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Esse homem da Idade do Bronze fez cirurgia no cérebro há mais de 3 mil anos

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A arqueologia é a ciência responsável por estudar culturas e civilizações do passado. E é através de suas descobertas que se pode compreender melhor como viveu determinado povo, quais eram seus hábitos e costumes. Até mesmo, o que levou ao seu fim. Com isso, várias coisas surpreendem os pesquisadores, como por exemplo, um tipo de cirurgia feita há mais de três mil anos.

A descoberta foi feita depois de os arqueólogos terem encontrado o lugar onde dois irmãos que viveram no século 15 a.C. foram enterrados. O que os surpreendeu foi ver que um deles tinha feito uma cirurgia no cérebro um pouco antes de morrer. Essa descoberta é o primeiro exemplo de trepanação ou craniotomia, ou seja, um tipo de cirurgia no crânio, que foi descoberta no antigo Oriente Próximo.

Essa cirurgia é feita cortando um buraco no crânio, e existem vários exemplos desse tipo de procedimento que data de milhares de anos.

Cirurgia

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No caso desses irmãos, eles viveram na Idade do Bronze entre 1550 a.C. e 1450 a.C. Seus restos mortais foram encontrados em uma escavação de uma tumba na antiga cidade de Tel Megiddo.

Quem passou pela cirurgia foi o irmão mais velho, que tinha entre 20 e 40 anos. Para fazer a trepanação angular entalhada, o couro cabeludo do homem foi cortado e depois um instrumento afiado com uma ponta chanfrada foi usado para fazer quatro linhas de interseção. Como resultado, elas formaram um buraco de 30 milímetros.

“Temos evidências de que a trepanação tem sido esse tipo de cirurgia universal e difundida há milhares de anos. Mas no Oriente Próximo, não vemos isso com tanta frequência – há apenas cerca de uma dúzia de exemplos de trepanação em toda a região. Minha esperança é que adicionar mais exemplos ao registro acadêmico aprofunde a compreensão de nosso campo sobre cuidados médicos e dinâmicas culturais em cidades antigas nesta área”, disse a autora do estudo, Rachel Kalisher, em um comunicado.

Além de autora, Kalisher também é doutoranda no Instituto Joukowsky de Arqueologia e Mundo Antigo da Brown University em Providence, Rhode Island, nos Estados Unidos.

Um fato curioso a respeito dessa descoberta é que os pedaços do crânio que foram retirados do homem foram colocados no túmulo. No entanto, essa não foi a única coisa incomum encontrada nos restos mortais desses irmãos.

Irmãos

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Segundo Israel Finkelstein, coautor do estudo e diretor da Escola de Arqueologia e Culturas Marítimas da Universidade de Haifa, há mais de quatro mil anos a cidade de Tel Megiddo era parte da Via Maris, que era uma rota terrestre importantíssima que conectava o Egito, a Síria, a Mesopotâmia e a Anatólia.

E como Tel Megiddo controlava parte dessa rota, ela era uma cidade cosmopolita e rica cheia de templos, palácios e fortificações. “É difícil superestimar a importância cultural e econômica de Megiddo no final da Idade do Bronze”, disse Finkelstein.

Como a tumba dos irmãos foi descoberta em um local adjacente a um palácio, os pesquisadores acreditam que eles eram parte da elite ou até mesmo da realeza. Além do local, os irmãos foram enterrados com comida, cerâmica cipriota e outros bens valiosos.

Enquanto estavam vivos, os dois estavam bastante doentes. Tanto é que seus ossos são marcados por sinais de doença, como lesões extensas que sugerem condições crônicas. Porém, mesmo com as doenças, os dois conseguiram viver por muito tempo.

“Esses irmãos obviamente viviam com algumas circunstâncias patológicas bastante intensas que, nessa época, teriam sido difíceis de suportar sem riqueza e status. Se você é da elite, talvez não precise trabalhar tanto. Se você é da elite, talvez possa seguir uma dieta especial. Se você é da elite, talvez seja capaz de sobreviver a uma doença grave por mais tempo porque você tem acesso aos cuidados”, pontuou Kalisher.

Com as análises, os pesquisadores descobriram que o irmão mais novo morreu ou em sua adolescência ou no começo dos 20 anos, provavelmente por conta de tuberculose ou hanseníase. Já o irmão mais velho, que tinha um molar extra, pode ter sofrido com condições genéticas como a displasia cleidocraniana que afeta dentes e ossos.

Mesmo sabendo disso, os pesquisadores não conseguem dizer o motivo do irmão mais velho ter precisado da cirurgia no cérebro. Na época, ela era feita para aliviar a pressão no crânio ou para o tratamento dos sintomas de sinusite ou epilepsia.

“As evidências esqueléticas nos dizem que esse indivíduo suportou a doença por um tempo prolongado, que, assumindo que não foi tratada, provavelmente progrediu. Esse indivíduo de elite teve o privilégio de suportar uma infecção por um longo tempo e também passou por uma operação craniana de alto nível, o que nos leva a postular que a trepanação foi feita em resposta direta a um estado de declínio”, disse Kalisher.

Ainda existem dúvidas a respeito da trefinação antiga, as quais os pesquisadores planejam responder.

Fonte: CNN

Imagens: CNN

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