Há muitos anos, o crânio chinês de uma espécie humana desconhecida apareceu no distrito de Yunyang, na China. Em 2021, mais dois crânios com características semelhantes aos anteriores foram encontrados nas proximidades. A origem desses fósseis permaneceu envolta em mistério por muito tempo.
Contudo, em um estudo recente, cientistas sugerem que pelo menos um desses crânios pode pertencer à linhagem conhecida como Homem-Dragão.
A análise e reconstrução de um crânio chinês de aproximadamente 1 milhão de anos indicam que esse fóssil pode ser atribuído à linhagem do Homem-Dragão.
Cientificamente denominado Homo longi, o Homem-Dragão ganhou notoriedade após a descoberta de um crânio de 146 mil anos na província de Heilongjiang, também na China. Acredita-se que essa espécie seja o parente mais próximo do Homo sapiens.
Através da reconstrução do fóssil, os cientistas identificaram várias características que o alinham com um dos primeiros membros da linhagem do Homo longi. Este estudo foi publicado no bioRxiv e ainda está sujeito a revisão por pares, um processo crucial para a validação das descobertas científicas.
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Cientificamente denominado Homo longi, o Homem-Dragão ganhou destaque principalmente devido à descoberta de um crânio de 146 mil anos na província de Heilongjiang, na China.
Estudos indicam que o H. longi seja o parente mais próximo do Homo sapiens, tendo coexistido com essa espécie na Eurásia.
O estudo mais recente sobre essa linhagem foi publicado neste mês no bioRxiv e ainda precisa passar pelo processo de revisão por pares.
Os pesquisadores conseguiram a reconstrução somente do crânio chinês com melhor preservação. Este era Yunxian 2, e a equipe conseguiu comparar com crânios de outros membros do gênero Homo.
Durante a análise, os cientistas observaram que o crânio Yunxian apresentava várias características semelhantes às dos primeiros membros da linhagem do H. longi.
O Yunxian 2 reconstruído sugere que ele é um dos primeiros membros da linhagem asiática do Homem-Dragão, a qual provavelmente inclui os Denisovanos, sendo um grupo irmão da linhagem Homo sapiens.
Essas linhagens possuem raízes profundas que se estendem para além do Pleistoceno Médio, e a posição basal do fóssil Yunxiano indica que ele representa uma população próxima ao último ancestral comum dessas duas linhagens, escreveu a equipe no estudo.
Apesar do Homem Yunxiano ser mais velho que a linhagem do Homem-Dragão e do H. sapiens, os pesquisadores indicam que a data do fóssil se relaciona com o período em que essas duas linhagens surgiram.
Assim, podemos concluir que o Yunxiano está morfológica e cronologicamente próximo do último ancestral comum das linhagens de H. sapiens e do Homem-Dragão.
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Pode parecer que temos mais descobertas de ancestrais longe do Oriente, mas existem várias razões para a menor quantidade de reconstruções humanas orientais em comparação com seus equivalentes ocidentais.
A paleoantropologia começou na Europa e na África, onde muitos dos primeiros descobrimentos foram feitos, resultando em um foco inicial nessas regiões e direcionando mais recursos e atenção para a busca e estudo de fósseis nesses locais.
Além disso, em muitas regiões da Ásia, o acesso a sítios arqueológicos e fósseis foi historicamente limitado por questões políticas, guerras e restrições governamentais, dificultando a pesquisa contínua e extensa necessária para encontrar e estudar fósseis antigos.
As condições geológicas e climáticas também desempenham um papel importante, pois a preservação de fósseis depende muito dessas condições.
Algumas regiões da Ásia podem não ter as condições ideais para a preservação de ossos antigos, resultando em menos fósseis disponíveis para estudo e reconstrução.
A alta densidade populacional e a intensa urbanização em muitas áreas da Ásia, especialmente na China, também podem dificultar a escavação arqueológica, pois a construção e o desenvolvimento urbano podem destruir ou esconder sítios arqueológicos.
Além disso, as prioridades de pesquisa científica são frequentemente influenciadas por interesses e prioridades locais e internacionais, e em alguns casos, a pesquisa em outras regiões pode ter sido mais priorizada ou recebido mais financiamento e apoio institucional.
Somente nas últimas décadas, com o avanço das tecnologias de escavação e análise, houve um aumento significativo nas descobertas e estudos de fósseis na Ásia.
Este campo está em crescimento, e a lacuna em relação às reconstruções ocidentais está começando a se fechar.
A interpretação cultural e científica também varia, e em algumas culturas pode ter havido menos ênfase histórica na reconstrução e divulgação de ancestrais humanos em comparação com outras.
No entanto, com o aumento do interesse e investimento na pesquisa paleoantropológica na Ásia, espera-se que mais descobertas e reconstruções de ancestrais humanos orientais sejam realizadas nos próximos anos, contribuindo para uma compreensão mais completa da evolução humana global.
Fonte: Olhar Digital
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