Muitas pessoas já se questionaram por que os humanos se beijam. Primeiramente é preciso explicar que os lábios e a língua têm mais de 1 milhão de terminações nervosas, por isso, essas regiões são extremamente sensíveis ao toque e o beijo libera uma série de hormônios.
Uma hipótese aponta que o ato de encostar as bocas surgiu com o ancestral comum com os chimpanzés, de 8 milhões de anos atrás. Isso porque os chimpanzés e bonobos, seus primos, se beijam também. Além disso, as fêmeas mastigam a comida para os filhotes e dão na boca deles.
Também é provável que o nosso ancestral comum com esses outros primatas já fizesse isso. Por isso, acredita-se que o instinto do beijo é um legado para as três espécies a que deu origem: chimpanzés, bonobos e humanos.
Conotação sexual
No entanto, isso não explica como o beijo passou a ter conotação sexual. De acordo com matéria da Superinteressante, o mais provável é que ele tenha se tornado uma forma de “cheirar” os nossos parceiros de perto.
Lembrando que os cães, primatas, roedores, felinos e todo o tipo de mamífero escolhem seus parceiros, em grande parte, pelo odor. O mesmo acontece com os humanos.
Uma pesquisa de 1996 mostrou que as mulheres preferem homens com um sistema imunológico que seja diferente, e complementar, ao delas. Com isso, o casal terá filhos com um organismo que consegue combater mais doenças.
Para realizar o experimento, os pesquisadores pediram para que os voluntários homens usassem camisas ao longo do dia, e depois colocaram as peças de roupas em caixas. As participantes mulheres cheiraram as camisas, sem conhecer o dono, e classificaram os odores como atraentes ou repulsivos. O resultado foi que elas se sentiram mais atraídas por aqueles com uma “assinatura” olfativa imunológica diferente da delas.
No entanto, nosso olfato é menos desenvolvido em comparação a outros animais. Por causa disso, faz mais sentido que o ser humano precise aproximar os rostos para capturar o odor e escolher o melhor parceiro. Além disso, a evolução nos “recompensou” com as diversas terminações nervosas da nossa boca e com os vários hormônios do cérebro.
Mais roupas, mais beijos
Porém, beijar não é a única forma de sentir o odor e os feromônios do parceiro. Um estudo feito em 2015 analisou 168 culturas diferentes e verificou que o beijo romântico (excluindo formas de cumprimento, por exemplo) está presente em apenas 46% delas. Em resumo, nem todas as culturas seguem o instinto do beijo.
Esse mesmo estudo notou que quanto mais roupas uma sociedade usa, mais ela beija. “Não encontramos o beijo em culturas de caçadores-coletores [como as populações indígenas]. Só há uma exceção: os inuítes, que moram no Ártico”, afirma o professor de antropologia William Jankowiak, que conduziu o estudo, à BBC.
De acordo com o pesquisador, as sociedades caçadoras-coletoras não costumam usar roupas, por isso, outras partes do corpo ficam expostas à aproximação e toque. Conforme repercutido pela Superinteressante, a única exceção são os inuítes, que descobrem apenas o rosto por causa do frio. Com isso, essa é a melhor parte do corpo em que o parceiro em potencial pode cheirar e beijar.
Benefícios do beijo para a nossa saúde
Além de ajudar a sentir o odor e os feromônios do parceiro, o beijo ativa hormônios e neurotransmissores em nosso cérebro, como a ocitocina, a dopamina e a serotonina.
Vale lembrar que a ocitocina é conhecida como “o hormônio do amor”. Ela está associada à forma como as pessoas se unem e confiam umas nas outras.
Já a dopamina é um neurotransmissor associado à motivação e recompensa. Ela está relacionada ao sentimento que a gente define como quando atingimos uma meta importante.
Enquanto isso, a serotonina ativada com o beijo é um neurotransmissor que desempenha um papel fundamental no humor. Ele está ligado à felicidade, e ajuda a regular outras funções do nosso corpo, como digestão, sono e saúde óssea.
O beijo também ajuda a combater o cortisol, hormônio que é liberado durante situações de estresse. Além disso, como o beijo também é resultado de momentos de felicidade, as endorfinas também são liberadas, sendo conhecidas como “hormônios do prazer”.
Fonte: Superinteressante, Olhar Digital