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Golfinhos já apresentam resistência a antibióticos

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Não é novidade que humanos já apresentam resistência a alguns antibióticos. Isso se dá por conta do uso indiscriminado desses remédios que, se usados sem orientação, fortalecem bactérias e as deixam mais difíceis de serem combatidas, originando as “superbactérias”. No entanto, para a nossa surpresa, esse feito também já ocorre em golfinhos. É isso mesmo, esses animais estão resistentes a alguns tipos de antibióticos.

Uma pesquisa do Instituto Oceanográfico Harbor Branch da Universidade Atlântica da Flórida, em colaboração com o Aquário de Geórgia, com a Universidade de Medicina da Carolina do Sul e com a Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, examinou microorganismos causadores de doenças presentes em amostras de fezes, fluidos gástricos e até do nariz de golfinhos (aquele famoso “buraquinho” no topo da cabeça do animal). 

As amostras foram coletadas entre 2003 e 2015 em mais de 170 golfinhos da espécie Tursiops truncatus, que vivem em um conjunto de lagoas da Flórida chamado Indian River Lagoon. O local foi escolhido para estudo devido aos problemas ambientais enfrentados na região, que sofre com o descarte de resíduos nas lagoas. 

A contaminação de águas e, consequentemente, de golfinhos, pode ser explicada por conta dos resíduos de antibióticos expelidos pela urina de humanos e animais. Há décadas é uma prática comum da indústria alimentícia dar o medicamento a bois, frangos, porcos e outros animais para que fiquem mais resistentes às doenças e cresçam mais rapidamente. Essa prática é a responsável por transformar os golfinhos resistentes às substâncias.

golfinhos

Pixabay

É possível que esses antibióticos, administrados a humanos ou animais, estejam passando pelas estações de tratamento de águas residuais. Grande parte dos tratamentos de esgoto que se tem hoje não são projetados para a remoção de antibióticos. Consequentemente, essas substâncias terminam nos rios e oceanos e os golfinhos (e possíveis outros animais) são expostos a uma mistura de produtos químicos.

O estudo

“Em 2009, relatamos uma alta prevalência de resistência a antibióticos em golfinhos selvagens, o que foi inesperado”, explicou Adam M. Schaefer, principal autor e epidemiologista do Instituto Harbor Branch. “Desde então, acompanhamos as mudanças ao longo do tempo e descobrimos um aumento significativo na resistência a antibióticos nesses animais isolados. Com base em nossas descobertas, é provável que esses casos em golfinhos tenham se originado de uma fonte onde antibióticos são usados regularmente, potencialmente entrando no ambiente marinho através de atividades humanas ou descargas de fontes terrestres”, completou Schaefer.

Os resultados do estudo, publicado na revista científica Aquatic Mammals, mostram que a prevalência geral de resistência a pelo menos um antibiótico nos golfinhos estudados foi de 88,2%. A prevalência de resistência foi maior à eritromicina (91,6%), seguida por ampicilina (77,3%) e cefalotina (61,7%). A resistência à ciprofloxacina nas E. coli mais do que duplicou entre os períodos de amostragem, o que também reflete a tendência recente em infecções clínicas humanas. 

Para o vice-presidente sênior e chefe de veterinária do Aquário da Geórgia, Gregory D. Bossart, “a Avaliação de Riscos em Saúde e Meio Ambiente — ou Projeto HERA— ajudou a descobrir que a resistência bacteriana a antibióticos nos golfinhos-nariz-de-garrafa é algo muito difundido”. Bossart completou dizendo que “através do HERA, fomos capazes de fornecer um grande banco de dados de informações para continuar aprendendo com esses animais impressionantes. A resistência a antibióticos é um dos riscos mais significativos para a saúde pública. À medida que ela aumenta, a probabilidade de tratar com sucesso infecções causadas por patógenos comuns diminui.”

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