Estudo sugere que insetos podem sentir dor física

Sentir dor não é uma coisa boa. Nós evitamos aquilo que nos causa dor e temos meios de falar o que estamos sentindo. A dor é quase que um sentimento universal sentido por quase todos os seres vivos. No entanto, em alguns deles não é fácil estudar a percepção dela, como por exemplo nos insetos.

Algumas pesquisas sugerem que a dor pode estar relacionada com a emoção, e os insetos são vistos como animais guiados pelo instinto, por isso eles podem não vivenciar a dor da mesma maneira que os humanos.

Contudo, estudos recentes estão contestando essa ideia. Os cientistas da Queen Mary University of London, no Reino Unido, analisaram diferentes artigos e experimenos que já foram feitos sobre esse tema. Com isso, eles concluíram que sim, os insetos provavelmente sofrem toda vez que são vítimas de uma chinelada.

Dor

Casa prática qualitá

Entretanto, é preciso que dois conceitos sejam diferenciados, o de dor e o de nocicepção. A nocicepção é a detecção, através do sistema nervoso, de estímulos desagradáveis, como por exemplo, cortes, queimaduras ou contusões. Então, ela gera várias respostas físicas e psicológicas nos animais. Já a percepção da dor pode ser uma consequência da nocicepção.

Isso quer dizer que não é porque um pernilongo foge da chinelada que ele necessariamente sente dor quando é atingido. Até porque já se sabe que os insetos evitam o contato com aquilo que possa machucá-los. E estudos mostram que a sensação de dor pode ser regulada independentemente da nocicepção.

Por exemplo, nos mamíferos, os nociceptores enviam sinais para o cérebro quando detectam um estímulo nocivo. Quando isso acontece, os neurônios geram a sensação negativa e física da dor.

“Soldados às vezes não percebem ferimentos graves no campo de batalha porque os opioides do próprio corpo suprimem o sinal nociceptivo. Nós então nos perguntamos se o cérebro dos insetos teria mecanismos nervosos associados à experiência da dor, que vai além da nocicepção básica”, explicou a autora Matilda Gibbons ao portal britânico Newsweek.

Insetos

Tiendanimal

Mas os insetos não têm esses receptores de opiodes que ajudam os mamíferos a lidar com a dor. Eles produzem algumas proteínas durantes os eventos traumáticos que podem agir da mesma forma.

Um estudo de 2019 mostrou que as moscas drosófilas, que são bastante usadas em experimentos científicos, demonstraram sintomas de dor crônica quando elas tiveram sua perna amputada. No experimento feito nesse estudo, a perna oposta à que foi amputada ficou hiper sensível.

Mesmo com essas descobertas não dá para afirmar que todos os insetos têm a mesma percepção de dor. Contudo, diferentes estudos mostraram que talvez os insetos tenham sistemas de sensação de dor mais complexos do que se imagina.

Diminuindo

Galileu

Para as pessoas que não gostam de insetos pode, por um momento, acharem boa a notícia de que eles podem acabar. Mas acontece que eles são bastante importantes. Segundo uma análise científica, a extinção da população de insetos pode levar a um colapso catastrófico dos ecossistemas da natureza.

Enquanto alguns detalhes são debatidos pelos pesquisadores, a maioria deles concorda que o estilo de vida atual da população humana está claramente ligado ao número de insetos no mundo. A menos que alguma coisa seja feita rapidamente, nós podemos ter vários problemas no futuro.

Em vários artigos publicados nos últimos “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), os especialistas somaram o estado dos números dos insetos como uma medida de biomassa, números individuais e espécies. E não importa a maneira pela qual esse número seja visto. Ele é um problema que tem que ser resolvido.

De acordo com as estatísticas que são mais comuns de serem citadas, as estimativas de perda de biomassa de insetos giram em torno de 1 a 2% por ano. Esse é um número bem chocante, ainda mais quando as variações locais são levadas em consideração. Em alguns lugares essa perda chega a 10% ou mais anualmente.

“Eles também mostram que o declínio dos insetos não é universal, com perdas não aparentes em algumas outras regiões. Os estudos acrescentam urgência significativa ao caso de que precisamos desenvolver práticas agrícolas que apoiem populações de insetos saudáveis ​​e diversificadas”, disse o diretor da Escola Fenner de Meio Ambiente e Sociedade da Australian National University, Saul Cunningham, que não esteve envolvido com o estudo.

Felizmente, o declínio não é universal e em alguns lugares do mundo os insetos estão tendo seus dias de glória. Principalmente nos climas temperados. Nessas áreas, várias espécies estão crescendo, provavelmente, por conta do aumento das temperaturas que empurram as faixas de habitat na direção dos polos.

Fonte: Superinteressante, National Geographic

Imagens: Casa pratica qualitá, Tiendanimal, Galileu