Estudo revela que espécie de tubarão é exposta à cocaína em águas brasileiras

Avatar for Mayara MarquesMayara MarquesSaúdejulho 23, 2024

Em um estudo publicado na revista Science of the Total Environment, cientistas brasileiros revelaram evidências de que tubarões foram expostos à cocaína no mar, nas águas do Rio de Janeiro.

De acordo com o estudo, encontraram 13 tubarões (Rhizoprionodon lalandii) com vestígios da droga nos músculos e no fígado.

Os investigadores queriam saber se aquelas espécies de tubarões poderiam estar expostas à cocaína no mar, pois passaram a vida inteira em águas próximas da costa.

Mas segundo a revista Science, o biólogo Enrico Mendes Saggioro, do Instituto Oswaldo Cruz, sugere que esses animais podem estar entre os que comumente absorvem esse medicamento, seja na água, nos peixes que comem ou nas embalagens de remédios.

Diferentemente dos predadores mais famosos, as populações desse tipo de tubarão brasileiro costumam se formar por adultos pequenos e pequenos, com cerca de 52 cm de comprimento e pesando menos de um litro de leite.

Via Animalia

Estudo

Assim, a equipe de pesquisa buscou 13 tubarões de pequenos barcos pesqueiros especializados na captura desta e de outras espécies. Depois de dissecar os animais em laboratório, os cientistas realizaram testes em tecidos musculares e hepáticos por meio de uma técnica chamada cromatografia com espectrometria de massa.

Todas as amostras testaram positivo, em concentrações 100 vezes superiores às relatadas em outros organismos aquáticos.

As fêmeas analisadas estavam todas grávidas, mas não se sabe quais os efeitos que a exposição à cocaína pode ter no recém-nascido. Outra preocupação que surgiu neste estudo é a presença de uma substância no fígado de tubarão, que pode interferir na produção de vitelogenina, proteína que altera a gema do gameta.

Por outro lado, a análise também mostrou que a cocaína não teve efeito no comportamento dos tubarões.

Saggioro e colegas enfatizam a necessidade de mais experimentos desse tipo para entender melhor as origens dessa droga. Por fazerem parte da dieta popular brasileira, esses peixes podem representar sérios riscos à saúde, se estiverem contaminados.

Via Wikimedia

Contaminação

A presença de cocaína no mar, que eventualmente contaminou os tubarões, pode ter várias origens. Os pesquisadores ainda não possuem uma hipótese concreta, mas algumas possibilidades surgem na análise.

Inicialmente, o mais óbvio seria um descarte direto de drogas, por conta do tráfico ou de usuários. Descartar substâncias ilegais no mar seria uma forma de evitar a apreensão por autoridades. Além disso, pacotes de drogas podem ser jogados ao mar durante perseguições ou operações policiais.

Por outro lado, também existe a chance de descarte indireto. Por exemplo, por meio do esgoto e efluentes urbanos. O consumo humano de cocaína ou o descarte nas privadas resultaria na presença da cocaína no mar por meios indiretos.

Mesmo com tratamento de esgoto, algumas quantidades de drogas e seus metabólitos podem passar pelos processos de tratamento e acabar no oceano.

Enquanto isso, a contaminação de rios e estuários também é uma possibilidade. A cocaína e outros poluentes podem ser transportados de áreas urbanas para os oceanos através de rios e estuários.

Águas de rios poluídos com efluentes industriais e esgotos não tratados podem carregar essas substâncias até o mar. E o Brasil possui várias vias que se enquadram nesse quesito de poluição, sem o tratamento adequado.

Outras alternativas envolvem ação humana direto no mar. É o caso de embarcações que transportam drogas ilegalmente, e podem liberar pequenas quantidades em várias formas. Seja por despejo acidental, lavagens ou descarte em busca de fuga, todas as opções levariam a uma contaminação animal.

De toda forma, o descarte inadequado de resíduos ilegais, que podem conter drogas ou resíduos de drogas, eventualmente se decompõe e liberam substâncias químicas que acabam escoando para corpos d’água, como o mar.

Mais detalhes e pesquisas ajudarão a entender a origem da droga e quais os efeitos a longo prazo nos tubarões.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Animalia, Wikimedia

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