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Conta gotas para o nariz com bactérias modificadas podem proteger contra doenças mortais

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Atualmente, infecções bacterianas matam 700 mil pessoas, todos os anos, no mundo inteiro. Isso é decorrência de uma evolução das bactérias que tem se mostrado, cada vez mais resistente aos tratamentos disponíveis. Contudo, os cientistas já sabem há muito tempo que as bactérias podem sofrer mutações genéticas. Por conta disso, elas podem ser usadas para o bem.

Como por exemplo, gotas para o nariz com bactérias “amigáveis” que foram geneticamente modificadas podem proteger a pessoa contra uma das formas mais comuns e perigosas de meningite. Isso foi o que mostrou um novo estudo feito com 26 voluntários.

O pequeno ensaio foi o primeiro do seu tipo e mostrou que todos os participantes ainda tinham a bactéria assintomática nas suas narinas por, pelo menos, 28 dias. E a maioria, 86%, ainda a carregava depois de 90 dias. Além disso, elas também produziram uma resposta imunológica forte.

Gotas nasais

O melhor de tudo é que essa é uma forma rápida e conveniente de dar proteção contra infecções e poderia ser aplicada para bloquear também outros tipos de bactérias e doenças. Isso é uma coisa extremamente necessária justamente por causa do aumento da resistência das bactérias aos medicamentos existentes.

“Este trabalho mostrou que é possível proteger as pessoas de doenças graves usando gotas nasais contendo bactérias amigáveis ​​geneticamente modificadas. Acreditamos que esta seja uma forma popular e bem-sucedida de proteger as pessoas contra uma série de doenças no futuro”, disse Robert Read, professor de doenças infecciosas da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

A bactéria visada por essas gotas nasais foi a chamada Neisseria meningitidis que existe naturalmente no nariz e na garganta de aproximadamente 10% dos adultos. Infelizmente, em alguns casos, ela pode invadir a corrente sanguínea e acabar levando a doenças potencialmente fatias, como por exemplo a meningite.

Bactérias modificadas

Então, os cientistas usaram uma versão geneticamente modificada da bactéria N. lactamica benigna. Essa bactéria também é uma bactéria nasal que acontece naturalmente. Além disso, em um estudo anterior, essa bactéria demonstrou prevenir que a Neisseria meningitidis se instalasse em aproximadamente 60% dos participantes.

Contudo, o foco desse estudo foi a modificação genética de N. lactamica que transportaria um gene adicionado para a proteína de superfície pegajosa que Neisseria meningitidis usa para agarrar as células dentro do nariz. Então essa bactéria útil iria introduzi-lo como um antígeno no sistema imunológico da pessoa.

No caso dessas gotas carregadas com bactérias, a resposta imunológica que aconteceu foi mais forte e duradoura se comparada com os controles. Isso fez com que elas fossem um candidato bem promissor para gerar respostas imunológicas às bactérias da meningite.

“O GM-Nlac pode ser implantado com segurança, sobreviver em seu nicho biológico e ser efetivamente erradicado conforme necessário, sem transmitir a outros adultos que vivem nas proximidades dos participantes do estudo”, escreveram os pesquisadores.

Observações

Os pesquisadores acreditam que essa sua abordagem pode ser usada para modificar outras bactérias para proteger contra outros tipos de infecção. Mas ainda é bem cedo nessa técnica para acontecer.

“É teoricamente possível expressar qualquer antígeno em nossa bactéria, o que significa que podemos adaptá-los potencialmente para combater uma infinidade de infecções que entram no corpo através do trato respiratório superior. Além da entrega de antígenos de vacinas, os avanços na biologia sintética significam que também podemos usar bactérias geneticamente modificadas para fabricar e entregar moléculas terapêuticas em um futuro próximo”, concluiu o microbiologista molecular Jay Laver, da Universidade de Southampton.

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