Ciência e Tecnologia

Mini cérebros com células humanas conseguem jogar videogame

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Uma equipe de cientistas australianos realizaram um experimento que tem repercutido mundo afora. Um sistema de células cerebrais foram cultivadas em laboratório e estimuladas por um microeletrodo para serem ensinadas a jogar um jogo de videogame. Pode parecer cena de filme, mas é bem real! 

A experiência foi feita no laboratório Cortical Labs. A startup de biotecnologia usou entre 800 mil a um milhão de células cerebrais humanas vivas durante o experimento. Na realização deste, a massa de células cerebrais ficavam sobre uma placa de Petri, que é uma espécie de prato de vidro ou de plástico, em um ambiente controlado para cultivo de células.

Com isso, os mini cérebros foram conectados a uma realidade simulada na qual conseguiram jogar uma forma simplificada do clássico game Pong. Os DishBrains (como são chamados os sistemas de células cerebrais) se sentiam como parte do jogo e, de fato, jogavam. 

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A criação é um tipo de chip híbrido biotecnológico. Como as células são cultivadas em matrizes microeletrônicas, os pesquisadores conseguem estimulá-las com pulsos elétricos. Dessa forma, elas conseguem aprender e também podem se reestruturar para se adequar a alguns possíveis problemas. 

Por meio dos eletrodos, elas desenvolvem estímulos elétricos seguindo a dinâmica do game, no qual uma barrinha precisa rebater uma “bolinha”, numa versão bem rudimentar de tênis. Brett Kagan, chefe do projeto, explicou que os DishBrains aprenderam a jogar em somente cinco minutos. 

Em contrapartida, uma inteligência artificial (IA) precisou de uma hora e meia para isso. Essa experiência evidencia o fato de que um neurônio humano pode aprender mais rápido do que uma inteligência artificial. Ainda assim, existe o fato de que uma inteligência artificial se tornaria melhor naquilo depois de aprender. 

Com aperfeiçoamento, uma IA consegue reproduzir exatamente aquilo que lhe é proposto, mesmo que leve tempo. No entanto, a verificação de que mini cérebros podem aprender e executar de forma rápida é um passo importante na ciência e, muito provavelmente, será incorporada a novos experimentos.

O estudo que testa os limites das células cerebrais foi publicado na plataforma virtual BioRxiv. “Costumamos dizer que é como se eles estivessem vivendo na Matrix”, explicou Kagan, em referência ao filme de 1999, no qual humanos vivem em uma realidade simulada. O chefe do projeto salientou também que “quando estão no jogo, (os minicérebros) acreditam que são a raquete (do game)”. 

No esquema do jogo, um sinal era enviado para a direita ou esquerda da matriz para indicar onde a bola estava, e os neurônios das células cerebrais enviavam sinais de volta para mover a raquete. Ainda segundo o chefe do projeto, os pesquisadores envolvidos esperam que a experiência seja o primeiro passo para desenvolver tecnologias sofisticadas.

O objetivo é que elas passem a usar neurônios biológicos vivos e integrados à computação tradicional. Daqui há algum tempo, espera-se que computadores com capacidades cerebrais resolvam “problemas em situações não familiares”, como informado pela equipe do Cortical Labs. 

A experiência realizada com células cerebrais deixa mais perto a realidade tão explicitada em filmes: robôs autônomos, que conseguem realizar diversas funções e se adaptar a situações. Esse processo, no entanto, deve ser realizado com cautela e com o devido tempo de análise de cada experimento.

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