Desde a alfabetização, ouvimos que a leitura nos faz bem. Ler muito é sinal de uma pessoa inteligente e capaz de raciocinar rapidamente, segundo o imaginário popular. No entanto, será que isso é verdade? De acordo com a ciência, ler romances certamente afeta o cérebro, só falta saber como.
Vale destacar que ler romance não faz mal ao cérebro e nem estamos falando de uma história de amor. O romance aqui é a forma literária pertencente ao gênero narrativo e que apresenta uma história completa composta por enredo, temporalidade, ambientação e personagens definidos de maneira clara, segundo Daniela Diana, professora licenciada em Letras.
Assim sendo, a leitura afeta o cérebro para melhor. Isso porque ler faz com que seu cérebro fique mais ágil na capacidade de compreensão de texto e ainda te dá a habilidade de se transportar para o corpo do protagonista. Biologicamente falando, realmente nos colocamos no lugar do personagem.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade Emory convidaram 19 voluntários para o estudo. Então, durante um período de cinco dias, eles escanearam o cérebro de todos os participantes. A partir do sexto dia, começaram a leitura de Pompeii, de Robert Harris.
Assim, por nove dias, todos tinham que ler 30 dias por noite – obrigatoriamente. Para provar que realmente leram, respondiam a questionários diários sobre a obra do autor inglês. Pelas manhãs, iam ao laboratório para escanear o cérebro. No final do período de leitura, os voluntários voltaram por mais cinco dias e tiveram seus cérebros analisados novamente.
Dessa forma, a série de exames de ressonância magnética mostrou o que acontece no cérebro de quem lê. Primeiramente, há um aumento entre as conexões no córtex temporal esquerdo, associado à capacidade de compreensão da linguagem. Além disso, mudanças em outras conexões sugerem que o cérebro do leitor, durante um pensamento sobre a ação (seja durante ou após a leitura de um trecho), imita a conectividade, como se nós estivéssemos vivendo aquilo.
Logo, o simples fato de pensar em nadar, correr ou pular pode desencadear as mesmas reações cerebrais que uma atividade física na vida real. “As alterações neuronais que descobrimos associadas com a sensação física e os sistemas de movimento sugerem que ler um romance pode transportar você para o corpo do protagonista”, explica Gregory Berns, um dos autores da pesquisa. “Nós já sabíamos que boas histórias podiam colocar você no corpo de alguém, no sentido figurado. Agora estamos vendo que alguma coisa pode estar acontecendo biologicamente”.
No entanto, ainda não se sabe por quanto tempo esses efeitos duram após a leitura. Então, o melhor a se fazer é ter o hábito de leitura.
Importância da leitura
“Na maioria das vezes não nos damos conta de como o hábito da leitura é importante em nossa vida”, aponta a bibliotecária do Colégio Puríssimo Karina Franzo.
“A leitura estimula o raciocínio, melhora o vocabulário, aprimora a capacidade interpretativa, além de proporcionar ao leitor um conhecimento amplo e diversificado sobre vários assuntos. Ler desenvolve a criatividade, a imaginação, a comunicação, o senso crítico, e amplia a habilidade na escrita”.
“Quando se inicia o processo de alfabetização toda letrinha é motivo de inspiração, e a criança mergulha nessa descoberta, lendo tudo que vê pela frente. Com o passar dos anos essa curiosidade muitas vezes diminui e se não incentivarmos a leitura, ela não permanecerá de maneira constante na vida do indivíduo. Já na fase adulta, voltamos a nos interessar por determinados assuntos e retornamos à leitura por prazer, seja para adquirirmos conhecimento, para reduzir o stress ou estimular reflexões.”
“Como já dizia Monteiro Lobato ‘Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê'”. Já, de acordo com a Universidade do Povo, “a leitura faz com que sua mente trabalhe em diferentes áreas. Para começar, envolve compreensão para processar as palavras que você lê. Além disso, você pode usar suas habilidades analíticas, estimular memórias e até ampliar sua imaginação lendo palavras de uma página.”
“A leitura é um processo neurobiológico que trabalha os músculos do cérebro. Ao fazer isso, você pode ajudar a retardar o declínio cognitivo e até diminuir a velocidade com que a memória desaparece. Cientistas da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descobriram que a leitura reduz o nível de beta-amilóide, que é uma proteína no cérebro que está ligada à doença de Alzheimer. Quem sabia que a leitura poderia ter benefícios físicos, psicológicos e espirituais?”.
Fonte: Superinteressante