Mulher espalha 20 kg de sal grosso na calçada para espantar caramujos

Caramujos, tão lentos, impossíveis de incomodar alguém, certo? Errado! Em Teresina, capital do Piauí, os moradores da Rua Coronel José Fialho não sabem mais o que fazer diante da infestação desse molusco. Dentro e fora das casas, o animal se aloja com extrema facilidade.

Sendo assim, além do incômodo de pisar em um gosmento caramujo, os cidadãos temem as doenças que podem vir com a convivência deles no ambiente. Por isso, uma moradora comprou 20 kg de sal grosso para espalhar pela calçada, em uma tentativa desesperada de controlar a população do molusco.

Fonte: Sinan Önder

Escargot urbano

Na rua Coronel José Fialho, no bairro Gurupi, toda noite é a mesma história. Os caramujos saem de suas tocas e começam a se deslocar pelas calçadas das casas da região. Em entrevista para a TV Globo, a dona de casa Maria da Conceição Oliveira relata bem a rotina noturna do lugar: “De manhã, por volta das 5h, a rua fica infestada, difícil até da gente fazer caminhada. À noite, a partir das 18h, muito, muito mesmo, uma coisa horrível. Eu virei uma catadora de caramujo.”

A propósito, a disseminação desse molusco não é uma tarefa muito difícil, pois ele é uma espécie exótica. Ou seja, aqui não há predadores e nem parasitas para ele, o que facilita a formação de superpopulações. Quem trouxe os caramujos para cá foram empreendedores culinários que acreditavam que o escargot se tornaria um prato popular brasileiro. Tem quem coma, mas não em um volume de consumo capaz de barrar a infestação deste bicho.

Dessa forma, cabe a Maria da Conceição recolher os moluscos e colocá-los em um balde. Assim, ela acredita que aos poucos vai diminuir o número de visitantes noturnos nada convenientes. “Ontem eu catei meio balde de caramujos. O desespero tá tão grande que peguei algumas informações na internet e comprei sal grosso. Comecei a colocar na rua, pra que a gente tenha paz pelo menos pra andar na rua quando quiser”, desabafa ela.

Fonte: Castorly Stock

Nesse sentido, o volume de sal grosso adquirido pela dona de casa foi de 20 quilos. A estratégia faz sentido pois o tempero tem o poder de desidratar o caramujo, o qual depende da umidade de seu corpo para respiração e locomoção. No entanto, mesmo com a sua ação individual, ela requisita o apoio das autoridades no combate a essa situação.

Perigo rastejante

O subtítulo pode dar a entender que falaremos das temidas serpentes. Todavia, ainda estamos tratando dos caramujos. Isso porque este animal tem a capacidade de transmitir perigosas doenças através de seu contato com a água que bebemos e com o alimento que comemos.

As duas principais são a esquistossomose e a meningite eosinifílica. Basicamente, no primeiro caso as larvas do verme Schistosoma mansoni usam os caramujos dos rios para saírem da forma de larva e se tornarem uma cercária. Esses seres nadam na água e podem se ingeridos pelos seres humanos.

Fonte: University of Bethesda

Uma vez no organismo do sujeito, o verme gera febre, dor de cabeça, tosse, dor muscular, suores e diarreia. Com o desenvolver do ser vivo dentro do nosso corpo, os problemas se agravam, chegando a quadros de tonturas, palpitações e impotência. No entanto, o estágio mais grave se dá quando fígado aumenta de tamanho, o que fica perceptível através da elevação do volume do abdômen.

Por outro lado, o ciclo de infecção da meningite eosinifílica tem a presença de ratos no meio do caminho. Em síntese, os caramujos ingerem as fezes de roedores contaminadas com o verme A. cantonensis. Sendo assim, o ser humano entra nessa cadeia de transmissão ao consumir moluscos crus ou quando ingerem o muco do molusco de alguma forma.

Como resultado disso, as larvas se alojam na membrana que protege o cérebro (meninge), e lá gera a infecção. A propósito, existe o risco do verme se dirigir aos olhos do paciente através da corrente sanguínea, gerando assim distúrbios visuais.

Por isso, a recomendação dos especialistas em saúde pública é que as pessoas higienizem os alimentos que consumir, pois nunca se sabe se um caramujo passou por ali com seu muco.

Fonte: G1, Drauzio Varella.

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