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Parasita que controla mentes faz hienas se aproximarem de predadores

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Como os filhotes de hienas são bastante apreciados na alimentação de leões, esses animais aprendem, desde o nascimento, a manter distância dos predadores. O início da vida das hienas costuma ser sempre perto dos pais, que lhes oferecem proteção e alimento. No entanto, um estudo publicado na revista científica Nature Communications indicou que hienas infectadas com o parasita Toxoplasma gondii se aproximam mais dos leões e têm quatro vezes mais chance de serem mortos. 

Os dados foram coletados por longos anos na Reserva Nacional Masai Mara, no Quênia. Os estudos mostram que filhotes de hiena não infectados costumam ficar a uma distância média de 90 metros dos leões. Já os que tinham anticorpos contra toxoplasmose chegam a uma distância média de 40 metros. Esses indícios mostram como o parasita pode controlar os comportamentos dos animais e “atirá-los” para a morte.

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No entanto, depois que os filhotes completam um ano de vida, essa distância mais curta deixou de ser observada na reserva nacional. Segundo os pesquisadores, esse fato pode demonstrar que os sobreviventes aprendiam a não se aproximar muito dos leões. Essa foi a primeira vez que o efeito do toxoplasma foi observado em mamíferos selvagens. 

“Fiquei surpresa ao ver a grande diferença na distância que os filhotes infectados mantinham dos leões em comparação aos não infectados”, afirmou Kay Holekamp, ecologista comportamental da Universidade Estadual do Michigan e coautora do estudo. A pesquisa também mostra que esse parasita, geralmente não fatal e que pode infectar uma variedade de animais causando toxoplasmose, tem maior influência no comportamento de animais selvagens do que se pensava. 

O parasita nas hienas

O Toxoplasma gondii é famoso por sua capacidade de manipular seus hospedeiros, como os camundongos, para que se comportem de forma imprudente na presença de felinos, como os gatos domésticos. Observando a forma como o parasita age também em hienas, aproximando-as dos predadores, Holekamp afirmou que “é possível que seja um fenômeno muito mais disseminado”, ou seja, que aconteça também com outros animais.

Os longos estudos envolvendo o parasita puderam constatar que roedores com toxoplasmose consideram “irresistivelmente atraente” o odor da urina de gato e isso pode aproximá-los de um felino faminto. Não há comprovações se as hienas se aproximam dos leões por conta do cheiro da urina, mas o fato é que elas se aproximam e ficam suscetíveis à morte.

Essa aproximação perigosa acontece, tanto em roedores quanto em hienas, porque o toxoplasma se reproduz no intestino dos felinos. Por esse motivo, leva o hospedeiro para a morte para que possa se reproduzir tranquilamente. Apesar disso, não se sabe se os filhotes de hiena contaminados também são mais ousados com outros predadores, felinos ou não. Segundo Holekamp, essa é uma questão que amplia muito o estudo e já está sendo investigada. 

O toxoplasma nos humanos

O toxoplasma é um parasita unicelular que infecta pelo menos um terço da população humana mundial. Esse parasita é o responsável pela doença toxoplasmose, que é transmitida para os humanos pela carne ou pelas fezes de animais como gatos, bois, porcos, cabras e outros, quando estão contaminados.

No organismo humano o parasita se multiplica e ataca os órgãos, podendo provocar uma infecção generalizada. Podem aparecer também deficiências neurológicas, inflamações nos olhos, complicações musculares, hepatite, pancreatite.

A maioria das pessoas que contrai toxoplasmose apresenta febre baixa e se recupera rapidamente, embora o parasita possa causar defeitos congênitos graves em fetos, razão pela qual as grávidas são aconselhadas a não limpar a caixa de areia de seus gatos. Mas também há evidências intrigantes, embora controversas, de que a doença pode fazer as pessoas correrem mais riscos, como dirigir de forma imprudente ou abrir um novo negócio.

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Stefanie Johnson, pesquisadora da Universidade do Colorado, afirma que o estudo apresenta as estratégias do parasita para controlar seus hospedeiros, mas que ele pode agir de outras formas que ainda não foram descobertas. “Isso confirma que o toxoplasma exerce fortes efeitos no comportamento dos mamíferos. É um parasita que as pessoas pensam ser bastante inofensivo, especialmente em humanos, mas quando consideramos alguns dos efeitos observados, o toxoplasma pode estar causando sérios impactos no comportamento humano, até mesmo em nível social”, afirma a pesquisadora.

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