O exército de Mianmar assumiu o poder no país nesta segunda-feira, 01. Os militares, conforme noticiado pela imprensa internacional, tomaram prédios do Parlamento, bloquearam a internet, suspenderam todos os voos e prenderam líderes do governo, incluindo a líder política Aung San Suu Kyi que, em 1991 ,ganhou o Nobel da Paz – e o presidente do país, Win Myint.
O golpe militar veio logo após os militares alegarem “enormes irregularidades” nas eleições parlamentares de novembro do ano passado. De acordo com o exército, tais irregularidades não foram solucionadas pela Comissão Eleitoral. “Como a situação deve ser resolvida de acordo com a lei, declara-se o estado de emergência”, afirma um comunicado divulgado.
Mesmo em meio ao cenário, que para muitos é extremamente caótico, uma resolveu gravar uma vídeo-aula de ginástica aeróbica no exato momento da chegada do comboio militar ao Parlamento. O impressionante vídeo, no qual mostra a mulher avessa aos acontecimentos, viralizou nas redes sociais.
https://youtu.be/dzFny41BN2s
Golpe Militar em Mianmar
Eleito em 2015, por meio de uma votação livre e justa, o partido Liga Nacional para a Democracia (NLD) administrou bravamente o país por cinco anos. Assim como eleição anterior, na de novembro de 2020, o partido venceu novamente e, desta vez, com 83% dos votos. Se não fosse pelo golpe militar, o partido iniciaria seu segundo mandato na manhã desta segunda-feira, 01.
As Forças Armadas de Mianmar anunciaram o controle do país via televisão, por um canal cuja concessão pertence aos militares. A notícia veio uma década depois que o exército concordou em entregar o poder a um governo civil. Obviamente, a situação, como expõe a mídia, é alarmante, afinal, o golpe espalhou medo por todo o país, que superou quase 50 anos de governos militares, antes de viver um governo democrático, em 2011.
De acordo com um dos apresentadores que anunciou o golpe militar, as Forças Armadas conseguiram obter o controle sobre Mianmar graças a uma lei da Constituição de 2008, a qual garante um quarto de todas as cadeiras no Parlamento, assim como o controle dos ministérios mais poderosos do país.
Alegações de fraude
Para consagrar o resultado das eleições de novembro de 2020, o Parlamento do país iria realizar ontem, 01 de fevereiro, a primeira sessão. No entanto, a oposição, que, basicamente, recebe um forte apoio militar, alegou “enormes irregularidades” nas eleições parlamentares.
Os argumentos foram expostos via comunicado, que foi assinado e divulgado pelo recém-instalado presidente em exercício para justificar a posse de emergência do estado, o qual, de acordo com os veículos de comunicação, ficará em vigor por um ano.
“A UEC [comissão eleitoral] falhou em resolver grandes irregularidades nas listas de eleitores na eleição geral multipartidária realizada em 8 de novembro de 2020”, disse Myint Swe, um ex-general.
Mesmo os militares expondo supostas fraudes nas eleições, sabe-se, até o momento, que há poucas evidências que validem tais alegações. De todas as formas, vale frisar um detalhe importante: enquanto a Constituição permanecer a mesma, os militares mantêm algum controle sobre o país.
Agora, o que nos resta, é aguardar… Até porque, o partido Liga Nacional para a Democracia (NLD), mesmo assumindo o poder, dificilmente conseguiria alterar as controversas presentes na Constituição de 2008, pois qualquer modificação, para ser feita, requer o apoio de, no mínimo, 75% do Parlamento e militares controlam ao menos 25%.
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