e morreu como morador de rua em Atlanta, em 2006. Spencer disse acreditar que ele nunca teve ideia do impacto da batida criada por ele décadas antes.

Atualmente, uma campanha está levantando fundos para Spencer, que detém os direitos autorais de Amen, Brother. Criada pelos DJs Martyn Webster e Steve Theobald, a campanha está tendo mais sucesso que o esperado ao ser apoiada por fãs e músicos de sucesso. Até agora foram arrecadados mais de US$ 26 mil.

“Trata-se de devolver a um homem de 72 anos que tem problemas do coração que nunca viu um centavo de seus direitos autorais”, disse Theobald para a BBC.

 

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